QUEM TEM... TEM MEDO!

Após ter deixado alguns parentes, na pequena vila, (isolada) retornava eu dirigindo por pequena estrada de terra. Diga-se de passagem, péssima estrada de terra: curvas sinuosas, descidas acentuadas, subidas íngremes, pedras propositadamente afixadas no chão, para em temporada de chuva, ajudar aos motoristas, no controle dos veículos, etc., verdadeira, pista “cross”, acidentada! Já, noite fechada, o ambiente, tornava-se sim, apreensivo.

Causava preocupação, pois, às margens da extensa, mais estreita estrada, estende-se grande floresta. Em alguns locais, densa. Em outros, constituída de finas e altas árvores de eucaliptos, geralmente usadas, para a indústria da fabricação de papel (SÃO ÁRVORES DE REFLORESTAMENTO) e de vez em quando, algum animal selvagem, pode cruzar repentinamente a frente do veículo e isso, é de fato grande motivo de preocupação!

Mas, não é só isso!

A noite, em alguns locais desertos, isolados, silenciosos, etc., causam sim, sempre uma outra apreensão, mesmo para aqueles acostumados a passarem por locais ermos. Ainda mais, se estão dirigindo sozinho. O silêncio, a escuridão, são ferramentas, eu diria, assustadoras, para trabalhar “contra” àqueles, que desejam sair logo daquela espécie de obscuro trajeto!

Em toda minha vida, eu ouvi falar de sujeitos valentes, que dizem nada temer. A noite, o dia, o deserto, estradas longas e vazias, casas abandonadas, etc., não lhe causam nenhum mau estar, nenhuma má impressão, nenhum receio e nenhuma apreensão!

Ouvi falar... nunca encontrei um, verdadeiramente destemido!

Porque eu sei, que em determinadas circunstâncias, em determinados momentos, na vida de cada um, a melhor coisa a fazer, é “parar de contar vantagem”, parar de fingir o que não é, e aceitar que o medo, mesmo o pavor, são sentimentos humanos, inusitados, que surgem quando coisas muito estranhas, acontecem ao redor! A não ser que o sujeito (a) seja deficiente visual, aí, a impressão exterior ficará comprometida e talvez tudo além, se mistura, inclusive, os sentimentos de apreensão, medo, covardia, etc.

Tudo o aqui narrado, me vinha na cabeça numa espécie de redemoinho intelectual naqueles momentos e quando faltava algo em torno de 2 ou 3 quilômetros para sair daquele trecho deserto e rústico de mais de 15 quilômetros, ao passar por uma última ponte, (local que já passei dezenas de vezes durante o dia e algumas outras vezes a noite), o automóvel caiu numa vala e o barulho que vez o veículo isso ocorreu, repercutiu ainda mais profundamente e chegou a estremecer meu corpo!

Por desencargo de consciência, parei o veículo logo a frente! Olhei no entorno... só escuridão, completamente deserto, nenhum outro veículo vindo ou retornando pelo local! Desci, tomei de uma lanterna, fui até a frente do carro, me abaixei para ver se tinha quebrado alguma peça, e suspirei aliviado, pois, aparentemente, nenhum dano havia sido causado!

Quando retornava para o interior do veículo, olhei novamente em torno e falo sem nenhum constrangimento, meus cabelos arrepiaram, pois, havia parado justamente defronte uma cerca, local de onde se erigia, uma touceira imensa de bambuzal que balançavam ao vento e ao fundo, reconheci o ambiente e sua “fama!” Sim, tratava-se de um cemitério isolado, onde num passado distante, dizem, enterraram dezenas e dezenas de crianças, que morreram vítimas de uma espécie de grande contágio e de onde também se falava, que altas horas da noite, por ali, aparecia a alguns transeuntes desavisados e a alguns motoristas, isolados quanto eu, uma mulher trajada de branco, cujo vestido esvoaçante, ratificava-lhe verdadeiramente aquilo que mostrava ser: um “ar” fantasmagórico! Aliás, nem precisava mais nenhum detalhe para ser apavorante e desesperador e assustador para mim...

Desde os 12 anos, aprendi a não temer a morte, a acreditar na vida após ela, a aceitar que existem espíritos que vagam por aí, etc., mas, vou afirmar com toda sinceridade: nada daquilo significou absolutamente nada para conter o pavor que me dominara. Tenho a mais clara certeza que, se aquela mulher trajada de branco, de azul, de preto, aparecesse... eu morreria de medo na mesma hora! Não tenho a menor dúvida sobre isso!

Que vontade que a p., daquele carro tivesse turbina ou asas, para mim sair dali a jato... voando! Entrei nele e nem vi quais foram os meus movimentos e nem me atrevi a olhar de lado, só para frente e somente quando cheguei em casa é que pude respirar aliviado. Eu mesmo fora surpreendido! Sim, eu nunca imaginara que era tão medroso e tão covarde (nesse aspecto). Eu não senti apenas medo ou pavor, não, eu estava quase paralisado, quase que não consegui pegar no volante de medo!

Em partes, eu atribuiu tamanho pavor, devido ao fato de passar horas por semana, assistindo documentários estilo “Assombrações!” Passeios por casas abandonadas no YOU TUBE, aparições de fantasmas, etc., mas, por outro lado, devo admitir, que quando é VOCÊ , no caso eu, o protagonista da história... a coisa muda de figura e eu reconheço que estou para encontrar outro... tão arredio, tão medroso, quanto esse... daí , caiu no meu entendimento o significado daquela velha expressão que eu acreditava só servir para alguns: “quem tem... tem medo!” Não sei os outros, mas, eu tenho e muito! Mas, não vou parar de assistir “Assombrações”, não! (Pior para mim).

Jfranck
Enviado por Jfranck em 18/09/2020
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