Isabela Carvalheiro - Só outro dia
É mais um dia calmo em uma cidade pequena, Helena acabara de sair de sua casa, ela sente o sol da manhã aquecendo sua pele morena e deixando seus olhos castanho-claro por um curto período cegos pela luz. A brisa gelada da manhã a arrepia e brinca com seus cachos, o céu está azul claro e não há nenhuma nuvem à vista, o dia clima do dia de hoje tende a ser bom e quente.
Ela segue seu caminho diário até o ponto de ônibus, onde sempre passa muito tempo esperando o seu ônibus vermelho vibrante que a deixa na frente de seu trabalho. Chegando lá, deu bom dia a todos com um sorriso simpático e fez seu trabalho diário. Ao dar a hora de sair do prédio da empresa, arrumou rapidamente sua bolsa e foi novamente esperar o ônibus.
Minutos se passaram e ele finalmente chegou, ela arranja um lugar na janela e vai acompanhando as paisagens do bairro como de costume, mas desta vez tinha alguém no banco de trás, nada pra se estranhar algo normal que ocorre todo dia, mas essa pessoa parecia estar muito perto, era desconfortável escutar a respiração ofegante tão perto dela, Helena não se atreveu a olhar por seu ombro pra ver quem era a tal pessoa, era melhor não dar bola para doido, pegou suas chaves e se preparou para descer do ônibus sem olhar pra trás. Foi sem se questionar como planejado, deslizou rapidamente de seu assento e deu um tchau apressado com seu falso sorriso e olhos cansados, porém simpáticos, para o motorista que já conhece há muito tempo graças ao caminho diário.
Andou apressadamente até sua casa (a três quadras de distância) com a chave já posicionada da forma certa para destrancar a porta rapidamente. Ela não sabia se era a brisa da fria noite ou do seu medo de ter alguém atrás dela que estava a arrepiando dos pés à cabeça.
Sentiu uma presença, escutou passos a seguindo, apressou o passo, escutou passos apressados vindos de trás, começou a correr e logo se arrependeu profundamente de não ter começado a se exercitar.
A sombra correu atrás acompanhando ela, seu coração parecia querer pular para fora de seu peito e, pelo jeito que estava, talvez ele corresse mais rápido que Helena. O tempo parecia ter parado, mas a pessoa não, estava perto demais. Helena estava cruzando a faixa de pedestres para ir para a última rua antes de sua casa, então correu o mais rápido que conseguiu; o vento levava seus cabelos negros para trás, o ar lhe faltava, sua respiração ansiosa começara a falhar, mas ela estava perto demais, faltava muito pouco e conseguiu chegar à porta.
Quando finalmente chegou, a moça pensou que nunca havia corrido tão rápido em toda a sua vida. Ela rapidamente destrancou a porta e bateu na cara de quem raios fosse o perturbado ou perturbada que estivesse a seguindo, até que batidas começaram “Abre essa porta!”, uma voz grossa dizia enquanto Helena tentava fazer uma barricada. As batidas só aumentavam até que uma gargalhada foi ouvida e ela não entendeu nada, a voz bateu duas vezes na porta ainda se recuperando da risada.
“Hei! Abre aí!”, era uma voz conhecida, então Helena olhou pelo olho mágico e viu que era sua irmã que viria hoje a sua casa. “Caramba! Pode nem mais te assustar, cadê seu antigo espírito de Halloween?”. Ainda se recuperando, a moça se lembrou que a data era 30 de outubro, e era um costume das irmãs passar um dia antes do Halloween juntinhas fazendo fantasias e comendo doces... como ela poderia se esquecer?
Helena abriu a porta e teve uma noite pré-Halloween incrível, só teve que cancelar os filmes de terror, não queria ver perseguições por um longo tempo, o que para sua irmã significava perder uma noite de filmes, mas iniciava outra tradição pra ela, assustar e pregar peças na sua irmã mais velha.