Se você precisar de carona...
Estou chocada! Ou melhor, perplexa. Melhor ainda, apavorada...
Meu nome é Laura e o que eu vou contar é somente para quem tem o coração forte, pois pessoas de índole frágil podem passar mal... muito mal. Tudo começou quando eu aceitei o convite para uma festa na casa de amigos na Praia dos Ingleses. Tudo estaria perfeito se o Francisco, meu marido, não precisasse do carro naquele sábado em específico. Fiquei sem o carro e sentindo-me cansada para ir de ônibus, perguntei a minha amiga Ana se ela teria carona para o evento.
- Oi, Ana, você vai amanhã ao Sarau? Estarei sem carro...
Sempre extremamente gentil, minha querida amiga Ana logo me confortou confirmando que seu amigo Gilmar literalmente implorara para lhe dar uma carona e mostrou-me inclusive as palavras por ele usadas:
- Se você precisar de carona avisa antes, daí eu passo num local que a gente combinar. De repente na tua casa...
Ana tinha certeza que o Gilmar não se importaria de levar-me junto de carona também. Ficou, portanto, tudo acertado. Contudo, alguns minutos antes do Gilmar chegar para nos buscar, o Francisco recebeu mensagem cancelando o seu compromisso e mostrou-se desejoso de participar do Sarau. Decidimos ir, então, em nosso próprio carro e assim ficarmos mais livres quanto ao horário do retorno. Bem quando contávamos o fato para Ana já no jardim de nosso edifício, o Gilmar chegou. Em meio a risadas pela mudança inesperada de planos, nos despedimos certos de nos reencontrarmos na festa.
O Francisco e eu acabamos chegando antes à casa de nosso anfitrião e contamos aos amigos que a Ana e o Gilmar logo chegariam, pois saíramos juntos de casa. No entanto, o tempo foi passando e nada dos dois chegarem. Até piadinhas começaram a surgir. Lá dentro de mim, confesso que fiquei preocupada, estavam demorando mais do que o normal. Respirei aliviada quando, finalmente, avistamos o carro do Gilmar aproximando-se da casa. Tudo estava bem!
Entretanto, para surpresa geral, ninguém descia do carro. Os amigos perceberam a demora e um grupo se formou para observarmos quando o Gilmar e a Ana sairiam do carro ali parado no estacionamento para os visitantes. Se aquilo fosse brincadeira, já estávamos todos chateados. O tempo passou, passou e nada! Não sabíamos o que fazer. Até que eu me desesperei e resolvi que deveríamos ir lá averiguar o que estava acontecendo. Afinal, brincadeira tem limite...
Alguns amigos nos acompanharam até o carro. Lá chegando, começamos a chamá-los com gargalhadas como se tudo não passasse de uma baita zombaria. Nenhum sinal de vida. Devido à forte película nos vidros, era impossível enxergar o lado de dentro. Então, todos nós nos preocupamos de verdade. Tentei abrir a porta do lado da minha amiga Ana. Não consegui. O Francisco forçou a porta do Gilmar até conseguir abri-la...
O carro estava vazio.