A Matinta - PARTE DOIS
Logo cedo as mulheres lavando as roupas na beira da ponte. — O que foi Dona Antônia, está calada hoje? — Dona Noronha, vendo que Antônia está calada e pensativa.
— Ontem a Matinta foi buscar tabaco na minha porta. — Esfregando a roupa.
— Mais quando, Dona Antônia, nem ouvimos os assovios dela. — Fala Dona Noronha, esfregando o sabão na roupa.
— Pois bem, então deixemos para lá!
— A senhora nem sabe, o Raimundo saiu ontem para pescar e até agora não voltou, estou preocupada. — Deuzarina diz enxugando o rosto suado.
O luar ilumina a pequena vila de ribeirinhos, quando o silêncio da mata é quebrado por três caboclos com lamparinas e facão na mão gritando pelo Raimundo.
— Égua, já estamos a muitas horas procurando e nem sinal do Raimundo. — Receoso.
— O que aconteceu com ele, será que a Matinta o levou?
— Será seu João?
— É melhor voltarmos. — Os três homens resolvem voltar, pelo mesmo caminho, quando ouvem o assovio. — Valei-me, é a Matinta! — Amedrontado diz um deles que apressam os passos. Um segundo assovio é ouvido mais próximo deles.
Dona Antônia sentada na rede, ouve o assobio. — É ela a Matinta voltou. — Ela levanta e vai até a janela, dá uma olhada rápida e fecha a mesma.
Na mata os homens caminham apressadamente, até que alcançam o caminho próximo a margem do rio, onde o luar ilumina melhor. Eles ouvem alguma coisa correndo no mato próximo deles. — O que é isso? — Indaga um deles.
— Deve ser um porco do mato. — Manoel fala olhando na direção do barulho.
— E se for a Matinta?
— A gente arreia logo, ela aqui mesmo e miúda ela e dá pros peixe comer.
— Que, isso Manuel, tu sabe que quem Matar uma Matinta o espírito dela vem buscar o assassino e toda a família um por um a começar pelas criança menor.
— Deixa quieto, vamos seguir. — Manuel, desconversando.
Continuam a caminhada de volta; quando de repente olham mais a frente deles, percebem que tem alguém caído. Eles param, observam de longe, e vão se aproximando aos poucos e percebem que é uma mulher. O rosto coberto pelos cabelos, nua e suja. — Ela está morta? — Indagou João que não para de olhar o corpo da tal mulher.
— É, Estela. Tira o cabelo do rosto dela. — João com a ponta do facão afasta um pouco os cabelos do rosto da mulher, e percebem que estavam certos, era Estela. — É a desaparecida.
— Vocês, percebem que ela não está com mal cheiro? — João surpreso.
— É claro seu abestado, ela está viva.
— Como sabes?
— Olha a barriga dela, respira lentamente, está fraca; precisa de um caribé com ovo de pato. – Fala Manoel triste.
— É melhor buscar ajuda das mulheres; vocês dois vão que eu fico a guarda, vai que aparece alguma cobra ou porco do mato e devora a coitada. — Diz João firme na decisão.
Os homens se olham e seguem o caminho, deixando João a acautelar-se pela pobre coitada. Eles desaparecem. João olha para Estela. — Mulher gostosa. — Afirma para si mesmo enquanto massageia sua parte íntima. Ele separa as pernas dela, abre o zíper de sua bermuda, já com ereção; põe-se de joelhos, jogando o facão de lado; massageia com uma das mãos os seios dela. Quando ele ouve a voz de uma criança. — Mamãe! — João se apavora levanta, olha em sua volta e nada, resguarda seu membro já sem ereção pelo susto. Apanha o facão e caminha um pouco para ver se encontra algo. Quando volta o olhar para Estela, a mesma não está mais lá. Os olhos de João se arregalaram, um desespero toma conta dele. — João. — Ao ouvir seu nome virou-se ficando de costa para o rio. Não acredita no que vê. Arma-se.
— Vem, que eu corto a tua cabeça fora… — Mesmo com medo, demonstra coragem. Uma mulher não definida, cabelos jogados no rosto, braços longos, mãos compridas e com unhas enormes enroladas, um tanto corcunda, roupas em farrapo. — Tabaco.
— Eu, não tenho aqui… — João se urina quando percebe que a Matinta dá passos em sua direção.
— Por favor, não me mate… — Começa a fazer o sinal da cruz. — Santo Anjo do senhor, meu zeloso guardador… — João não consegue terminar a oração quando percebe que está caindo na beira do rio. Ele joga o facão e se lança no rio nadando para longe da margem. A Matinta para na beira do rio. Bolhas começam a sair do lado de João, assustado nada em direção ao contrária da margem; para e olha e não ver mais a Matinta. Subitamente algo o puxa para o fundo do rio, se lhe dar chance de gritar.