Proposta

Ele entra, senta-se.

Finge tranquilidade mas, as mãos não param. Os olhos não param.

Pois não, diz o detetive.

Você é detetive, conclui ele. Que tipo?

Sou bom em achar coisas perdidas. Objetos, documentos, marido, esposa.

Algum caso grande?

O detetive dá de ombros. Pra mim todo caso é caso, nem pequeno nem grande.

Ele coça o queixa, avaliando. E o inverso? Esconder coisas.

O detetive não entende.

Ele se contorce como se buscasse a explicação nos bolsos do paletó. Por fim se ajeita na cadeira, suspira. Tenho coisas a esconder, entende?

Que coisas? Dinheiro, joias, gente?

Eu.

Você.

Sim. Eu. Preciso sumir sem sumir, capitche?

Forjar sua morte.

Forjar minha morte.

Está endividado?

Isso importa?

Está endividado e quer sumir. Falando parece fácil mas, não é. Vá por mim. Já tentei.

Eu sei, por isso vim aqui.

O detetive se levanta. Vai até a janela. Espia pelas persianas. Volta e se senta.

O que o faz pensar...

Sim ou não?

Se eu dizer não?

Eu me levanto e vou embora. Acharei quem faça.

Quanto está disposto a pagar?

Ele fala.

O detetive pega o telefone. Dá uma ordem direta. A sala se enche de sombras e formas.

Ele se assusta, grita, pula, tenta um ataque mas, é agarrado e arrastado para fora.

Viu como sou bom em achar coisas? diz o detetive pra uma das formas escuras que assente e lhe paga.

Wenderson M
Enviado por Wenderson M em 17/08/2023
Reeditado em 17/08/2023
Código do texto: T7863680
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