O TREM FANTASMA (Republicação)

 

Alana acordou bem cedinho, teria que viajar para o interior do estado, onde trataria de assunto relacionado a um novo emprego. Estava bastante alegre com essa viagem, pois poderia mudar totalmente o rumo de sua vida. Fez um café rápido, fritou um ovo e comeu com pão e bolachas. Olhou o relógio na parede da cozinha, marcava cinco horas em ponto, o que fez ela se apressar, pegando a bolsa que arrumara na noite anterior e dirigindo-se para a estação ferroviária que ficava a uma quadra de sua casa. Ainda estava escuro, o que a impressionou, pois geralmente a essa hora o sol já dar sinais de sua claridade apesar de não aparecer. Alana seguiu pela rua deserta, não se via uma viv’alma pelo caminho, o que a deixou um pouco temerosa. Chegou na estação e aguardou a chegada do trem, embarcando exatamente às cinco e quinze, por pouco não perdendo a viagem, ainda estranhando o dia não ter amanhecido.

 

Tomou seu lugar no vagão e olhou pela janela através do vidro um pouco embaçado. Lá fora percebeu que algumas pessoas de branco que pareciam acenar para ela, mas não reagiu, apenas observou curiosa. Antes essas pessoas não estavam na estação e nem tão pouco desceram do trem, que já seguia viagem. Alguns minutos depois Alana notou que estava sozinha naquele vagão e não lembrava se quando entrou existiam pessoas ali. Não se preocupou, afinal o trem já desenvolvia uma certa velocidade e dentro de poucas horas chegaria ao seu destino. Pegou um livro na bolsa e começou a ler para se distrair um pouco já que a viagem era longa, olhando sempre pela janela para ver se o dia amanhecera e nada. De repente as luzes do vagão se apagaram e Alana sentiu medo, estava sozinha e não tinha a quem pedir ajuda caso precisasse. Ouviu vozes e nesse momento a energia foi restabelecida. Ela assustou-se ao ver pessoas no vagão, todas conversando, todas de branco e por incrível que pareça as mesmas pessoas que vira na estação fora do trem, o que a deixou surpresa. Seu coração bateu forte, sentiu-se só apesar de estar em meio a várias pessoas, todas alegres e conversando animadamente. Olhou pela janela e viu que permanecia escuro. Consultou o relógio, já eram quase sete horas da manhã e se perguntou por que o sol ainda não saíra. Quem poderia lhe dar a resposta? Ninguém, pois o vagão estava novamente só com a sua presença. Cadê as pessoas? Para onde foram? Levantou-se, reunindo forças e coragem, percorrendo os outros vagões e percebendo que também estavam vazios. Teve vontade de gritar, de chorar, mas se não existia ninguém ali quem iria lhe socorrer? Nesse momento o trem parou e as luzes se apagaram, deixando Alana confusa. Consegiu vencer o medo e se preparou para desembarcar, percebendo que finalmente o dia amanhecia. A porta de saída estava trancada e mesmo com todo esforço não conseguia abrí-la. Bateu insistentemente, gritou e fechou os olhos, mas nada acontecia. Enfim ouviu uma voz que lhe pedia calma e o som de um despertador estridente que a fez despertar de um sonho indesejável. Deu graças a Deus quando se deu conta de que era apenas um sonho. Olhou o despertador na cabeceira de sua cama que marcava cinco horas e o dia já estava quase amanhecendo. Lembrou-se da viagem que faria ao interior do estado onde iria tratar do seu novo emprego. Sua mãe estava ao seu lado acalmando-a.

 

 

(Publicado originalmente em 14/01/13)

 

 

Moacir Rodrigues
Enviado por Moacir Rodrigues em 13/09/2023
Reeditado em 13/09/2023
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