Ronaldo acordou cedo, logo ele deveria estar na fábrica de TransPra(Empresa que inventou a coqueluche do século. Pratos que se convertiam de rasos para fundo, ou de fundo para rasos automaticamente).
     Vestiu-se como de costume; macacão, capacete e bota. Caminhou até o ponto de ônibus e após algumas horas chegou ao trabalho. Na porta da empresa retirou o seu cartão de ponto, estranhou que o funcionário responsável pelo controle dos funcionários que batem o cartão não se encontrava. Caminhou em fila até o seu local de trabalho, dentro da empresa. Se colocou de frente a uma esteira rolante ao qual deslizavam vários TransPra. Sua função era a de observar se os pratos estavam inteiros, sem arranhões.
      Ronaldo passou a parte da manhã de frente a esteira observando os TransPra.
     Os pratos, levados por uma esteira, saiam de um galpão ao lado do galpão ao qual Ronaldo trabalhava, percorriam certa distância pelo galpão até chegarem ao final deste onde desapareciam em uma entrada que dava acesso a outro galpão, este destinado a separar e embalar. Tocou o sinal para dar início ao horário de almoço.
     Ronaldo estava preocupado, do ponto onde ele estava podia-se ver o Presidente da empresa olhando o trabalho dos funcionários. Olhar ríspido, tenebroso.
     Tocou o sinal para dar reinício ao trabalho. Ronaldo estava se deslocando para a linha de produção quando tocaram à sua costa:
     - Ronaldo Dutra.
     - Sim sou eu. - Respondeu Ronaldo, visivelmente assustado. Quem o chamara a atenção era o Diretor.
     - Ronaldo, nós tivemos uma infeliz notícia. Rômulo Xavier, o responsável pelo controle dos cartões de presença faleceu. Seu corpo foi encontrado com a cabeça decepada jogado em um rio próximo, como você realizou o curso de controle de presença, gostaria que assumisse o serviço.
     Ronaldo olhou, com um olhar de descontentamento para o Diretor, pois teria que chegar mais cedo e o valor que receberia a mais era irrelevante. Mas ele aceitou:
     - Sim senhor, mas que coisa horrível, já sabe como foi?
     - Sabemos, mas não sabemos! Você começará amanhã.
     Terminou o expediente e Ronaldo foi para casa, confuso com a resposta do diretor, “Sabemos e não sabemos”. No outro dia acordou mais cedo e foi para o trabalho a fim de realizar a sua nova função.
     Chegando ao trabalho e na posição de controlador do ponto, percebeu que gerava certa antipatia para com os seus colegas.
     Terminado o trabalho da recepção ele voltou à linha de produção, olhou para cima em direção do Presidente da empresa e percebeu que ele estava de costas, bom sinal. Depois de alguns minutos observando os pratos, uma mulher bonita entregou-lhe um documento pedindo para ele ler com muita calma. 
     Ronaldo morava em uma pequena cidade cujos moradores trabalhavam na empresa TransPas. A empresa era subsidiada pelo governo central, que comprava toda a produção e a distribuía. Emprego seguro com o aval do governo.
     Ronaldo acordou para ir ao trabalho, mas antes dele se preparar, pegou a carta e a leu. No seu conteúdo informava que ele fora promovido a Diretor de setor. Ronaldo respirou profundamente, correu desorientado pela casa. Sua esposa, que levantara a algumas horas, o para e o informa que a empresa entregara um uniforme novo para ele. Ronaldo coloca o uniforme e vai para o trabalho.
     No trabalho Ronaldo não passa na entrada para bater o cartão. Agora na função de Diretor ele tinha o privilégio de entrar por uma porta particular própria para a passagem do Diretor e o Presidente.
     Chegando a sua sala para exercer o seu novo trabalho, Ronaldo é recepcionado pela bela secretária que lhe entregara a carta. Um funcionário de cabelos brancos o informa que lhe levaria para um reconhecimento de todas as instalações da empresa e o auxiliaria, no que fosse necessário, quanto às atribuições de seu novo cargo.
     Percorrendo a empresa, Ronaldo é levado até um galpão onde se encontrava o final das esteiras que tanto viu durante os anos que trabalhava naquela função observando os pratos. Ficou preocupado, pois os pratos que rolavam nas esteiras, no seu final, caiam ao chão e se quebravam, alguns homens recolhiam os cacos e os colocavam em outra esteira.
     Ronaldo caminhou, acompanhado de seu guia, até o final daquela nova esteira e percebeu que ela parava em outro galpão onde vários funcionários moldavam outros pratos a partir dos quebrados e colocavam em uma esteira que era justamente a que ele trabalhara.
     Ronaldo chegou à conclusão que os mesmos pratos que ele olhava eram quebrados e depois reunidos e passavam novamente pela inspeção que ele realizara, voltou-se para o seu guia e perguntou:
     - O que está acontecendo aqui!
     - Você não sabe?
     - Não! Se não eu não estaria perguntando!
     - Então continue a não saber.
     Ronaldo foi conduzido a sua nova sala. Chegando lá o seu guia pediu que no final do expediente fosse à sala do Presidente.
     Passaram-se horas e Ronaldo entrou na sala do Presidente. Se aproximou calmamente, percebeu que o presidente estava de costas para a produção, bom sinal. Falou seu nome e esperou uma reação do presidente, falou novamente e nada, então Ronaldo colocou sua mão no ombro do presidente. Pulou para traz assustado, percebeu que o presidente era um boneco. A frente do boneco tinha um bilhete.
     Coloque o presidente de frente para a produção e abra o armário que se encontra na parede da direita. Ronaldo sem compreender nada foi até o armário e uma cabeça humana caiu de uma prateleira, era a cabeça do gerente. Ronaldo pulou para traz, foi então que percebeu um bilhete no armário:
     “Coloque a cabeça no local. Entendeu agora!”
     Ronaldo colocou a cabeça do antigo gerente no armário, endireitou o Presidente da empresa, o colocando de frente para a produção e saiu correndo para a sua casa.
     Ronaldo acordou cedo, logo ele deveria estar na fábrica de TransPra(Empresa que inventou a coqueluche do século. Pratos que se convertiam de rasos para fundos). Colocou o uniforme de Diretor e...
 
     Fim...