FELICIDADE NA DOR: PARTE 1

Flávio estava deitado no sofá de casa assistindo uma partida de futebol. Seu time em noite inspirada vencia e convencia. Em dado momento a campainha tocou, aborrecido por desgrudar os olhos do jogo foi atender. Era a sogra Carmen, alinhara com Julia de lhe aguardar pós trabalho. O casal havia se mudado a pouco e a moça aceitou a ajuda da mãe para arrumar alguns objetos. Notou de imediato o clima festivo, pois seus olhos brilhavam eufóricos, a recepcionou com um abraço e não querendo incomodar tratou de ir para a cozinha. As tarefas pareciam óbvias afinal eram copos, talheres dentre outros utensílios necessitando de arrumação.

Eram vinte e duas horas e trinta minutos, enquanto organizava as coisas Carmen ouvia os gritos do genro alucinado. A vizinhança colaborava afinal o time era popular na cidade. A exibição de gala merecia gritos, xingamentos e toda espécie de desabafo. Talvez aquela não fosse a ocasião propícia, olhou para a bolsa trazida a tira colo e buscava decidir se faria ou não aquilo. Os pensamentos a levaram, momentos inesquecíveis e não teria volta.

O time fez mais um gol, necessário para classificar a próxima etapa do torneio. Eram fogos de artificio, buzinas de carro e todo tipo de som para comemorar. Flávio embalado seguia em puro êxtase e a rouquidão tomou conta. Carmen a cada explosão sentia o corpo flamejar, as mãos tremulas, suor e mente desgovernada. Foi quando levantou da cadeira, pegou a bolsa e foi até a sala. A aproximação foi notada e ao virar-se percebeu a sogra tirando algo, era uma arma calibre trinta e oito. Foi tudo muito rápido e quando menos esperou já havia recebido três tiros no peito. A atiradora chegou perto e observara o corpo estirado. Ele sussurrava por socorro, o medo estampado no olhar enquanto dava os últimos respiros. E a sogra ali, com certo prazer, feliz, mesmo observando dor.

CONTINUA...

FILIPE DA PAZ
Enviado por FILIPE DA PAZ em 01/12/2020
Reeditado em 17/12/2020
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