A MISTERIOSA VILA 37 - A CAÇADA
Asgard agora está em busca das herdeiras, na verdade é uma caçada a família de Aros. Sua chegada coincidiu com as doze badaladas do pesado sino da igreja, construída bem no centro da rua em um elevado de pedras. São exatamente meia noite quando ele atraca nas docas do porto. O sol da meia noite disfarça o crepúsculo, sob as densas nuvens do inverno. Com ele estão dois guerreiros e uma criatura alada que ele solta imediatamente, para que ela localize a casa de Aros. Ele a segue com olhos de felino, os dois guerreiros o acompanham armados com grandes sabres, e carregam uma caixa de ferro, ali serão encerradas e transportadas as criaturas.
As vielas e a rua principal estão completamente vazias, não há nenhum movimento, o frio intenso do inverno polar faz todos se recolham ao aconchego das suas lareiras.
Caminhando entre os chalés da estreita rua, tufos fumegantes exalam das suas chaminés. As lembranças adornam a mente do guerreiro, ele sente uma leve melancolia relembrando seu passado de pescador, da sua casa próxima as docas, dos seus amigos e da sua extinta família. Um vento frio sopra do seu coração, a única lágrima que escorre do canto do seu olho, congela sobre sua face de granito. Mas, isso é coisa do passado, ele agora pertence a outro mundo.
Um olhar mais atento, observa a criatura voando em círculos sobra a ravina, ali está o que Asgard procura. Sua caminhada termina no último chalé ao final da rua. Ele permanece por uns instantes parado em frente a porta, batendo repetidas vezes, nada acontece, nenhuma resposta, nenhuma alma viva, ali está a foto do abandono. No fundo do chalé brotam leves batidas, Asgard da volta salta sobre a sebe de folhas fortemente entrelaçadas, que protegem o quintal de lobos errantes, quando vagueiam em busca de alimento.
O arguto e letal guerreiro percebe sobre as folhas, restos de sangue carregado de odor de cravo.
Uma das janelas acoitada pelo vento bate repetidamente no peitoril de madeira, imediatamente ele pula para dentro, a penumbra não faz diferença, sua visão é igual à dos caninos que habitam as fileiras do maligno.
No pequeno quarto havia um berço destroçado, manchado de sangue e restos animais apodrecidos espalhados pelo chão, as paredes revelam algo estarrecedor, o odor é muito intenso, obrigando a ele encobri-lo com o manto que envolve seu pescoço. Asgard teme que Aros e Isabelle tenham sido atacados no meio da noite pelas criaturas, talvez elas os tivesse matado e levado seus restos para se alimentarem nas montanhas. O pequeno chalé cheirava a morte e angustia, havia ali uma presença maligna, gargalhadas infantis eram ouvidas vindas das profundezas escuras. A luz do ocaso banhava o horizonte com o tom escarlate, cobrindo as ilhas com a cor de sangue.