O resultado do desespero de um homem
Ele era um empresário bem sucedido. Tinha uma bela esposa e dois filhos. Tudo corria bem e sua vida era tranquila.
Até que resolveu fazer um investimento pra desenvolver mais o seu negócio. Como nem sempre as coisas dão certo, iniciou-se uma crise mundial e os seus clientes começaram a diminuir e alguns até chegando a dar o calote.
De repente os empréstimos foram se multiplicando e se transformaram em uma dívida impagável. Que situação terrível! Credores ligavam todos os minutos do dia, sem contar com as milhares de ameaças que recebia. Pra um pessoa que sempre honrou seus compromissos, atrasar contas era humilhante. No desespero, recorreu a todos os meios de conseguir dinheiro, refinanciamento do carro, cheque especial e tudo que foi possível. Foi como tentar apagar um fogo com gasolina.
A situação ficou ainda pior. Ele não podia ver uma luz no fim do túnel. Não encontrava saída. Sentia-se sufocado e pressionado por todos os lados.
Sem dinheiro e com a família em risco de passar fome, sua esposa não entendia nada e o culpava por tudo de forma cruel. A família nem sempre é um ponto de apoio, a vida não é um conto de fadas. E a ajuda pode não vir de ninguém, mas as críticas vem de todos os lados.
Surgiu o que parecia uma oportunidade de negócio e viajou pra casa de uma Tia e levou a família. Chegando lá não deu certo o planejado. Mais uma frustração. Decidiu sair e foi censurado pela esposa, dizendo pra não se atrasar para o almoço, que não seria educado da parte dele deixar os parentes o esperando para almoçar. Respondeu que não ia demorar,e saiu sem olhar pra trás. Ao passar pela terceira ponte, decidiu dar um fim aos seus problemas. Parou o seu carro no ponto mais alto da ponte, e desceu do carro.
Houve um congestionamento no trânsito e muitas buzinadas. Nada disso o intimidou.
Subiu até a borda da ponte e olhou pra baixo.
Só enxergou o mar azul. Uma visão bela e ao mesmo tempo assustadora. Pensou que ao pular, todos os seus problemas estariam resolvidos. Deixaria para trás tudo o que o sufocava, encerraria a sua triste vida.
Naquele instante, o trânsito estava todo parado. Um silêncio tomou conta do lugar, todos se deram conta que o homem queria se jogar da ponte.
Ele se manteve parado encima da borda da ponte, sentindo o forte vento no rosto. Num instante a sua vida toda passou em seus olhos, como flash de um filme. Se lembrou de quando era uma criança. Lembrou de seus filhos que ainda eram pequenos, e estavam o esperando para o almoço. Naquele instante conseguiu ouvir a voz do bombeiro que estava tentando convencer ele a não pular. O bombeiro já falava a algum tempo, mas o homem estava tão fora de si que não percebeu nem a chegada dele. Nada mais fazia sentido na sua vida.
Lágrimas rolaram de seus olhos, e ele disse ao bombeiro que já tinha ido longe demais pra desistir agora.
Disse que não tinha se despedido da família, pois eles nunca entenderiam.
Seu celular, no carro, tocava insistentemente.
Ele saltou da ponte, em um mergulho direto pra morte. Foi a solução para uma pessoa que não pensava que tinha outra opção.
Do outro lado motoristas insensíveis e com raiva de terem ficado uma hora parados no trânsito esperando um suicida. Alguns ainda murmuravam dizendo que a pessoa que fosse suicidar que pulasse logo pra não atrapalhar o trânsito. E outros ainda reclamavam que toda semana tinha alguém pulando da ponte e causando o maior transtorno.
Ninguém se importa que duas crianças nunca mais iam ver seu pai. Que mais uma pessoa não estaria aqui pra ver o sol nascer. Que a família o esperava pra almoçar e ele não ia chegar. Que em qualquer lugar uma pessoa pode ser substituída, mas pra família era uma perda irreparável, insubstituível.