A fera
Todos os dias no caminho para a escola era sempre a mesma coisa. Eu precisava passar em frente àquele portão e ouvir rosnados enfurecidos e o arrastar de correntes.
Como o portão era feito com uma única chapa de ferro não dava para saber o que provocava àqueles barulhos assustadores, mas dava para imaginar que fosse uma enorme fera querendo pegar quem passasse por ali.
Era assustador quando eu lembrava que eu era única pessoa que passava naquele local. E eu sabia que se acontecesse alguma coisa comigo ninguém ia ficar sabendo. Eu não tinha alternativa. Esse era o meu destino...
Certa vez, ia pelo caminho de sempre, quando para a minha surpresa, o portão estava aberto. Pensei no meu fim. Nada eu poderia fazer contra aquela fera horrorosa. Que indecisão! Não sabia se corria ou ficava parada. Muitos pensamentos assustavam minha mente, mas eu precisava decidir e rápido.
Tomei a decisão de ficar parada, bem quietinha, quase sem respirar.
De repente, comecei ouvir o barulho das correntes e resolvi fechar os olhos para esperar a morte chegar. Senti, bem de pertinho, a respiração da fera e o barulho das correntes se aproximando cada vez mais.
Quando abri os olhos era um lindo cachorrinho, que apenas me cheirou e foi embora.