O Conto do Tronco na Estrada
Era noite de quinta-feira quando Clara saiu do hospital ao concluir o seu plantão como enfermeira e pegou a estrada para casa. O céu estava nublado ameaçando cair uma tempestade. Já na estrada, Clara percebeu que as luzes nos postes estavam apagadas, deixando a estrada com uma aparência sinistra. A única luz era a dos faróis. O vento forte deve ter danificado a fiação elétrica ali perto.
Passados dez minutos, Clara avistou um tronco no meio da estrada, obstruindo a passagem. Então, parou o carro e desceu. Percebeu que o tronco não era tão pesado e conseguiu arrastá-lo para fora da estrada. Assim que conseguiu desobstruir a passagem, entrou no carro e deu a partida.
De repente sentiu um arrepio na nuca, as mãos esfriaram e a respiração começou a ficar escassa. O coração batia acelerado. Clara sabia que o corpo dá sinais de perigo. Sentia que havia alguém no banco traseiro do seu carro, mas não conseguia ver ninguém pelo retrovisor. Sabia que quem estivesse ali, estaria deitado no assoalho.
Não deveria ter deixado a porta do carro aberta quando desceu para arrastar o tronco. Nem deveria ter parado naquela estrada deserta. O medo fez com que acelerasse o carro o máximo possível. Finalmente avistou uma loja de conveniência. Desceu do carro e entrou na loja, que estava aparentemente vazia. Foi até o banheiro na esperança de encontrar alguém mas não havia nenhum funcionário. Ao sair do banheiro, respirou aliviada. Viu um homem sério com uma cicatriz na sobrancelha atrás do caixa. Clara pediu ao homem que desse uma olhada no seu carro.
O homem pacientemente olhou dentro do carro mas não havia ninguém. Então Clara agradeceu ao homem, entrou no carro e pegou a estrada para casa. Ela riu de si mesma por causa da peça que sua mente lhe pregou.
Na manhã seguinte, ao assistir o noticiário, deixou cair no chão a xícara de café que ficou aos pedaços. Um homem havia fugido da prisão e na tela aparecia a foto daquele homem sério com uma cicatriz na sobrancelha. Ele havia sido visto pela última vez em uma loja de conveniência e rendido o atendente atrás do caixa fingindo portar uma arma. Não havia dúvidas. Aquele tronco na estrada foi apenas uma armadilha para que ele entrasse escondido em seu carro. Clara não seria mais capaz de dirigir novamente sozinha.