Por una cabeza...?
Já não me lembra se era uma tarde de sábado ou se de domingo. Dia de plantão na chamada sala de situação do Ministério das Relações Exteriores, que acompanhava com acendrado grau de interesse os eventos e desdobramentos daquela guerra. E já não sei se nos Balcãs ou se no Golfo. Início dos anos 90.
E esse plantão ad hoc coincidia com o plantão regular da Casa de Rio Branco, geralmente morno, ocupado sempre por um diplomata em início de carreira. E era um Pedro que estava ali.
Vem uma ligação do Rio de Janeiro. E era do Senhor Secretário-Geral, o Embaixador Castrioto, o segundo homem na hierarquia de Ministério, só abaixo do Chanceler que, à época não sendo um Embaixador de carreira, era judiciosamente poupado da enxurrada de assuntos menos graves, sobretudo nos fins de semana.
Por ser um ou dois degraus hierarquicamente acima do jovem Pedro, assumi - naturalmente sob protestos seus - a postura da senioridade. E o Embaixador Castrioto, cuja acuidade de raciocínio e verve histriônica, eram indisputadas entre seus pares, não tinha interesse prioritário nas notícias do conflito, que certamente já recebera de assessores sempre atentos. Daí, polidamente, ele requereu-me tão-somente um resumo bem magro do cenário balcânico.
O que ele queria, na verdade era um contato com o então Ministro da Economia argentino, Domingo Cavallo. E saí a campear o indigitado insígne por meio de telefonema à Missão em Buenos Aires. Uma espera de quinze a vinte minutos trouxe-me a resposta: fora localizado. No hipódromo...!
E ganhei a corrida ao Pedro...por una cabeza...