A MALDIÇÃO DA VILA - CAPÍTULO IX

IX - DESPERTAR

“O quanto é necessário para que acordemos para a vida e deixemos toda a fantasia dela para trás? A realidade é mascarada entre histórias não vividas.

Eduardo acordou em sua cama, ao abrir os olhos pensou “Eu não estava na pizzaria? Não usei nada ontem”. Se levantou e foi até a cozinha, olhou fixamente para o armário e teve flashs de uma noite chuvosa e algumas falhas de energia elétrica “não eu realmente não usei nada, eu não deveria é estar aqui”. Pegou o celular e mandou uma mensagem no grupo.

“Pessoal, estão todos bem?” A notificação de mensagem acordou Gus.

Gus estava em sua cama, leu a mensagem de Eduardo e respondeu “Por aqui, tudo na paz”. Mas Gus sabia que não estava tudo na paz, afinal e não se lembrava de como fora parar na cama.

- Bom dia, neném

- Mãe? Que horas são?

- 8:30h, acordou cedo para um domingo, também indo dormir as 22hrs

- Sério?

- Cheguei e você já estava capotado na cama.

- Nossa, eu não me lembro

- Bebeu de novo com aqueles flagelos? Já te disse que não quero você andando com...

- Não mãe! Eu não bebi, eu estava aqui na porta de casa, só não lembro de ter vindo dormir

- Sei! Bom, o café ta na mesa, levanta e vai comer, meu gordinho!

- Eu não sou gordo mãe! Olha aqui meus músculos!

Assim, Emma, Lucio e Feitosa também despertaram e responderam que estava tudo bem, mas o que eles não sabiam é que todos eles haviam desmaiados na noite anterior, entre conversas quem tocou no assunto foi Lucio: “Mas gente eu estava na porta da casa do Gus e acordei aqui em casa, alguém lembra o que houve?” Uma chuva de mensagem começou no grupo com todos concordando e se questionando, até que Emma perguntou: “E o Dico, ele ainda não respondeu”

“Pessoal, acho que vocês vão querer saber dessa notícia” Quem escrevia era Feitosa “O Seu Montinho acabou de ser encontrado morto em sua casa”

“Ta de brincadeira, Cadê o Dico?” Lucio perguntava

Na casa do velho Montinho estavam as duas viaturas estacionadas e uma unidade do IML.

- Acha que aqueles jovens tem algo a ver com esse assassinato, senhor?

- Pra falar a verdade, eu acredito que nem dos outros dois eles tenham envolvimento

- Ta falando sério?

- O que eu vou falar é meio que sem sentido, mas há 15 anos acontecera algo parecido aqui na vila, seis pessoas foram mortas, todas de idades distintas, sem ligação. Existia um homem que era acusado de bruxaria aqui na vila, não me lembro o nome dele. Bom a vila o acusou e como na era medieval, queimaram o homem, sua esposa e seu filho.

- Meu deus!

- Eu tinha vinte anos na época, tinha acabado de entrar na polícia, não conseguimos controlar essas pessoas que são devotas a Deus, mas eu agora tenho certeza, aquele homem era inocente.

Dico acorda em sua cama, pega o celular e vê que está de novo sem bateria, põe o aparelho para carregar e vai até o banheiro e se da conta “espera, o que aconteceu ontem, foi sonho?” Meio atormentado abre o armário de pega sua escova de dentes, ao fechar vê um rosto desfigurado “Vai besta” disse a aparição. Dico se assusta e grita “Caralho”

- Filho, você está bem? O que houve?

- Nada mãe, só me assustei

- Fica fazendo essas merdas, depois fica vendo espirito no banheiro!

- Mãe

- O que foi?

- Eu não disse que tinha visto espirito...

- É – Mariana meio que titubeou – Mas está na cara que viu uma assombração

- Se a senhora estiver escondendo algo de mim...

- Para com essas paranoias moleque, eu hein!

- Então porquê, você não me conta sobre nada? Por que voltamos? Como foi que o meu pai morreu? Por que ninguém pode saber que voltamos? O que está acontecendo?

- Não está acontecendo nada! Eu já disse que São Paulo estava fazendo mal para você! Quer saber por quê ninguém pode saber que estamos aqui? É porquê seu pai foi assassinado! E se souberem que voltamos, você será morto!

- O que? Que história é essa?

- É isso mesmo, você não queria saber, tá dito, deixa alguém saber que você é filho de Marcos, logo todas essas mortes serão atreladas a você e ai eu quero ver.

- Então, porquê voltar pra cá? Vamos embora dessa merda!

- Filho, aguenta essa semana, por favor, semana que vem juro que vamos - “Dico!” era um grito na porta da casa – Já não falei pra avisa-los que não gritem aqui! Vai logo atender.

Dico abre a porta e estavam lá os cinco amigos

- Precisamos conversar! – Disse Gus

- Já vou

- Vai logo arrombado! – Gritou Lucio

- Filho está tudo bem aí?

- Está sim mãe! – Dico olhou para os outros – Espera eu pegar minhas coisas!

Dico entrou e pegou sua carteira e seu celular: - Mãe! Eu já volto! – Dico fechou a porta e se juntou aos outros cinco.

Começaram a andar e Eduardo já abordou em sequência: - Antes de qualquer presta atenção que a gente pode te dar, você tem cinco minutos para falar o que você fez ontem

- Ontem? Mas o que houve?

- O tempo ta correndo sangue bom

- Eu voltei com o Feitosa, entrei em casa tomei uma breja e depois...

- Depois o que?

- Eu não me lembro, mas acordei hoje na minha cama – Dico começa a ter flashs da noite, onde via os três espíritos, os apagões, parecia que estava lá de novo...

“Dico, Dico, Dico!!!!!!!” Dico despertou: - Eu vi meu pai, Hugo e Dona Solange, eu sai correndo conforme as luzes piscavam, eu cai no quintal

- Ele desmaiou igual a todos nós, não foi ele, eu disse! – Comentou Feitosa

- Não fui eu o que? De novo?

- Seu Montinho está morto – Falou Emma

- Como assim?

- Ele morreu ontem a noite, nessa mesma hora em que desmaiamos

- Como assim desmaiamos? Vocês também viram os espíritos?

- Não, mas eu me lembro de ter escutado algo como “UM, DOIS, TRÊS” – Disse Gus

Todos olharam e responderam ao mesmo tempo “Eu também”

Os garotos caminhavam ao bar de Aloisio, o estresse estava alto entre eles, entre a desconfiança que cercava à Dico e o despertar do que realmente poderia estar acontecendo, mas o que estaria acontecendo? Existia mesmo uma maldição naquele lugar? Era tudo coincidência? Dico era mesmo o assassino? Todos se perguntavam naquele momento o que diabos havia naquele lugar, talvez fosse mesmo o próprio diabo que estivesse ali.