AD AETERNUM

Certa vez voltando de uma caminhada, abri a porta e havia um menino lá, dentro da minha casa, vestindo boas roupas, ele sem dúvidas estava lá.

Fechei a porta, contei até dez, mas quando abri, ele insistia em estar no mesmo lugar, da mesma maneira, ele não sairia de lá.

Sai de casa e vi o menino, ele estava para lá da estrada, estudei, trabalhei, mas lá ele continuava.

Voltei para casa, abri a porta, o menino também estava lá.

Não se movia sob vigilância, nem piscava, assistia sempre em silêncio daquele lugar.

Um dia perguntei ao menino por que ele estava a me vigiar.

Ele não respondeu, não se moveu, ficou em pé lá parado como eu já deveria esperar.

Os dias passaram e se tornaram semanas, entraram os meses e passaram-se os anos, o menino jamais saiu de perto de mim e eu me apeguei a sua dele.

Ninguém mais o via, ninguém entendia, mas ele fazia parte da minha rotina.

Certo dia caminhando, avistei a ponte do arco de pedra, que refletida na água formava um círculo, no meio da ponte estava de pé o menino, tudo se refletia menos sua imagem, seus olhos negros frios e sem vida me encaravam.

Um homem desconhecido então saiu da floresta, correu e apanhou o menino, em seus braços ele o carregou pela ponte, mas ao fim dela não havia nem sinal do misterioso homem ou do menino.

Voltei para casa e abri a porta, na esperança de achar o menino, mas nem sinal dele havia, fechei a porta, contei até dez, mas quando abri, ele não estava lá.

Não deveria estar.

Voltei à ponte e o procurei, mas lá não o encontrei.

Aceitei a separação, suspirei quase aliviada por não precisar mais me preocupar.

Voltei para casa, abri a porta,

Havia um homem lá.

Rosa de Almeida
Enviado por Rosa de Almeida em 27/09/2022
Código do texto: T7615578
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