OBSESSÃO

(OBS: mais um sonho... alíás, foram 3 ! Neste, não vi fim e nem a inspiração me trouxe -- ao escrevê-lo -- um desfecho interessante. Anoto assim mesmo... ei-lo ! Sugiro para protagonista MILENA TOSCANO ou a cantora e atriz LUA BLANCO. Ambas têm o perfil exato para a personagem !)

OBSESSÃO

O sujeito, já perto "dos 50", passeava pelos arredores de um bairro desconhecido. Como fôra parar ali ?! Não lembrava ! Isso não o incomodou... costumava entrar nos ônibus da sua cidade e ir até o fim da linha. Visitava trechos do tal bairro desconjuntado e voltava pelo mesmo caminho. Se sentia um bandeirante do século 20, 300 anos depois. Talvez procurasse uma jóia, algo de valor, nem êle sabia ao certo ! A tarde findando, a "jóia" passou por êle usando perfume barato, com "tubinho" justo no corpo robusto -- tecido vermelho, cor do Amor -- "escalando" pelas curvas generosas da mocinha loira de olhos verdes, ameaçando denudá-la em plena rua. Era descendente de holandeses que andaram nos 1600 por Recife e Fortaleza, se esta existia. Tinha um sorriso lindo, veria depois, mas insistia em contê-lo, "fechá-lo a 7 chaves", dá-lo somente a quem fosse do seu agrado.

Passou por êle, olhar sensual e entrou adiante num bar com salão amplo, várias pessoas nele. Algo o fez seguí-la e a Beleza estava ali, sobre duas lindas pernas bem fornidas, a sustentar magnífica fêmea. Êle não era um "garanhão", não era dado a conquistas, mas algo indefinível o atraiu nela... a jovem percebeu que o atraíra, mas êle não a interessava, era questão de feromônios, de Yn e Yang, de Signos que combinam... e os deles não combinavam, não adiantava insistir !

Assim que entrou no bar, "varreu" o salão com o olhar até localizar a garota. Aproximou-se, atrevido:

-- "A mocinha aceita uma cerveja" ?, e foi sentando.

A jovem sorriu -- era mesmo um esplendor -- lhe iluminava o rosto. Em seguida fechou a boca, o sorriso e a cara, mostrando o desagrado interno estampado na face.

-- "Não, Obrigada... só bebo refrigerante" !

-- "Não quer dançar ?! Meu nome é Jorge, já ía esquecendo... passei por aqui e, quanto te vi, pensei: "preciso conhecer essa gata" ! Não quer mesmo dançar" ?

-- "Não, a "gata" não quer dançar ! Venho sempre aqui, só para apreciar, "matar o tempo", moro perto" !

-- "Você me permite lhe dar um presente" ?!, e tirou a carteira recheada do bolso de trás, pondo-a sobre a mesa. O rosto da garota mudou de cor. Alteou a voz:

-- "O senhor está me tomando por... PU-TA, ééé" ?!

Pessoas se voltaram pra mesa dele, já em pé, "o caldo entornara", era hora da retirada... saiu do bar quase correndo.

-- "Desculpe, senhorita, não foi a minha intenção" !!!

Lá fora pegou um táxi, propondo ao motorista algo estranho: circular o quarteirão e voltar ao bar, onde ficariam pelo tempo que fosse preciso. Grana generosa fez o "chofér do carro de praça" (eram os anos 70) aceitar. Hora e meia depois sai Alexandra, anda algum tempo, o táxi seguindo-a à distância. Pára numa casa, entra por instantes, saí e continua a caminhada. O táxi pára na mesma porta pouco depois, um menino está no jardim. O velho "sonda" a criança, brincando com um carrinho:

-- "Faz tempo que não venho aqui, garoto... sabes onde mora uma jovem loira, de olhos verdes" ?!

-- "Sei, sim, é a "LEXA"... é no 321, casa azul, lá embaixo" ! (OBS: serve qualquer cor, no caso de filmagem.)

O táxi seguiu, justo quando a moça abria o portão de sua casa. Viu o velho e tremeu, sabia o que a esperava, o sujeito estava OBCECADO por ela, aquilo não ía acabar bem, disso ela tinha certeza. Coisas de "rato" e "Gata" !

"NATO" AZEVEDO (em 30/jan. 2022, 6hs)

(NOTA DO AUTOR: o sonho findou aqui... deixo a cargo do eventual leitor encontrar um final para a estória !)