AD AETERNUM
Certa vez voltando de uma caminhada, abri a porta e havia um menino lá, dentro da minha casa, vestindo boas roupas, ele sem dúvidas estava lá.
Fechei a porta, contei até dez, mas quando abri, ele insistia em estar no mesmo lugar, da mesma maneira, ele não sairia de lá.
Sai de casa e vi o menino, ele estava para lá da estrada, estudei, trabalhei, mas lá ele continuava.
Voltei para casa, abri a porta, o menino também estava lá.
Não se movia sob vigilância, nem piscava, assistia sempre em silêncio daquele lugar.
Um dia perguntei ao menino por que ele estava a me vigiar.
Ele não respondeu, não se moveu, ficou em pé lá parado como eu já deveria esperar.
Os dias passaram e se tornaram semanas, entraram os meses e passaram-se os anos, o menino jamais saiu de perto de mim e eu me apeguei a sua dele.
Ninguém mais o via, ninguém entendia, mas ele fazia parte da minha rotina.
Certo dia caminhando, avistei a ponte do arco de pedra, que refletida na água formava um círculo, no meio da ponte estava de pé o menino, tudo se refletia menos sua imagem, seus olhos negros frios e sem vida me encaravam.
Um homem desconhecido então saiu da floresta, correu e apanhou o menino, em seus braços ele o carregou pela ponte, mas ao fim dela não havia nem sinal do misterioso homem ou do menino.
Voltei para casa e abri a porta, na esperança de achar o menino, mas nem sinal dele havia, fechei a porta, contei até dez, mas quando abri, ele não estava lá.
Não deveria estar.
Voltei à ponte e o procurei, mas lá não o encontrei.
Aceitei a separação, suspirei quase aliviada por não precisar mais me preocupar.
Voltei para casa, abri a porta,
Havia um homem lá.