Triunfante e infernal
Precisava me interessar por qualquer coisa, buscando me salvar do desespero. Passei um bom tempo tropeçando no escuro, não poderia desperdiçar aquela oportunidade. Era um oásis, e eu estava tão nervosa que até parecia que carregava um corpo mutilado na bolsa.
A noite estava mais escura que o normal, e ao mesmo tempo mais interessante, ainda mais misteriosa. Não sou de muitas “delicadezas”, jamais enfeito gárgulas com toquinhas de Natal. Mas naquele momento eu poderia ser tão zelosa como uma dona de casa por sua louça.
Sim, ele não vestia nada, apenas pele. A lua estava gigante, até parecia que poderíamos ser abocanhados por ela. Sim, eu pareço um habitante das profundezas do inferno. Talvez eu seja. Quando eu durmo meu espirito abandona meu corpo e dança nu com o diabo.
E então, ele foi meu par naquela noite. Uma longa noite. Todavia ele não sabe que eu havia o observado por muitas outras noites. Como uma névoa, entro por uma fresta na janela e logo me encontrava ao seu lado, na cama, vendo-o adormecido, respiração profunda, pele branca e veias saltando no pescoço. Em duzentos anos, eu nunca havia me sentido assim e, desde que o vi pela primeira vez, venho todas as noites até seu quarto, velando seu sono.
Aconteceu tão depressa, algo torrencial. Será que eu realmente me livrei da metade sombria de Anna, ou simplesmente possibilitei que ela a escondesse?
O poder de ocultar os sentimentos é uma dádiva: dolorosa, triunfante e infernal.
"Take me down
Take me down
Take me down
Won't you take me down?
Oh, sign with the devil, sign with the devil
Sign with the devil, oh!
Sign with the devil, sign with the devil
Sign with the devil, oh!".
Take Me Down - The Pretty Reckless.
By Alais (Devil) R. C.