Nobres poetas e poetisas e simpatizantes aqui do Recanto. O conto O Quarto Escuro tem cinco capítulos e uma parte final que você pode acompanhar na ordem clicando nos títulos abaixo.
Uma excelente leituras a todos e um grande abraço.
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O Quarto Escuro 1
"O Grito no Vazio: Uma Alma Perdida nas Sombras do Esquecimento"
O Quarto Escuro 2
"À Beira do Silêncio: O Desespero que se Oculta na Escuridão"
O Quarto Escuro 3 - Breve
"Entre a Vida e a Morte: A Batalha Invisível por Sobreviver nas Sombras do Inconsciente"
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Quarto Escuro 1
"O Grito no Vazio: Uma Alma Perdida nas Sombras do Esquecimento"
No canto escuro de um quarto esquecido, ela foi trancada. Gritou, mas ninguém ouviu. Tentou mais forte, o som de sua voz preenchendo o vazio, até que o cansaço tomou conta e as palavras morreram na garganta. Faltou-lhe o fôlego, e seus sussurros se tornaram tão fracos que nem ela conseguia escutá-los. Estava completamente só, perdida na escuridão impenetrável.
Sentada em uma cadeira velha, tudo o que lhe restava era pensar. Mas os pensamentos não traziam consolo; pelo contrário, arrancavam lágrimas silenciosas de seus olhos. Havia apenas um feixe de luz frágil, que mal iluminava o chão à sua frente. O restante do quarto permanecia oculto nas sombras. Quando tentava falar, a própria voz parecia um eco distante, e seus passos soavam como vidro quebrando sob seus pés.
Ela continuou sentada, imóvel, tentando entender a vastidão do silêncio que a cercava. Eventualmente, resolveu se levantar. Andou de um canto a outro, tateando as paredes, tentando encontrar uma porta. Mas a saída não estava onde deveria, ou talvez nunca estivesse lá. Não havia vozes do lado de fora, nem o som de alguém caminhando pelos corredores. Talvez não houvesse corredores. A solidão era absoluta. O pânico, inevitável.
O tempo se arrastava de forma insuportável. Ela já não sabia quantas horas ou dias tinham passado. A ausência de qualquer sinal do mundo exterior fazia sua mente se contorcer em desespero. O medo, que no início era uma presença controlável, agora a dominava completamente. Cada sombra no quarto parecia se mover, cada silêncio pesava como um fardo em seu peito.
Eles a deixaram ali, sem nenhuma explicação, sem água, sem comida. Não sabia ao certo quantos dias havia se passado desde a última vez que sentira fome, pois o desespero era tão grande que até a necessidade de comer desaparecia. Seu corpo estava exausto, as pernas expostas pelas roupas rasgadas e sujas. Sua única proteção eram sandálias simples, e a pouca energia que lhe restava era gasta controlando o pânico.
De tempos em tempos, olhava ao redor, tentando se convencer de que havia uma porta. Imaginava que, em algum momento, alguém viria e a libertaria daquela prisão. A esperança, mesmo frágil, era sua única companhia. Mas a escuridão a cada instante parecia se aprofundar, tornando suas ilusões cada vez mais distantes.
O tempo, antes mensurável, agora se diluía em uma eternidade. Ela já não tinha noção de quantos dias estava ali, aprisionada naquele pesadelo. Cada segundo parecia durar uma vida. As lágrimas secaram, e tudo o que restava era o vazio, o cansaço, e o medo constante que a cercava como uma segunda pele.
Sem água, sem forças, ela começou a se perguntar se alguém sequer se lembrava de sua existência. As sombras ao seu redor pareciam ganhar vida própria, e a escuridão já não era apenas um cenário, mas uma presença sufocante, que a envolvia, sugando cada pensamento de esperança que ainda restava.
“Oi... tem alguém aí... pode me ouvir?” O som ecoou, fraco, sem resposta. Ela esperou, mas o silêncio a engoliu de novo, deixando apenas a solidão e a incerteza de sua própria existência.
O silêncio voltou, implacável. O quarto, escuro e imóvel, era agora seu lá, era parte de si. E ela ficou ali, sem saber se o mundo ainda se lembrava dela ou se aquele quarto seria seu túmulo eterno.
Continua...