ALGO INESPERADO
Às 6h30min, numa manhã fria de maio, quando Ana Cristina dirigia-se ao trabalho, na Rua Marechal Floriano Peixoto, esquina com a Rua dos Andradas, na altura do relógio da Loja Masson, viu uma moça caminhando em sua direção. Próximas, reconhecem-se. A alegria e a felicidade do reencontro foram fantásticas. Ao olhar a roupa da amiga, percebeu que o vestido e o chapéu eram semelhantes aos seus.
Charlotte, estás muito bem!
– Emanuele, tu sempre delicada e elegante!
– Oh! Muito obrigada, amiga! Deveríamos nos encontrar mais vezes. Que tal? Passo o meu número. Tens onde anotar?
– Ah! Muito obrigada! Ando numa corrida! Fica meio complicado... Além do mais, estou sem telefone. Foi um prazer te encontrar, mas preciso ir! Tchau!
As duas se abraçaram e despediram-se. Ana Cristina achou a amiga um tanto inquieta. Pensou:
– E esquisito alguém não ter telefone atualmente... Mas enfim!
Em seu coração não cabia escuridão; refletia-se a imagem de Emanuele. No passado, um mundo de alegrias. No reencontro, mistério!
Charlotte não conseguiu dormir frente à estranheza que a antiga amiga lhe causara no encontro. Pensou em ir, no dia seguinte, a mesma esquina, esperançosa de revê-la. Decidiu que sua ida, à Loja Masson, seria na terça-feira.
No dia seguinte, chegando à Loja Masson, enquanto, em pensamentos, reprisava o encontro com a amiga, notou que havia presa em seu vestido, uma carta. Sem nada entender, procurou um banco para sentar-se, momento em que constatou ter também um envelope afixado no vestido de Emanuelle.
Após, dirigiu à amiga e perguntou-lhe qual era o conteúdo de sua carta. Emanuele respondeu que era um mistério, estava escrita em códigos. Charlotte disse-lhe que a sua também estava assim.
Ambas não sabiam quem ou o porquê de terem lhes enviado essas cartas. Era algo a ser desvendado.
Qual das jovens irá esclarecer este mistério?
Charlotte não conseguia tirar o problema de sua cabeça! Virou a noite tentando desvendar o que os códigos queriam dizer e como eles poderiam estar relacionados com o inesperado encontro com Emanuelle.
Depois de um tempo, sem poder desvendar uma palavra sequer, decidiu ir a uma biblioteca que ficava perto de sua casa, na expectativa de achar respostas.
Ao retornar a casa, exausta, entrou numa lancheria para tomar um cafezinho, ocasião em que percebeu estar sendo observada por um homem, elegantemente vestido, sentado próximo ao balcão da entrada. Ele, ao notar que fora visto, apressado, deixou o local. Charlotte, intrigada, passou a segui-lo.
A passos largos, o rapaz desceu a Av. Borges de Medeiros e, de quando em quando, olhava para trás para verificar se estava sendo seguido. Na Rua Cel. Fernando Machado, dobrou à esquerda. Charlotte o viu entrar num prédio em frente ao Mercado Zaffari. Minutos depois, aproximou-se da portaria e, gentilmente, cumprimentou o porteiro. Conversa vem, conversa vai, falou-lhe que procurava uma amiga recém-mudada à capital.
– Moça, há um mês chegou um casal no edifício. Ela se chama Carol. O seu Luigi, esposo da moça, acabou de subir. Será esta senhora a sua amiga?
– Creio que sim! O senhor pode interfonar e pedir que ela desça?
– Sim. Sente-se um pouquinho!
– Charlotte!
– Emmanuelle!
O porteiro, boquiaberta, disse:
– Charlotte! – Emmanuelle! – Charlotte! – Emmanuelle!
As duas sorriram e, com carinho, abraçaram-se.