JANELA SEM VIDRAÇAS...
...por sua janela, ela só observa a vida.
Se antes arredia e amedrontada,
Agora teme sua própria silhueta!
Sua sombra virou uma inimiga inseparável;
E seu medo, vai congelando sua alma.
Uma falsa calma domina e a toma por inteiro.
Sem perspectivas, sem vontades, sem futuro...
As boas e poucas lembranças, vem e vão
Cada vez mais forte ao auto desamor;
E todos os dias findam da mesma forma;
Como clicks de um relógio sem movimento,
Mas que a faz entender que seu tempo, corre parado!
Um falso casamento que acabando,
Sepulta sem dó seu pouco de autoestima e bem querer!
Dentes, unhas, cabelo e sonhos aniquilando-se!
Corpo, acelerando ao desleixo total!
Se cronologicamente com a mocidade a favor,
Os golpes seguidos de dor, incidindo no mesmo ponto
Judiam demais de sua caricatura atual!
Antes uma bela mulher, cheia de esperanças...
A solidão, o abandono e a traição foram demais
Para aquela pobre e enganada consorte!
Anos e mais décadas de uma tentativa de subserviência;
Numa submissão lacerante e total!
Levando de arrasto, o todo do quase nada que sobrou,
De amor próprio e vaidade;
Fazendo limitar-se apenas a uma janela sem vidraças.
Seu lar era tudo e o tudo era seu pequeno mundo...
Pois bem, este acabou de ruir;
E está soterrando um coração
Que bate de teimoso, descompassado e sem som!
Na janela sem vidros, sempre lá, vê vidas passando...
Ouso dizer que ainda ouve seus passos pelos cômodos
Agora calados, depois de fenecer em matrimônio!
Passos marcados da vida que só sobrevive do lado de fora.
Mas, se vive! ...se ainda respira, poderá sim resistir...
Poderá quem sabe ganhar novo alento e um extra de alegria!
Escondido em seu passado está guardada uma paixão;
...a mais bela recordação colorida de um sonho podado;
Tolhido na essência e trancado num cantinho do seu coração!
Talvez isso explique porque ainda bata, mesmo que devagarinho...
Pois bem, ela... Ela tem nome sim!
Independentemente de sua falta de vontade
“Isadora”, sim Isadora, esse é seu nome;
Talvez ela própria o tenha esquecido...
...é jovem, apesar do prélio quase fatal,
Percebe que naquele seu antigo e primeiro amor
Talvez tenha uma chance, que até ela desconfie e duvide...,
De ser e tornar-se de novo, ...mulher, desejada e amada.
Destino! piedade dos céus!
Ou quem sabe o que era de fato pra ser.
Viúvo e só, José, depois de trinta anos reencontra e reconhece
Naquela janela sem vidraças
A moldura de seu grande amor!!!