A MALDIÇÃO DA VILA - CAPÍTULO VIII

VIII – DESEJOS NÃO REALIZADOS

“As vezes precisamos desejar não o que queremos, mas sim o que necessitamos e muitas das vezes o que queremos não é necessidade”

Em frente a porta de Gus, estavam Emma, Lucio e o próprio. Eduardo havia ido para a pizzaria e Feitosa e Dico foram embora juntos.

- Se o Dico está matando essas pessoas, a gente tem que fazer alguma coisa – dizia Lucio – Olha minha moto como ficou!

- Calma maninho, você não sabe se foi ele mesmo

- Porra, é muita coincidência, como pode não ser ele?

- Não é estranho que ele tenha saído muito antes da gente, e quando saímos para procurar por ele a sua moto ficou assim?

- Ueh, ele ficou esperando e depois fez isso

- Mas ai que eu boto uma fé que não foi ele, não daria tempo de ele fazer tudo isso, ir lá matar a Solange e desaparecer

- Gente – Emma quem falava – Eu e o Eduardo o encontramos na “Pedra dos desejos” Ele estava estranho como se estivesse hipnotizado, sabe? Real, eu me assustei e quando perguntamos o que ele fazia ali, ele olhou com uma cara tão sincera e disse que queria que sua inocência sobre a morte de Hugo fosse provada

- É mas e a da Solange

- Quando contamos sobre esse assunto, ele parecia realmente não saber de nada, Lucio!

- A pedra dos desejos fica longe da casa da Solange, não daria tempo e ele chegar lá – Gus quem dissertava – E outra coisa que me faz dar um voto de confiança nele, as roupas dele estavam limpas, não é estranho que uma morte daquelas não tivesse espirrado sangue em suas roupas? Havia sangue até no quadro de Jesus...

- Que horror gente – Emma estava espantada

- Vamos parar de falar disso porquê o Gus vai vomitar!

Do outro lado da vila, estavam Dico e Feitosa chegando na residência de Dico

- Dico, toma cuidado cara, seus pensamentos as coisas que você está emanando estão acontecendo, não estou dizendo que é você, apesar das suas prosopopeias eu não acredito que você faria umas coisas dessas. Tem que entender que é muito estranho esse segredo que sua mãe e você escondem, tudo que está acontecendo

- Cara, eu não sei que segredo é esse, eu voltei pra cá contra minha vontade, minha mãe fala que é por causa do meu pai, e que a vila aqui não suportava nossa família, eu a abordo as vezes, mas ela nunca fala a verdade.

- Você precisa tomar atitudes cara, logo chegarão em você e eu espero que...

- Eu vi meu pai hoje – Dico atropelara a frase de Feitosa

- Que?

- Quando vimos aquela pessoa de blusa e fomos atrás, na volta quando eu olhei para trás e eu juro que vi meu pai me dizendo “cuidado” e apontando como se fosse para o Gus.

- Dico, presta atenção nas coisas que você ta falando! Você ta dizendo que Gus é o assassino? Você está louco?

- Não estou dizendo isso, nem sei se era para o Gus, podia ser a Emma que estava do lado, e se um deles forem o próximo, e se for um aviso?

- Cara, cadê sua mãe, vou falar com ela – Feitosa era meio risonho nesse sarcasmo.

- Ela não está, todo sábado essa hora ela sai e volta por volta da meia noite, a bichinha quase nunca sai também, deixa ela...

- Eu estava brincando, mas sério se cuida, e não faça nenhuma burrada!

- Pode deixar! – Dico entrou em sua casa

Feitosa então seguiu para sua casa.

Na porta da casa de Gus, os meninos ainda conversavam

- Já são 22hr gente, vou para casa – disse Emma

- O Gus, sua mamãe não vai te chamar pra dentro?

- Não cabecinha de esquilo! Minha mãe nem está em casa, ela saiu com meu irmão

- Parem vocês dois!

- Gus! – uma voz grossa – Entra!

Todos deram risada

- Minha mãe não está, mas meu pai sim – Gus estava encabulado

- Fica em paz, vamos embora!

Ao se levantarem todas as luzes da vila se apagaram

- Vixi!

Ascenderam novamente, se apagaram, e se ascenderam, se apagaram e se ascenderam

- Mas que merda é essa? – Perguntou Lucio

Na Pizzaria, Eduardo sente uma enorme energia pesada com esse apagar e ascender de luzes

- Porra é essa? Eu nem usei nada hoje, isso é muito sinistro

Feitosa andava pela para sua casa quando acontecera isso e em sua mente escutou o grito de Teresa mais uma vez “isso ta errado”

Dico estava em sua casa fumando um cigarro e a cada piscada via alguém em sua frente, uma piscada viu seu pai, na segunda Hugo e na terceira Solange. Os corpos eram deformados como as mortes que tiveram, seu pai estava queimado, Hugo enforcado com um pênis na boca e Solange com a cabeça amassada, e eles apontavam para a janela

- Que é isso? – Dico se assustou muito e saiu de sua casa correndo, ao chegar em seu quintal, as entidades ali estavam paradas “UM, DOIS, TRÊS” Dico sente uma energia pesadíssima e cai desacordado. Assim como Emma, Lucio, Gus, Eduardo e Feitosa

Numa casa um pouco distante ainda na vila escutava-se um velho rezando “Senhor, proteja os assim como me protegeu durante todo esse tempo, eles precisam acabar com isso” A chuva começou forte com raios que clareavam como se fosse dia, as luzes acabaram.

O velho olhou para sua vela e ela se apagou, um raio clareou sua casa e atrás dele havia alguém de blusa e capuz e por trás mais sete entidades encapuzadas de túnica.

- Demorou, mas chegou sua hora! Moutinho – Antes que o velho pudesse fazer algo além de arregalar os olhos, a pessoa de blusa o agarrou e tudo ficou escuro.

Em São Paulo...

- Alô?

- Dênis?

- Fala tio

- Preciso que venha aqui para vila

- Fazer o que nesse fim de mundo?

- Estamos com problemas, sua mãe está morrendo

- O que?

- Venha logo...

O Telefone desligou, as luzes do quarto de motel que estava apagaram, piscaram “UM, DOIS, TRÊS” e antes que pudesse terminar seu pensamento “O que meu tio Monti...” desacordou.