CAIXA ? - 2º EPISÓDIO - NALDO VISITA A FAZENDA MATTOS!
Continuação do episódio anterior:
Félix chega à emergência do hospital público da cidade fictícia: Trancados a Sete Chaves. Seu patrão não foi encontrado pelos médicos no local do acidente, e murmúrios de que ele possa estar morto já circulam pelo hospital. O capataz acorda na maca, e percebe que está aos cuidados de uma bela enfermeira, ele mexe-se, ainda sentindo dores.
- O que aconteceu?
- Você não lembra? Sofreu um acidente, e o trouxeram muito machucado no rosto até o hospital!... Não mexa-se, se recupere logo...
Ele estranha algo e leva as mãos até o rosto, envolto por ataduras e esparadrapos. Entra em pânico, e grita:
- Nãooo! Meu rosto, o que aconteceu, responda!
- Acalme-se Félix!...O senhor sofreu algumas queimaduras de 2 grau, até três centímetros dos olhos, pegando toda a boca, bochechas, orelhas e queixo. Passou por uma cirurgia delicada de recuperação da pele destruída...
- O quê você disse? Eu vou ficar desfigurado, é isso?
- Não..Vai ficar tudo bem, é só ter repouso e trocar os curativos corretamente! Logo, logo, seu rosto voltará ao normal, acredite!
Félix começa a arrancar a agulha do soro de seu braço, a enfermeira pede ajuda para tentar contê-lo, e tenta impedi-lo:
- Senhor Félix, pelo amor de Deus, não saia desse jeito... Alguém me ajuda aqui!
- Cala sua boca! ninguém vai me barrar nesse hospital... Eu vou me cuidar na fazenda... Quero saber o que houve com meu patrão, como ele está?
Dr. Dionísio Fontes entra na ala de emergência, e vem até a maca de Félix, com uma expressão séria, dirigindo-se a enfermeira:
- Por favor, saia e nos deixe a sós... Preciso falar com o Félix!
Félix fica curioso:
- O que houve, doutor? Qual é seu nome? Meu rosto! Ele vai...
- Seu rosto foi muito danificado, mas vai se recuperar... isso leva um certo tempo, mas não foi disso que vim conversar com você... Digo, não apenas sobre sua cirurgia!
Félix reage, mais assustado:
- Então... sobre o que é então, doutor?
- Meu nome é Dionísio Fontes, sou médico da família do seu patrão lá no Rio de Janeiro... Me chamaram para socorrê-los...
- UÉ!, senhor só soube do acidente, por quê? Mas eu mandei chamá-lo não por causa de acidente algum... foi porque o Seu Renato estava passando muito mal, acho que do coração...
- Peguei um jatinho particular o mais rápido que pude quando recebi a notícia do acidente... Seu patrão desapareceu, simplesmente... Não sabemos onde ele está, e se está vivo... ou morto!
Félix relembra o acidente, e fica preocupado com sua caixa misteriosa:
- Como é? Não acredito nisso, vocês fizeram o quê com meu patrão, hein?... Ele estava comigo naquele carro! E... espera aí: a mala, minha mala, alguém encontrou?
- Sim, havia uma mala na caçamba do veículo, que foi arremessada a alguns metros de distância quando o carro capotou...
Félix fica tenso, com medo de que seu segredo possa ter sido revelado:
- Tragam minha mala até aqui, eu quero ficar com ela... Não confio em vocês!
- Não se preocupe, ela está bem guardada e ninguém mexerá em seus pertences até o senhor receber a alta...
Félix se irrita, levanta de uma vez, arranca todos os fios dos aparelhos que monitoram sua respiração e batimentos cardíacos, segurando o médico pela camisa, muito estressado:
- Cala essa boca, velho miserável!... Manda trazer minha mala, ou eu quebro esse hospital inteiro até encontrá-la!
A enfermeira fica assustada com a fúria do capataz, e pede socorro:
- Gente, alguém ajuda a pegar esse homem, ele vai matar o doutor Fontes!
Os enfermeiros do hospital aproximam-se e conseguem dominá-lo, mas com muita resistência:
- Me larguem!... Me soltem, ou vão se arrepender, vocês não me conhecem ainda!
O médico, recompondo-se do susto, o encara e faz insinuações que levantam fortes suspeitas sobre o capataz:
- Aliás, o que fazia com aquela mala, hein? Estava fugindo, ou se demitiu? O estranho de tudo isso é que vinha trazendo seu patrão no banco do carona...
Félix tenta avançar para socar a cara do médico, mas é contido pelos enfermeiros, e levado pela polícia que é chamada até o hospital. O delegado ordena aos seus homens:
- O senhor deve nos acompanhar até a delegacia para prestar esclarecimentos sobre o sumiço de seu patrão, e sobre o acidente... De forma civilizada... ou teremos que usar a força para isso senhor Félix?
Félix não entende porque desconfiam de seu envolvimento no desaparecimento de Renato, e se acalma:
- Sim, claro... Eu os acompanho, também quero esclarecer esse mal entendido, eu também não sei porque meu patrão sumiu!
Os policiais saem com Félix para a delegacia da cidade, e todos voltam ao trabalho normalmente. Na delegacia, Félix jura que não sabe como o acidente ocorreu, e que apenas lembra-se de ver seu patrão sendo lançado para fora do veículo após a explosão.
- Eu só me lembro disso, delegado!...
- Certo!... Tem certeza, você está ciente de que falso depoimento e ocultação de testemunho é crime, não é?
- Sim, eu sei disso!... Mas tudo que lhe relatei é o que consigo me lembrar daqueles momentos de desespero... Eu estava correndo muito, não queria chegar aqui tarde demais para salvar o Renato... E, quando percebi, o carro já havia se chocado com o outro, não consegui controlar a direção e capotamos...o resto, senhor já deve saber.
O delegado faz um sinal pela janela para o policial da sala de custódia, e levanta-se:
- Então, por enquanto, o senhor tá liberado, mas não se ausente desta cidade, pelo menos até as investigações se encerrarem sobre o caso... o senhor é testemunha-chave, e poderá ser intimado novamente para depor a qualquer momento, entendido?
- Certo!... então, valeu aí delegado, estou às ordens pra que o senhor precisar...é só me chamar, mas posso ir para fazenda?
- pode, sim!... Só não pode viajar para longe, eu quis dizer, não saia dos limites da fazenda e nem de Trancados a Sete Chaves...
- Tudo bem, doutor, entendi tudo!... Então, até mais!
- Vá em paz, e cuidado hein!
Félix sai meio atordoado da conversa, e pega uma carona com amigo até a Fazenda... Chegando lá, ele se depara com Naldo, o homem que o salvou da onça:
- Não acredito!... O que esse homem tá fazendo por aqui de novo? Você perdeu a noção do perigo?
- Acalme-se Félix! Vim para conversar sobre a fazenda... Pretendo comprá-la... Eu andei pesquisando a região, e descobrimos que há metais preciosos nessa região... Onde está seu patrão?
Félix reage indignado, e mira a arma na direção do visitante. Uma voz feminina ecoa atrás do capataz, e ordena:
- Félix, abaixe a arma!... Agora
Ele sorri, sarcástico, virando-se e ficando boquiaberto com uma mulher jovem e linda:
- Quem é essa mulher; Vem me dar ordens também?
- Sou noiva do Renato, e você é o capataz, a quem devo dar ordens, abaixe a arma imediatamente!
- Acalme-se irmã, esse cara é um sem noção... Devia tê-lo deixado virar comida de onça... Matei a coitadinha, sem necessidade alguma.
FIM DO 2ºEPISÓDIO