Titanic IV - A maldição do coração do Oceano

Alexander ReidRoss é herdeiro da maior destilaria de Whisky do mundo, localizada na cidade de Campbeltown, Escócia. Sua avó, Maria Gioconda, toca o negócio com mãos de ferro, tornando - se autoritária e temida. Seus tios se graduaram em profissões relevantes para a empresa, como advocacia, engenharia civil e química, marketing e claro, administração. Porém, sua mãe abriu mão da fortuna da família, trocou o sobrenome e se mudou para Londres, onde se casou e criou suas raízes. Alex estudou em colégios particulares, porém medianos. Cativou seus colegas com sua personalidade extrovertida, sua beleza notável, e seu charme manipulador. Popular, teve todas as garotas que desejou, até as que não desejou mas precisava delas para algum benefício próprio. Mas no fundo, Alex sentia que poderia ter muito mais, dinheiro, poder, fama, ostentação.

Sua mãe perdeu a vida em uma viagem de trabalho, ela era médica e dedicava sua vida a salvar vidas em países em situação de guerra, fome e surtos de doenças terríveis. Mas sua vida humanitária a afastava de Alex, suas conversas atravessavam as telas frias dos computadores e deslizavam através do sinal instável da Internet.

Seu pai é um biólogo renomado, trabalha para uma ótima empresa, que lhe dá um salário robusto mas que limita seu tempo, tornando suas horas vagas cada vez menores.

A verdade é que Alex foi criado pelo avô paterno que já estava aposentado por invalidez há muitos anos, por ter limitações físicas devido a um acidente de trabalho. Todos diziam que seu avô caiu de um prédio enquanto lavava as janelas e que teria assim perdido o momento das pernas e até lhe causou danos psicológicos. Mas para Alex, seu avô dizia que sua condição provinha de um dos acidentes mais famosos do mundo, o naufrágio do titanic. Alex passava horas ouvindo as histórias do seu avô, sobre os passageiros, os detalhes da beleza do navio, o desespero Escorrendo pela lataria desenhando o desastre em vermelho vivo. Mas tinha um detalhe que seu avô sempre enfatizou, o navio tinha vinte botes salva vidas, porém só foram utilizados dezoito com a metade da sua capacidade máxima. Alguns diziam que tentaram tirar as mulheres e crianças primeiro, outros acreditavam que eles não sabiam quantas pessoas o bote suportaria e preferiram não arriscar, já seu avô dizia que tudo não passava de uma distração, pois a maioria da tripulação não estava na evacuação. Teria a tripulação fugido com os dois botes faltantes? Ou tiraram alguma coisa importante do navio antes que o resgate chegasse?

Seu avô também questiona se o o iceberg realmente foi o causador de tal acidente, já que o som que ouviu parecia uma explosão e não uma batida.

Alex desenvolveu uma paixão platônica pelo titanic que intensificou com a morte de seu avô no ano que Alex se formou em Antropologia. Poucos dias depois, Alex recebeu uma intimação para comparecer à uma leitura de testamento na Escócia. Confuso, reuniu seus advogados e embarcaram para a cidade de Campbeltown, que fica em uma península na costa oeste escocesa, próxima das ilhas de Jura e de Islay. Depois de quase nove horas de estrada, Alex finalmente apoiou seus pés no asfalto escocês, em uma cidade pequena, tranquila, com um toque saldado no ar e arquitetura rústica rodeada por muitas vegetações que davam uma vista de cartão postal. O GPS os levou até a destilaria de Whisky ReidRoss, o preferido de Alex, e de quase o mundo todo. Foram recebidos na porta por uma mulher alta, de cabelos loiros, olhos verdes, roupas sociais que cheirava a advogada.

-Olá, meu nome é Aileen, sou a advogada da Senhora Maria Gioconda, você deve ser Alexander.

-Sim - Alex respondeu encantado com a beleza da advogada.

-Por favor me acompanhem.

Alex seguiu a mulher por um longo corredor frio, de tijolinho até uma sala com uma grande mesa redonda no centro. Havia no mínimo vinte pessoas espalhadas na sala ao redor da mesa.

-Vamos começar, esse rapaz é o Alexander - disse Aileen apontando para ele - filho da Lorna.

De repente todos arregalaram seus olhos e o encaravam como um fantasma do passado.

-Alex, esses a mesa são seus tios - disse Aileen - irmãos da sua mãe. E aqueles sentados próximos a janela são seus primos.

Alex sentiu seu corpo esfriar, suas mãos humidas e trêmulas se esfregavam por entre suas pernas, o que estava acontecendo?

-Sua avó, Senhora Maria Gioconda, sofreu um ataque cardíaco e veio a falecer - disse Aileen - mas ela insistiu que sua mãe estivesse na leitura do testamento, como não a encontrei, chamei você.

- Minha mãe faleceu há oito anos.

De repente todos da sala soltaram um gemido de surpresa, seguido de choros abafados, gemidos e Sussurros difíceis de decifrar. Alguns lamentavam, outros apenas arrastavam os olhos pelo chão procurando entender o que Estava acontecendo.

-Farei a leitura o mais breve possível - disse Aileen abrindo um envelope de cor bege - Senhora Gioconda deixa cinquenta por cento de todos os seus bens para seus três filhos, Mark, Violet e Isla. E solicita que os mesmos façam a divisão igualitária com seus descendentes.

De repente a tensão pairou sobre a sala, Sussurros pairavam sobre o ar e desapareciam, parecia um dia de prova da faculdade.

-E também deixou cinquenta por cento de seus bens para - disse Aileen engolindo a cego - Lorna e sua descendência.

Alex sentiu o ambiente esquentar, os olhares furiosos atravessavam seu como uma espada, a raiva escorreu pela testa de seus recentes familiares. Alex se sentiu um cordeiro no meio de uma matilha de lobos famintos.

-Isso não é possível - disse Mark - Eu sou o filho mais velho, e também sou o principal advogado dessa empresa, não tem como esse testamento ser real, certamente há algum engano.

-Não há nenhum engano, esse testamento foi autenticado e assinado por sua mãe - disse Aileen com a voz firme - esse é definitivamente seu último desejo.

-A Lorna foi embora, abriu mão da família, deu as costas para a mãe, ela não merece um centavo desse dinheiro - Mark gritou.

-E não recebá - disse Aileen - ela está morta, logo os bens serão do Alex.

-Não, não - Mark gritou apontando para o peito de Alex - ele não é da família, não o conhecemos, é apenas um bastardo.

-Ele é filho legítimo da Lorna, então ele é da família - Aileen respondeu.

-Isso está errado - Mark cuspiu sua indignação.

-Isso aqui é um documento original, válido por lei, e é o último desejo de sua mãe. Eu vou garantir para que seja cumprido cada detalhe, e se tentar atrapalhar, nos teremos que resolver isso no tribunal - disse Aileen praticamente gritando - Você não é um leigo Mark, sabe exatamente o que esse documento significa. O Alexander vai receber a parte dele e nenhum de vocês podem impedir isso.

-Ele não é da família - Mark gritou.

-O sangue da sua mãe corre na veia dele também, então ele é legalmente neto dela - disse Aileen com uma voz suave - Se ele não for da família, seus filhos também não são.

Mark bateu os punhos sobre a mesa de madeira, saltou da cadeira e saiu pisando duro. Os outros familiares também saíram em silêncio apenas Isla se manteve na sala com um sorriso gentil.

-Bem vindo ao paraíso - disse Isla em tom sarcástico.

-Obrigado.

-Vai ficar em algum hotel?

-Sim, tem algum aqui perto? - Alex perguntou.

-Fica na minha casa, assim você vai ter a oportunidade de conhecer a família de forma tranquila.

Alex concordou pois estava muito cansado e faminto, mas ficou temeroso com o confronto familiar. Ele não conseguia parar de se perguntar o motivo da sua mãe mentir sobre sua família, já que sempre que quastionada, dizia que seus pais estavam mortos. Alex sempre sonhou com a riqueza, poder, luxo. Como sua mãe pode negar isso a ele? De repente seu coração se inundou em mágoa, que o deixou cada vez mais amargo.

A briga judicial foi longa, Mark e Violet fizeram tudo que podiam para tirar a empresa das mãos de Alex, mas com o tempo e com os milhões de dinheiro perdido, eles tiveram de se conformar. Em poucos anos Alex se transformou em bilhonario, comprou a parte de Violet e obrigou Mark a vender a parte dele, ficando o poder total sobre a empresa. Começou a andar com seguranças pois recebia muitas ameaças de seu tio, construiu uma linda mansão, mas teve que levantar muros para sua própria proteção, comprou muitos carros, mas teve que blindar, e aos poucos Alex se isolou do resto do mundo. As constantes investidas de seus familiares ficaram casa vez mais violentas, chegando ao ponto de fuzilarem um carro onde acreditavam que Alex estariam. Quatro pessoas morreram, quatro famílias enfrentavam o luto, e aqueles fantasmas grudavam em seu subconsciente como um parasita, sugando sua energia. Em uma noite chuvosa, Alex apontou o cano de uma pistola Taurus 9mm para a cabeça, fechou os olhos e puxou o gatilho. A arma travou, a bala não saiu, ele ainda estava sentado no chão frio do quarto aos prantos. Ele tinha tudo, mas tinha um vazio no peito que nada mais tampava, nem alccol, sexo, drogas, nada. Ele levou a arma até a cabeça novamente sentindo que era seu dever destruir sua vida, fechou os olhos, deslizou o dedo sobre o gatilho, puxou o ar e de repente, ao longe, ele ouviu uma música conhecida. Sua mão trêmula batia o cano da arma contra a cabeça, o choro fazia seu corpo ter espasmos involuntários, ele sentiu ânsia e tentou vomitar, apoiou a testa no chão, apertou os olhos e ouviu a porta do quarto se despedaçar. Agarraram sua mão retirando a arma, o colocaram sobre uma maca e desceram as escadas correndo, mas Alex só conseguia ouvir Celine Dion cantando cada vez mais alto.

-Near, far, wherever you are

I believe that the heart does go on

Once more, you open the door

And you're here in my heart

And my heart will go on and on".

Alex passou quatro meses em uma clínica psiquiátrica, supervisionado dia e noite por médicos e enfermeiros. Ouvia a música do titanic em todos os lugares, como se ela o chamasse, como se seu avô o chamasse. Isla o buscou na clínica, o escondeu em sua casa e o ajudou a vender todos os seus bens, inclusive sua parte da empresa, a devolvendo para seus tios. Alex voltou para a casa de seu avô em Londres, deixando sua família Amaldiçoada para trás. Vizotpu o túmulo do seu avô mas não foi ao da sua mãe, pois ainda sentia um resquício de mágoa. Naquele ponto da vida, a única coisa real que Alex tinha era a saudade de seu avô, e as histórias incríveis que ele contava sobre o titanic. De repente uma ideia maluca atravessou a mente confusa de Alex, ele precisava reconstruir o titanic, e terminar a viagem que aquele navio não concluiu. Ele sentia que seu avô só teria paz quando sua alma terminasse aquela viagem, sem base espiritual e científica nenhuma. Alex encontrou algumas pessoas influentes e tão malucas quanto ele, tiraram pedaços do navio, mas estava muito danificado pelo tempo e a salinidade da água, então tiveram de fazer cópias idênticas com alguns pequenos pedaços originais. Restauraram muitos objetos, o deixando o mais próximo do real. Apesar do navio ser idêntico ao naufragado dando um ar retrô, ele esbanja muito luxo, conforto e modernidade. Logo, apenas pessoas com alto poder aquisitivo conseguiram garantir sua presença no Titanic IV. O corredor de entrada do navio é dourado, com milhares de nomes cravados nas paredes, que dê acordo com Alex, seria das pessoas que morreram no naufrágio. A grande escada principal de madeira foi reconstruida fielmente, com corrimão repleto de detalhes, um relógio na parede no topo, e um belo lustre de cristais.

O passageiro tem a sensação de viajar no tempo ao ser envolvido com os detalhes rústicos e luxuosos. Mas o elevador panorâmico central quebra a imagem simples do ambiente, misturando o passado com o presente como em uma fusão histórica. Nas paredes, quadros com representação do titanic original enchem os olhos curiosos dos passageiros, dão uma sensação única de se transportar para o titanic original, uma satisfação de fazer parte da história. E claro que fazer parte de um grupo seleto que terá o prazer de fazer essa viagem única, massageia o ego inflado dos ricos.

O Titanic IV que irá fazer a rota original, partiu de Southampton, no Reino Unido, no dia 10 de abril, 110 anos depois do navio original. Depois de toda aquela encenação de despedidas, balançando lenços ao ar para o porto, os passageiros se reuniram nos restaurantes e bares animados com a beleza e a carga histórica do navio.

No jantar com o capitão, Alex apresentou a tripulação para os passageiros e fez homenagens para as vítimas do titanic, com música, vídeos e fotos em quadros digitais. A noite todos os passageiros jogaram botes salva vidas feito com material biodegradável ao mar, em forma de respeito, na esperança de que as almas naveguem para o descanso eterno. Atiraram flare para o céu, com armas salva vidas, previamente avisado para navios próximos. Muito símbolismo, muitas emoções e é claro, muito dinheiro. Alex estava fazendo uma homenagem a seu avô, mas seu espírito ganancioso não morreu naquela clínica. O retorno absurdo que tiveram demonstravam a mina de ouro que encontraram. E a viagem única, logo mudou a cabeça de Alex, se tornando um projeto ainda maior.

Os primeiros dias foram tranquilos, mar calmo, passageiros entretidos, tripulação organizada, e a imagem trágica do titanic se perdeu entre a fumaça de cigarro no cassino e os gelos nos drinks dos bares. As piscinas aquecidas e com água salgada conquistaram o interesse das crianças e mantinham as mães ocupadas, logo, tudo estava sob controle. Dia 14 amanheceu cinzento, vento frio e garoa fina, o céu parecia estar em prantos. Alex sentiu um aperto no peito, um mal estar que embrulhou o estômago, talvez estivesse sentindo os resquícios daquela tragédia, nada que um antiacido e um gole de whiskey não resolveram. O dia se arrastou como se o relógio estivesse parado, Alex se ocupou o dia todo e suspirou aliviado ao pôr do sol. Talvez ele acreditasse que o nome titanic carregava uma maldição, mas que agora foi quebrada, uma grande festa foi realizada para comemorar a vida, com muita comida e música.

Alex estava no posto de comendo, com os olhos fixos no horizonte negro, com uma sensação irritando de que alguma coisa muito horrível sairia da escuridão. De repente seu rádio ligou e o comandante o chamou para a festa. Alex deu as costas para o mar, aminhou em silêncio até o elevador, apertou o botão do primeiro andar e observou sua imagem refletida na porta. O elevador desceu até o terceiro andar, passou e abriu as portas. Não havia ninguém aguardando para descer, Alex progetou o corpo para fora e olhou ao redor, constatando que realmente não havia ninguém naquele andar. Apertou o botão para as portas fecharem, o aviso soou, mas as porta continuaram abertas. Ele empurrou o botão do primeiro andar com o polegar com força e repetidamente, nada aconteceu. De repente um som muito alto de explosão surgiu fazendo o navio balançar, o alarme de emergência gritou em seus ouvidos, ele pensou em correr, mas estava no meio do oceano, de que adiantaria? Alex começou a ouvir sons de passos no andar de cima, como se as pessoas estivessem correndo de um lado para outro. O som foi aumentando, como se a quantidade de pessoas aumentasse, então na escada diante de seus olhos, milhares de pessoas desceram correndo , gritando em desespero, caindo, saltando por cima dos olhos, crianças sendo pisoteadas, idosos lançados contra o corrimão e a parede. Alex jogou seu corpo contra o vidro do elevador, suas mãos e pernas esfriaram, ele sentia que seria esmagado pelas pessoas em desespero. Ele jogou o pé contra os botões do elevador batendo com força, até que o som do aviso das portas soaram de novo, naquele momento uma mulher lançou uma criança de colo em sua direção, a porta fechou e ele ouviu o impacto do corpo da criança no alumínio da porta. O silêncio perturbador daquele elevador fazia sua mente temer o que encontraria no outro andar.

-Deve ser uma simulação - ele Sussurrou - uma peça de teatro talvez.

De repente a porta abriu no primeiro andar, um grupo de pessoas conversavam e riam com drinks nas mãos, músicas intensas envolviam o ambiente, a pista de dança cheia de pessoas suadas e feliz.

-O que está acontecendo? - Alex Sussurrou.

O capitão o chamou para um drink mas Alex precisava entender o que tinha acontecido, subiu até a sala de comando e assistiu as gravações das câmeras de segurança das escadas e para sua surpresa, ninguém desceu as escadas naquele horário.

-Esse horário está certo?

-Sim - respondeu um tripulante.

-Não pode estar certo.

-O que você está procurando?

-Muitas pessoas correndo - Alex respondeu.

-Vou procurar em todos os horários, se encontrar alguma coisa te aviso.

Alex balançou a cabeça de forma positiva e desceu até o corredor de sua cabine, alccol certamente não o ajudaria. Ele tirou o cartão de acesso do bolso e lutou com a porta para abri-la, de repente uma mulher alta, de cabelos pretos, vestido branco surgiu no corredor e passou por ele. Ele percebeu que onde ela pisava ficava manchas de água.

-Olha, não pode molhar o chão - disse ele.

Assim que virou o corpo percebeu que estava sozinho no corredor, arrastou os olhos sobre as pegadas e decidiu segui-las. Desceu a escada, atravessou um corredor e se deparou com uma cabine com a porta entre aberta. De repente a porta se abriu rapidamente, ele jogou seu corpo para trás com o susto.

-Oi senhor Alex - disse a camareira.

-Oi - Ele respondeu tentando controlar a respiração.

-Está tudo bem?

-Sim, apenas diga para essa passageira secar os pés antes de andar pelos corredores.

-Que passageira?

-A que está nesta cabine - ex respondeu incomodado.

-Está cabine está vazia senhor.

-Como assim vazia? É essas marcas?

Alex jogou os olhos para o chão e as pegadas sumiram.

-Está procurando alguém senhor?

-Não, tudo bem.

Alex voltou para a cabine confuso, aquelas pessoas correndo e a mulher molhada não saiam de sua cabeça. Talvez estivesse muito cansado, talvez seja efeito colateral de algum remédio, o que está acontecendo? Seus olhos se fecharam e ele finalmente dormiria, até que alguém começou a bater em sua porta desesperadamente, Alex saltou da cama e puxou a porta, o corredor estava vazio. Ele empurrou a porta e quando a trancou, as batidas recomeçaram, mas quando puxou a porta novamente se deparou com o corredor vazio.

-Que porra é essa?

A mulher alta surgiu no fim do corredor olhando para ele fixamente, seus é rolavam em suas pernas e formavam um caminho negro por trás dela.

-Precisa de ajuda? - Alex perguntou assustado.

Ela não respondeu. Ele virou o corpo para fechar a porta e quando jogou os olhos no final do corredor a mulher não estava mais lá. Alex caminhou em silêncio pelos corredores, na tentativa de encontrar alguma explicação para as coisas estranhas que aconteciam. Ele desceu pela escada principal e se deparou com os quadros, de repente seu corpo esfriou, seus olhos arregalaram, suas pernas amoleceram.

-Que merda é essa?

Os quadros estavam em branco, todos vazios, como isso é possível? Um homem saiu do canto da parede com um chapéu escondendo o rosto, terno preto, e luvas nas mãos.

-Você o encontrou? - parecia três vozes falando ao mesmo tempo.

-Encontrei o que?

-Está com você?

-O que? - Alex gritou assustado.

-Onde está?

-Eu não sei do que você está falando - Alex respondeu com a voz tremula.

De repente um grito ecoou pelo corredor atrás dele, Alex virou o corpo aterrorizado, parecia uma mulher agonizando de dor. O grito ficou mais agudo e se transformou em uma risada que fez seus pelos da nuca arrepiarem.

-Nós viemos buscar o que é nosso - disse o homem.

Alex se sentou no chão, levou as mãos aos ouvidos e balançava o corpo para frente e para trás.

-Isso não é real - ele Sussurrou - estou sonhando.

De repente ele começou a sentir uma respiração na nuca, como se a pessoa estivesse sem ar. Ele virou o corpo e se deparou com o local vazio. Alex correu pela escada até o primeiro andar, ouvia a música e as pessoas conversando, sentiu um enorme alívio. Mas quando entrou no bar, o barulho sumiu, e o local estava vazio.

- Tem alguém aqui? - Alex gritou.

De repente as luzes se apagaram, a temperatura caiu drasticamente, o chão parecia molhado e pegajoso. Sussurros vinham de todas as direções, como se o local estivesse lotado de pessoas.

-O que está acontecendo? - ele perguntou.

Um celular começou a vibrar sobre a bancada do bar, ele agarrou o aparelho e constatou que não tinha sinal.

-É óbvio que não tem sinal, estou no meio do nada.

Acendeu a lanterna do apararelho e passou ao redor, constatando que não havia mais ninguém no local e o chão não estava molhado. Ele caminhou pelos corredores confuso, tentando entender o que estava acontecendo. Se sentou no topo da escada e apenas aceitou que tinha enlouquecido. As luzes de emergência se acenderam, deixando o local parcialmente visível. Um pingo caiu no degrau por entre suas pernas, parecia sangue, ele apertou as sobrancelhas confuso, levantou o rosto e a cena mais horrenda surgiu diante de seus olhos. Corpos humanos presos no teto em ganchos, desmbrados, rasgados, Balançavam de um lado para outro, rasgavam e caiam sobre a escada, soltando um ruído abafado. Alex tentou levantar mas seu corpo estava preso na escada.

-Socorro - ele gritou - alguém me ajuda.

O capitão desceu as escadas correndo.

-O que está acontecendo?

-Eu não sei - Alex respondeu aos prantos.

-Você tem o que eles querem?

-O que? Claro que não - Alex respondeu furioso.

-Que pena.

O capitão desceu alguns degraus, começou a puxar e arrancar a pele, de repente ele começou a arrancar a carne ficando irreconhecível, basicamente um Esqueleto com pedaços de carne apodrecida.

-Onde está o coração do oceano? - o zumbi perguntou.

Seria uma metáfora? Algum tesouro perdido.

-Eu não sei - Alex gritou - Eu juro que não sei.

O esqueleto agarrou uma faca enferrujada que estava preso na sua Cintura, puxou Alex pela perna e começou a cortar a perna de ex na altura da cintura.

-Não - Alex gritava de dor e de pavor - Me solta, socorro.

O esqueleto segurou o rosto de Alex com as unhas das mãos e bateu sua cabeça contra o degrau da escada três vezes até Alex perder a consciência.

Alex retornou a consciência aos poucos, sua perna direita foi cortada, o esqueleto estava agaixado e comendo a perna como um animal, arrancando os pedaços de carne com seus dentes amarelos. Estranhamente Alex não sentia dor, apenas desespero, mas seu corpo estava pesado, lento, parecia estar drogado.

-Por quê não me matou? - Alex perguntou com dificuldade.

-Prefiro carne fresca - disse o esqueleto com uma risada diabólica.

Alex passou os olhos ao redor e estava repleto de esqueletos agaixados comento os passageiros, ele ouvia o som da carne sendo mastigada, dos gemidos de uma mulher que estava sendo comida viva, o esqueleto arrancava pedaços de sua garganta que jorrava sangue pra todos os lados.

-O que vocês querem? - Alex gritou - Que porra que vocês estão querendo?

-Nos queremos o que é nosso - o esqueleto respondeu enquanto pedaços de carne deslizava pelo canto de sua boca.

-Então pega o que é de vocês e acabem logo com isso - Alex Sussurrou.

De repente os esqueletos ficaram sobre os pés, caminharam ao redor e começaram a arrancar partes da parede, pedaços da escada, objetos restaurados, tudo que pertencia ao titanic original, depois saltavam para o mar. O navio foi completamente desmontado em questão de horas, e Alex foi lançado sobre um bote salva vidas. Milhares de pessoas afundaram o navio, depois ficaram sobre as águas o encarando, eles reconheceu aquela multidão, foram eles que Alex viu descendo as escadas correndo. Por que ainda estão aqui?

Uma névoa cobriu a multidão e quando dissipou não havia mais nada.

Alex sabia que estava morrendo de hemorragia, ele apenas se entregou, estava pagando por sua ganância assim como os outros passageiros. De repente um bote salva vidas se aproximou com uma mulher idosa sentada de costas. Alex levantou a mão na esperança de ser salvo no último instante, a idosa agarrou sua mão, o puxou para cima e a peruca caiu, era o Esqueleto que comeu sua perna.

-Onde está meu colar coração do oceano?

-Eu não sei - Alex gritou.

O Esqueleto cravou as unhas tô peito e no queixo de Alex o decapitando, bebeu o sangue do tronco e pisou na cabeça a despedaçando. Depois jogou o corpo na água e assistiu boiar para longe.

Alex abriu os olhos e estava em pé sobre as águas, dentro de uma redoma de vidro, acima dos destroços do navio, salivando com desejo de devorar a carne humana que boiava do lado de fora.

-O que está acontecendo?

Alex estava certo, existe uma maldição no Titanic que o condenou a apodrecer e comer restos humanos para toda a eternidade, como um zumbi.

-Como quebra essa maldição?

-Com o colar coração do oceano - o Esqueleto respondeu - ele é a chave para abri a redoma.

-Como vamos pegar?

-Não vamos, temos que esperar alguém trazer para nós - o Esqueleto respondeu.

-Como assim? Quem vai trazer esse colar específico para cá?

-Ela vai trazer, vai me libertar outra vez.

-Ela quem? - Alex perguntou.

-Rose.

Ashira
Enviado por Ashira em 06/05/2022
Código do texto: T7510635
Classificação de conteúdo: seguro