O AMOR QUE O VENTO LEVOU, ESPALHOU E DEVOLVEU EM DOBRO.

Na pequena cidade de Rio de Agosto havia um alerta sendo emitido de que um tornado da categoria F5 com ventos acima de 497 quilômetros por hora iria passar pela cidade e destruir tudo que estivesse pela sua frente e que as vinte e sete mil pessoas daquele local deveriam se esconder dentro de porões ou fugirem para as outras cidades mais próximas.

Ricardo havia acabado de perder a pouco tempo sua esposa por uma infecção generalizada pós parto de sua filha Vitória e sozinho cuidava da neném e de seu filho mais velho o Eduardo de onze anos. Enquanto voltavam do cemitério ao visitar pela primeira vez o túmulo de sua esposa Ricardo não sabia que um tornado faminto por destruição vinha em sua direção, mas desconfiou que muitos carros partiam em direção contrária a sua. Ao chegar em casa com a bebê no colo e seu filho, percebeu que ventava muito, foi ver pela janela dos fundos da casa e avistou o tornado se aproximando à uns quatrocentos metros a sua frente devorando tudo que estava pelo seu caminho e vindo muito rápido em sua direção. Ricardo com sua bebê no colo pegou seu filho e levou-os para o carro, colocou Vitória nos braços de Eduardo deu a partida, mas não funcionava, tentava duas, três, quatro vezes e então ele saiu do automóvel pediu para seu filho dar a partida enquanto ele empurrava o carro, porém era tarde demais para tentar algo o tornado engoliu eles. Eduardo só teve tempo de se jogar em cima de sua irmã e a protegê-la com seu corpo. Seu pai foi o primeiro a ser arremessado para o centro do tornado e em seguida o carro também foi erguido e arremessado pelos ares.

Foi um silêncio total após a passagem da tempestade de grande violência até a chegada dos bombeiros que procuravam por sobreviventes em meio a destruição. Felipe um bombeiro voluntário de dezoito anos que estava no seu primeiro dia de trabalho vasculhava os escombros quando ouviu um choro, tirou alguns entulhos e encontrou uma bebê com algumas escoriações, mas ainda com vida dentro da lataria amassada de um automóvel. Era Vitória, graças ao seu irmão que à protegeu ela foi uma das sobreviventes da catástrofe que matou setenta e sete pessoas incluindo seu irmão e seu pai na qual o amor o vento levou. Felipe criou um laço tão grande com a pequena que decidiu adotá-la, semeando o amor e lhe dando em dobro.