A MALDIÇÃO DA VILA - CAPÍTULO XIII
XIII – CERTEZAS
“O quanto nós preferimos a convicção? É melhor a convicção da derrota, ou a dúvida da vitória?”
Na delegacia...
- Quero muito saber o que os senhores faziam DE NOVO na cena de um crime. Sério, o que passa na cabeça de você? – Os garotos tentavam se explicar, e só se ouvia barulho – Calem a Boca! Um só vai falar!
- Quem de nós fala? – Perguntou Gus
- Eu falo
- Não, eu falo
- Espera, quem vai falar sou eu!
Novo burburinho, Freitas estava possesso com aqueles garotos, no fundo ele sabia que não eram eles, mas era obrigado a tomar essa atitude, por tanta inconsequência deles.
- Chega! Vai todo mundo pra cela, até vocês se acalmarem!
Os meninos foram levados a cela...
- Olha só, parabéns! Estamos presos, que maravilha – Quem falava era Dênis
- Ah, ai está dizendo o cara que disse que tinha um plano – Lucio retrucou
- Eu sou policial seu zé, se vocês não tivessem aparecido, nada disso teria acontecido...
- De que vai adiantar agora reclamar gente? – Gus quem falava – A merda agora já ta feito, e minha mãe vai me dar um pau.
- Calma gente! A Emma vai nos ajudar – Disse Dico tocando no curativo em seu braço
- Você ainda está lesado de Hash não é?
- To falando, ela não estaria na história a esmo...
Bar do Rael...
- Uhul, churrasquinho! Amo!
- E ai Emma, cadê os meninos estranhos que você anda?
- Sei lá, eles vivem se metendo em confusão
- Fiquei sabendo que eles acabaram de ser presos
- Doidera né meu? Real...
Na Delegacia...
- Vai ajudar sim, Dico. Confia...
- Então vocês é que são os escolhidos dessa vez? – uma voz soou do fundo da cela
- Oxi, tem mais gente aqui? – Perguntou Eduardo – Ei eu te conheço, você não é o Big Richard, o carteiro aqui da vila?
- Olha, é ele mesmo – todos concordaram
- Vocês todos estão amaldiçoados – a voz de Big Richard estava lesa
- Tão vendo? O Montinho falou a mesma coisa! – Dico esbravejou
- Você não está vendo que ele está bêbado, Dico?
- Eu estou bêbado, mas sei o que estou falando...
- Eu já ouvi demais – Lucio não aguentava mais – Me tira daqui!
- Calem a boca, seus moleques aloprados! E se quiserem sair com vida dessa, é melhor me escutarem.
- Acho melhor a gente sentar – sussurrou Dico para Feitosa. E assim fizeram.
- Essa história começa há uns anos, eu tinha mais ou menos a idade vocês quando aconteceu. A vila sempre foi religiosa, e até demais, porém em meados dessa época surgiu um culto em paralelo o que não agradou o pessoal aqui. As pessoas que seguiam esse culto eram hostilizadas e tratadas como adoradores do diabo...
- Isso soa familiar?
- Fica quieto, não interrompa o homem...
- Bom, o problema é que provavelmente eles eram, pessoas começaram a morrer assassinadas e sem motivo aparente, é claro que a culpa caiu toda em cima desse culto. Esse culto tinha sete famílias envolvidas...
- É, mas nós somos seis
- Tem certeza?
- Emma...
- Por que vocês acham que não conseguem mais sair daqui? Por quê quem de vocês saiu, voltou e sem explicação aparente? Vocês carregam a maldição do que não foi concretizado na última tentativa
- Como assim Big Richard?
- Nós seremos os próximos a morrer?
- Se vocês tivessem sorte sim, mas o destino de vocês é muito pior...
- Para de falar groselha seu velho!
- Groselha? – Big Richard se aproximou e todos viram sua face, um olho estava cortado – Ao final dessa madrugada, vocês dirão o que é groselha...
- Tá e como você sabe de tudo isso? – A luz piscou enquanto Feitosa fazia a pergunta
- Vocês estão soltos! – Freitas estava abrindo a porta da cela – Acabaram de encontrar o carteiro assassinado
- Mas ele está aqui
- Vocês usam drogas demais, sabiam? Eu devia manter vocês presos aqui por isso
- Mas é verdade – os garotos olharam e não havia ninguém na cela além deles.
- Se eu ver vocês na rua, eu mesmo mato vocês
- Desculpa a pergunta, mas como foi que ele foi morto? – perguntou Dênis
- Uma facada no olho esquerdo e pendurado num gancho
Os garotos arregalaram os olhos...
- O que foi? Parecem até que viram um fantasma. Saiam daqui e lembre-se! Pra casa! – Os garotos viraram as costas indo embora e Freitas sussurrou para si – Se estiver se desenhando o que eu acho que está, tenho dó do que vai ser queimado vivo.