"O causo das pedras flutuantes" - Parte ll
A verdade é que naquela noite, ninguém sabia o que pensar. A única resolução partiu do fazendeiro: Chamariam, lá da cidade vizinha, o Padre Queiroz, que muitos diziam ter o dom de desvendar fenômenos sobrenaturais e de praticar exorcismo. Enquanto isso, toda noite as pedras flutuavam das paredes de barro e caíam no chão, feito provocação do além.
Alguns dias depois, numa noite de lua cheia, o padre Queiroz chegou na casa de pau a pique junto com o fazendeiro. Dizem que quando ele adentrou na porta, sentiu um calafrio daqueles e se benzeu. Olhou cada palmo do chão, das paredes, verificou o teto. Não teve dúvidas: Havia uma alma vagando por aquele lugar, sabe-se lá com que propósito.
Jorrou água benta em todos os cantos, e quando quis iniciar uma oração, uma ventania forte fez cair panelas dependuradas da parede, portas e janelas bateram, a toalha de mesa voou longe, como se fosse um fantasma desvairado no ar. No meio da confusão, somente o capataz foi capaz de ver um vulto estranho na janela e ouvir uma gargalhada, e neste instante, o pobre caiu sem forças no chão, com fortes dores no peito, olhos arregalados e estrebuchando muito.
Foi o tempo de a esposa correr em sua direção e tentar socorrê-lo, sem sucesso. Infarto fulminante. Antes do último suspiro, o capataz mencionou uma frase: "É o desgraçado do Genival"! (Continua)
* O Eldoradense