E agora?
Aquela sexta-feira não fora um bom término de semana para Jaime. Ele era representante comercial, as visitas atrasaram e como ele fazia questão de estar em casa com a família no final de semana, resolveu não pernoitar na região.
A noite se aproximava e ele tinha duas opções para a viagem de volta: seguia pela rodovia num trajeto mais longo ou pegava um atalho conhecido por uma estrada de terra. Optou pela segunda.
Seguindo rapidamente pela estrada estreita, mas bem cuidada, faltando poucos quilômetros para chegar novamente na rodovia, percebeu que um dos pneus havia murchado.
O Sol já havia se posto e como era mês de junho, soprava um vento frio e persistente que balançava lentamente as silhuetas das arvores contra o céu estrelado, de modo um pouco assustador naquela estrada deserta.
Jaime, receoso com o ambiente, pôs-se a trocar a roda o mais rápido possível, com ajuda da luz do farol e de uma lanterna grande que mantinha no porta-malas.
Estava terminando a troca quando sentiu que alguém o observava. Virou-se rapidamente e deparou com um homem alto, magro, de chapéu e botas que o olhava fixamente.
- Nossa homem, você quase me mata de susto! - Disse Jaime com irritação.
Após alguns segundos, o homem respondeu pronunciando devagar as palavras – Eu também já levei um susto grande aqui neste mesmo lugar …
- É? O quê aconteceu? – Perguntou o viajante pouco interessado, enquanto continuava a apertar os parafusos da roda.
- Uma noite eu estava voltando para casa a cavalo, quando de repente um automóvel passou em alta velocidade e quase nos atropelou. O cavalo assustou, eu caí e …
- E ...? - Perguntou Jaime fitando o homem.
- Eu morri de verdade …