ECOS NA CAVERNA

 

 

   Bruno e Letícia foram passar o fim de semana nas montanhas, onde acampariam, queriam fazer uma coisa diferente, mesmo sem terem muita experiência. Saíram na sexta-feira a tarde e em cerca de três horas estavam em um local onde poderiam deixar o carro e seguir o resto do trajeto a pé, no veículo era impossível. Pegaram o que era necessário para armarem a barraca e os mantimentos e ganharam os caminhos tortuosos em busca de aventura.

 

   No local escolhido se instalaram, armaram a barraca e guardaram os mantimentos e objetos necessários para a sobrevivência. A noite já se aproximava quando já estava tudo pronto, procuraram galhos secos para uma fogueira apesar de possuírem lanternas para iluminação. Tudo estava perfeito, a lua clareava o ambiente silencioso e apenas um pequeno aparelho de som animava o casal que ali permanecia tranqüilo se esquentando junto a fogueira. Dormiram bem, antes comemoraram com uma noite de amor com pitada de emoção.

 

   O dia amanheceu e depois de tomarem o café da manhã resolveram caminhar, ali naquele silêncio das montanhas somente eles dois, nenhuma viv'alma a mais, só pequenos animais silvestres. Tudo estava como planejaram, se deslumbravam com a exuberância da natureza. Caminharam por cerca de três horas e descobriram uma caverna. Até brincaram um pouco com os ecos, gritavam e escutavam a repetição de suas vozes. Adentraram a mesma e corajosamente foram ganhando distância. Como era muito longa a caverna resolveram voltar, enfim precisavam cuidar do almoço. Já estavam bem próximos da entrada quando Letícia escorregou numa pedra e se precipitou numa lagoa que ali existia. Bruno se preocupou e gritou pelo nome da amada que não respondeu. Entrou em pânico, vistoriou o local com sua lanterna e não viu sinal dela. Gritava desesperado por Letícia mas só ouvia sua própria voz como repetição. Sem condições para achá-la decidiu voltar para o acampamento para ver se conseguia contato com a cidade, ali onde estava não tinha sinal de celular, porém sem êxito, o jeito era retornar ao carro e voltar para a cidade onde com certeza teria ajuda. Outro problema para resolver: as chaves do carro, onde estavam? Estavam em seu bolso e possivelmente devem ter caído na caverna quando tentava encontrar a namorada. Já bastante perturbado voltou correndo para a caverna na tentativa de achar as chaves e também insistir em procurar Letícia. Com ajuda da lanterna iluminou os possíveis locais onde teriam caído, porém nada encontrou. Gritou pelo nome dela e ouviu só os ecos, mas o desespero era tão grande que ele continuou gritando, chamando por Letícia. No entanto, em meio aos repetidos sons de sua voz, Bruno ouviu a voz da namorada que respondia: "estou aquiiiiiiiii!" Seus olhos brilharam, o rapaz então continuou adentrando a caverna sempre ouvindo a voz da moça. E gritava, gritava, o eco repetia o seu apelo e em seguida a voz de Letícia dizendo que estava ali, o que o fazia ir adentrando a caverna sem se importar com os perigos que ele desconhecia. Foi nesse momento que ele também escorregou em uma pedra e caiu num vazio escuro. A voz de Letícia continuou ecoando na escuridão da caverna: "estou aquiiiiiiii!"

 

Moacir Rodrigues
Enviado por Moacir Rodrigues em 26/06/2023
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