Neblinas do Passado- Sherlock Holmes
Neblinas do Passado.
Sérgio Ricardo de Carvalho.
Johnny dedicava-se ao estudo de Sherlock Holmes desde seus quatorzes anos, leu suas histórias várias vezes, esquematizou os detalhes, fez um esboço de cada caso resolvido, escreveu textos paralelos e leu de outros autores. Nada o convencia de que não existissem histórias ainda não contadas, escondidas em palácios, casas antigas, familiares do autor ou em cofres secretos.
Fez diversas viagens pelo mundo à procura de novos fatos, jamais o criador de Sherlock deixaria suas histórias se extinguirem, em algum lugar ele deixou enigmas, pistas de casos resolvidos não relatados oficialmente, ou não solucionados e não citados para que sua fama não diminuísse, mas, mesmo que existissem jamais faria isto.
Não é improvável que Conan tenha criado um enigma e não conseguiu dar fim ao caso, deixara de lado, ou simplesmente não gostou do que havia escrito.
Assassinatos ocorridos na época dos Jaquerie foi inspiração para alguns casos de Sherlock, percebeu isto ao comparar os fatos de imensa semelhança.
Teria que ir a lugares da Inglaterra que guardassem a arquitetura, a cultura da época de Sherlock, e eram inúmeros lugares.
Resolveu então ir com seu amigo inseparável Robert para uma pequena cidade não muito distante de Londres- ir às ruas que eram citadas nas histórias não fazia parte de seu plano, talvez uma passada rápida só para sentir o clima, em especial a Fleet Street-, apenas quarenta minutos. Era famosa por sua beleza e arquitetura, a pequena Kent.
Chegariam a Londres às 20 horas locais, pegaria o trem e antes das 21 horas estariam em uma de suas hospedarias.
A cidade era margeada por um rio, com obras de arquitetura ao redor formando uma paisagem única.
Na região que chamam de profundo Kent do lado leste temos o Castelo de Saltwood, a Catedral de Cantebury e ainda uma igreja medieval em Barham famosa por peregrinações que para lá se dirigem devido á sua beleza e história. Esses seriam seu foco. Nada encontrando vasculharia outros locais de grande importância.
Como previsto desembarcaram às 20 horas em Londres, a pontualidade britânica é sempre presente.
Ambos ainda se entusiasmavam em suas viagens, toda aventura é única diziam, mas aquele tinha um sabor especial, pois estavam decididos a encontrar escritos antigos em mãos de quem quer que fosse, gastariam o quanto necessário para ter o original.
Logicamente que nada falariam sobre o assunto, faria a investigação como meros curiosos por estar em terras de Sherlock.
A hospedagem The Evenhill foi excelente em seus serviços, mas assim que o sol nasceu já estavam tomando o café especial da pousada. Observavam os turistas e prováveis moradores das regiões vizinhas se apossando dos detalhes do modo de agir a fim de não transparecerem tanto que eram turistas novos na região.
Primeiro negócios depois diversão, lema que não cabe nesta bela cidade, nos dirigimos para andar de chalana logo que chegamos ao Rio Stour, o Sr. Peterson que as alugava contou que os fãs de Sherlock reuniam-se a céu aberto no The Duke of Kent. Estão sempre enfrente o quiosque azul claro, afirmou.
Uma hora espairecendo na calma do rio a conversa girou em torno das últimas viagens e ainda sobre os planos se conseguirem algo inédito. Na penúltima viagem foram aos estúdios de gravação do filme do Sherlock Holmes e compram muitas das vestes usadas na filmagem.
A mansão onde Johnny mora é recheada de tudo que lembra o detetive, desde obras de arte, textos originais, instrumentos utilizados por ele em filmes e muitas outras coisas.
Dez horas estavam ali enfrente o quiosque, falavam muito bem o inglês, mas ali tinham alguns termos próprios, poucos, mas os anotavam para utilizar com perfeição.
O cheiro de lanches sendo montados chegava até eles com impetuosidade obrigando-os a fazer um pedido de imediato. O sabor muda em todos os países pelo que passam e aquele tinha uma peculiaridade muito agradável ao paladar.
Riverson é o primeiro a sentar-se, logo os cumprimenta, trás consigo uma pasta que logo chamou a atenção de ambos. Na capa o nome: Sherlock Holmes.
Quando foram chegando os demais eles já estavam íntimos, divagaram sobre muitas histórias. Um e outro se apresentam até que todos sabem os nomes, parece que ali eles levam a sério o lado detetive que herdaram.
Todos conheciam alguém envolvido no passado com familiares de Conan, na esperança de conseguirem algo especial foram conhecer todos eles, mas nada de interessante foi descoberto.
Em meio às conversas Johnny percebeu que Mike, um dos presentes fizera um sinal para um da mesa, tentou entender o sinal, por isso fixou o pensamento nas palavras de seu amigo que depois soube chamar-se Dunkan, deve ser um apelido. Este citara uma jovem que estava sentada enfrente a outro quiosque de cor rosa escuro e ia começar a falar quando veio o sinal.
Na roda de amigos já eram 11 fora os dois forasteiros, a partir daquele sinal ele foi percebendo que o grupo estava ali para tirar a esperança de eles acharem algo importante, concluiu que sabiam quem eles eram e não queriam dar a ele a direção de como conseguir algo inédito. Mas como sabiam?
De certo suas viagens eram percebidas por alguém que se importava com sua ida a Londres. Havia no mundo que ele conhecesse dezesseis pessoas com pensamentos e desejos semelhantes aos deles, cada um juntava mais e mais dados, objetos, era uma competição pessoal, chegaram a espioná-lo várias vezes, mas frear uma investigação particular cheira a tesouro escondido que os outros não conseguem alcançar e que por algum motivo pensam que eles possam.
Johnny observa a saída da moça, faz sinal para o amigo e se levantam, não se despedem, sinal que voltariam. Seguem na mesma direção que ela, espera ela sair do campo de visão e a bordam:
-Bom dia senhorita!
- Bom dia, em que posso ajudá-los?
-Estamos a passeio pela região, somos fãs de Sherlock Holmes.
-Todos aqui o são, respondeu ela, sorrindo.
-Estamos tentando fazer contato com familiares do Conan, queríamos poder conseguir algum ineditismo, conhece alguém?
-Você é bastante direto, gosto disso, sou neta de Conan, mas não tenho nada em especial, somente rascunhos.
-Rascunhos??? Poderíamos ver?
-Vou confiar em meus instintos, algo me diz que será compensador.
- Garanto que sim senhorita...?
-Chame-me de Keith.
Prazer. A cumprimentaram devidamente e seguiram seus passos.
Na caminhada deixaram Keith abismada com tudo que conheciam e tinham do personagem de seu avô. Robert percebeu que estava sendo seguidos por Mike, sabia que não haveria perigo, mas para preservar o Keith informou aos dois e contaram a ela que não queriam que eles chegassem a descobrir algo, tratava-se apenas de uma competição particular.
-Sem problemas, nos despedimos, ele irá me abordar e o despisto, me esperem a 500 metros sob uma árvore de flores brancas.
Assim o fizeram, vinte minutos depois estavam novamente caminhando em direção à mansão que logo avistaram, destacava-se lindamente das outras da mesma rua e pelo visto de muitas outras.
Passaram o dia revirando anotações que ela guardava com muito carinho, de nada queria se desfazer, mas enchiam os olhos de ambos, no entanto nenhum ineditismo.
Keith: Vou mostrar a vocês algo que apenas duas pessoas já viram, não sei por que, mas acho que são as pessoas certas para desvendar o mistério dos escritos.
Com os olhos em lágrimas três casos, maravilhados Robert e Jhonny leem atentamente, ela não permite fotografia, foram três horas de puro êxtase, guardariam para si pelo tempo que fosse necessário, mas, tinham a certeza de que seria deles um dia.
Nas últimas páginas a revelação do porque não queriam que eles a encontrassem, um dos casos envolvia na vida real Bryan um dos colecionadores, na certa se perguntar a ela irá dizer o nome dele, mas não o faria, preservaria a vergonha da família.
Bryan sabia que ele reconheceria a história citada, e pelo jeito assim como ele não irá conseguir adquirir os escritos, mas esperaria o tempo que fosse, manteria a amizade com a doce Keith e quem sabe abriria seu coração para tão eloquente sonhador.