O homem e a noite
Andei um pouco perdido na noite, cheguei a pensar que a escuridão poderia apagar a luz que me ilumina, mero engano. Quando achei que iria cair na zona do inabitável, fui surpreendido por um belo nascer do sol.
Mas, as vezes penso, esse belo nascer do sol não existe, e as intermináveis noites que me encontro, serão constantes, não consigo imaginar que o sol voltará a nascer com seus raios a brilhar, sinto como se fossem enormes bolas de fogo que me atacam, como se o meu eu estivesse sendo jogado dentro de um vulcão em erupção.
A escuridão é traiçoeira, ela me faz lembrar de uma viagem ao infinito, quase que me levando ao caos, ao descompasso de um ser em conflito com sua própria existência, e chego a acreditar que não existo realmente.
A ausência de luz me constrange, meus passos ficam apressados, vou caminhando como se flutuasse, busco me encontrar num caminho que não existe. O uivado dos lobos é o único sinal que tenho de um mundo, onde as pessoas são vazias, tornando as noites cada vez mais temerosas.
O medo toma conta do meu eu, os meus conflitos internos me deixam esgotado, sempre imagino que estou chegando ao fim, ao momento que nada terá sentido, a não ser o meu medo. Ele sim me joga ao infinito da escuridão, são dias sem luz, como se apenas a noite existisse, e continuo a acreditar que a noite nunca mais me permitirá ver o sol nascer.