Tiana e Tininho
Embora ainda não envelhicida, a cadela Tiana, do Tininho, era fiel prestadora de serviços de primeira em sua chácara. Uma humanidade de animal. Lidava com a vigilância, o manejo da criação, e ainda achava tempo para gracejos, sempre à espera da aprovação do dono. Que lhe correspondia em admiração e afetos.
Mas veio um câncer na bichinha. Em progressão devastadora, que nem incêndio em pasto seco. Tininho sopesou as poucas soluções que se postavam à frente. Tudo cheirava a emergência. Hesitou, hesitou, mas se decidiu.
Num fim de tarde, ensolarada e abrasada, por sinal, levou a cadela para um lugar mais ermo e, duma distância de pouco mais de dois metros, disparou, de espingarda cartucheira. O petardo fez voar a orelha esquerda de Tiana que, atônita mais que o dono, num ganido só, zoou serra acima.
Mortificado, Tininho só baixou a cabeça e voltou para o curral. Meia hora depois, chega todo o gado. Trazido por Tiana. Que ainda olhou para o dono com olhar de piedade.