A MISTERIOSA VILA 36 - A QUEBRA DO TRATADO

A ansiedade e a expectativa atormentavam cada segundo da vida de Aros. Já se passaram muitos dias, e ele sabe que precisa entregar as crianças, e isso é algo inimaginável para Isabelle. A angustia e a dor lancinante no peito, lhe arremessam a um brutal conflito. O que fazer? Não cumprir o tratado certamente arruinará suas vidas. Aros se encontra diante de uma armadilha atroz. Diante do inevitável não há alternativa, porém ele decide ir ao encontro não de Asgard, e sim do velho cocheiro, mandará sua resposta e sua decisão.

Ao final do dia desembarca no cais do pequeno porto. O cheiro das escamas do pescado, e o balanço do passadiço, deixaria qualquer um enjoado, mas Aros é homem do mar já está calejado. Então segue direto para o grande galpão que fica ao lado das docas. Assim que chega na entrada, avista o cocheiro fazendo o serviço rotineiro, com um martelo e um bedame, tira lascas de madeira ajustando as rodas da velha carruagem de madeira. Aros se aproxima-se sorrateiramente, na intenção de fazer surpresa, mas o velho já havia percebido a sua chegada, e o interpela.

- Aros, como tem passado rapaz? Novidades?

- Sim, como me viu velho esperto? Responde Aros.

- Tenho olhos nas costas, mas o faz aqui?. Emenda o velho.

– Sim tenho novidades, mas dessa vez boas novas me trazem – Completa.

- Sente por aí vou lhe buscar um café quente, sei que está congelado? - Responde o velho.

- Agradeço meu velho um café vai me restaurar. Responde.

O velho vai até o fogão de lenha despeja o café fumegante em uma caneca de alumínio, Aros sorve um grande gole com prazer, mesmo com a língua queimada.

- Preciso novamente dos seus prestimosos serviços velho. Diz Aros

- Hum... – O velho acena com a cabeça em sinal positivo.

- Quero que vá até Asgard e lhe entregue esta carta, ela é tão importante quanto a minha vida. Assevera Aros.

- Sim, irei partirei amanhã ao amanhecer, não gosto daquele lugar, mas não posso negar o favor ao amigo. Responde o velho

- Agradeço por demais, lhe tenho grande estima meu velho. Completa Aros

- Não posso demorar, tenho que retornar urgente, partirei agora mesmo, adeus velho amigo - Despede-se Aros.

A conversa é breve, em seguida Aros se despede do velho, e sai em direção as docas desaparecendo entre os barcos que bailam ao sabor das ondas. No dia seguinte como prometera, o velho entrega a carta. O comandante abre avidamente papel e o lê quase em voz alta. O chão da grande fortaleza estremece sob seus pés, incrédulo Asgard, quase não acredita no que está escrito. Aros não atendeu aos seus chamados, e ainda acabava de quebrar o tratado. Nada mais restaria a fazer, não poderá mais protegê-lo. O capitão maligno é um pai obstinado, trará as herdeiras nem que para isso tenha que devastar vilas e campos. Aros e Isabelle, serão caçados como cães imundos, depois de capturados, serão jogados as masmorras podres dentro das entranhas escuras e úmidas do desfiladeiro, lá terminarão seus dias subjugados por criaturas infames.

Medo, desespero e morte, serão seus companheiros pelo resto dos seus dias. Asgard precisa encontrá-los antes do demônio, assim o castigo será mais piedoso.

Os herdeiras terão que voltar ao seu ninho, não poderia deixar as criaturas entre os humanos. Mesmo na inocência de crianças, aqueles seres são desprovidos de piedade e de sentimentos, ainda em idade muito tenra são capazes de esquartejar seres humanos e animais, para saciar seu repugnante apetite por sangue.

Asgard parte em direção a Kikivo, a caça teve inicio.