Visão de Isabel
Por Nemilson Vieira de Morais (*)
O sol doía, a estalar mamonas, o asfalto parecia derreter, com altas temperaturas; a pouca umidade do ar, embalava o fogo.
Havia focos de incêndios na vegetação em alguns trechos, às margens das estradas.
A fumaça reduzia a visibilidade, e todo cuidado era pouco. Acidentes acontecem num piscar de olhos, principalmente em estradas onde o fenômeno do fogo se faz.
Surpreendeu-nos: uma carreta tombada com as rodas para cima, num trecho totalmente plano.
Depois duma refeição em restaurante de beira de estrada ganhamos a BR, Belém Brasília; mais à frente, comecei a dar meus primeiros cochilos no volante.
Pelo retrovisor interno do veículo a mãe percebia a situação; por mais de uma vez, provável. Assim, alguns quilômetros ficaram para trás, eu a dirigir daquela maneira.
Discreta, silenciosa, sem alardes, orava em espírito...
Após a primeira percepção não tirou mais os olhos de mim, e a cada cochilar, um alerta, uma sacudida no meu ombro.
Bom seria se a gente pudesse estar sempre perto da mãe...
Num dado instante entre os meus cochilos, seus olhos espirituais foram abertos e numa permissão viu um ente semelhante a uma mulher (como um personagem de filme de terror).
Alta estatura, pernas longas a correr emparelhada conosco, a empreender a mesma velocidade do nosso fusquinha.
Enquanto pensava à mãe, sobre o quê deveria ser aquilo... A resposta sobreveio-lhe no mesmo instante, mais ou menos assim como alguém a dizer-lhe:
“Esta aí é a responsável direta, pelos acidentes automobilísticos: trabalha a esse fim ".
Por certo aquele ser esquisito, naquela circunstância e missão, teve por foco nos envolver num danoso desastre...
Pela bondade de Deus, e as orações da Sua serva o pior fora evitado... Ao sumir definitivamente do campo de visão de Isabel em rumo ignorado.
* Nemilson Vieira de Morais Gestor Ambiental/Acadêmico Literário.
(29:05:17).