Terceira noturna. (microconto)
A viola, a cantoria, as dansas¹... nada ali lhe tomava um espinho de sua atenção, seu pensado estava mais turvo que o terreiro com a areia espalhada no ar. Deixou o chapéu com um menino e saiu silencioso como estava por todo aquele período. Não podia ser assim, de jeito nenhum. Onde já se viu bicho vencer homem? E foi pelo caminho escuro. Sua companhia era o canto de um caburé escondido. Mais cedo lhe ocorrera a vergonha de, no meio da vaqueirama, ser derrubado por um zebú. Ainda teve de ser puxado pelo seu Marmão, cujos botões da camisa suportavam por um fio a barriga farta. Uma desgraça! E ele se dirigia ao pasto, em direção ao negro touro que lhe ofendera. Tenção de aparecer na festa montado nele? Tinha um revólver na cintura. Que vira a cabeça de um homem insultado? Ah, a noite tudo cobre... O boi era tinhoso, mas virou o rosto como um gato quando viu o vaqueiro, como se tivesse marcado a cara dele e tomado juízo de que era fraco. Mas ele bufava, babava... Boi parecia ele. O ódio e o tinido são uma coisa só? No fim, as coisas todas terminam com um suspiro. O zebú seguiu, respingando sangue de seu corpo.
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¹: ele mesmo, o meu rei.