Uma Noite Arrepiante
Uma Noite Arrepiante
Pensei em inventar uma estória para contar, porém lembrei-me de uma experiência que tive, quando era criança. Não só eu, como mais 04 pessoas.
Estávamos nós 05, na casa onde nasci. Eu, com 09 anos de idade, minha irmã, com 17 anos e mais três amigas, da mesma faixa de idade que ela.
Nossa mãe saía nas noites de quinta-feira, para uma reunião religiosa e deixava a minha irmã tomando conta da casa e de mim. Nossa mãe advertiu-a a não sair antes que ela retornasse ou quando meu irmão mais velho chegasse do trabalho e nesse momento nós o esperávamos chegar, sentadas na sala, jogando conversa fora.
Passados alguns minutos, nossa cadelinha começou a latir e olhamos para a escada que dava acesso à rua e vimos que o nosso irmão estava descendo-a com a camisa no ombro, como era de costume. Nossa cadelinha, quando sentia que a pessoa era conhecida, logo parava de latir, mas nosso irmão já estava entrando em casa e ela não parava, latindo cada vez mais forte, hora avançando, hora recuando como se estivesse com medo.Estranhamos o seu comportamento e mandamos que se calasse, mas ela correu em direção aos pés dele e tentou mordê-lo. Ele deu-lhe um empurrão com o pé e ela se afastou para debaixo do sofá, sem parar de rosnar.
Ele continuou, adentrando à casa, em direção ao banheiro e nós continuamos conversando sobre o comportamento da cadelinha, quando vimos a réstia da luz do banheiro que ele havia acabado de acender.Uma das amigas da minha irmã, sugeriu que subíssemos para ficarmos conversando em frente da casa e a minha irmã virando-se na direção do banheiro disse:
_ Políbio – esse era o nome dele – vamos subir, ok?
_ Hum.... – foi a resposta.
Trocamos olhares, demos de ombros e interpretamos sua lacônica resposta como um “sim”.
Nossa casa era um prédio de três andares, onde morávamos no andar térreo que ficava situado abaixo do nível da rua. O acesso à rua era feito após subirmos três lances de escadas. Pois é: subimos dois lances e quando chegávamos ao terceiro...AVISTAMOS NOSSO IRMÃO CHEGANDO DO TRABALHO!!!!!
Aturdidas, tentamos falar alguma coisa à medida que ele se aproximava, mas o susto foi tão grande que não falávamos coisa com coisa. A primeira a balbuciar uma frase coerente, foi a minha irmã que, muito nervosa, o inundou de perguntas:
_ O que você faz aqui? Como subiu? Você não estava lá em baixo? Como passou por nós?
_ Eu, hein? – respondeu meu irmão, olhando-nos como se estivesse vendo um bando de loucas. – Cheguei do trabalho agora! Estou morto de cansaço!
E passou por nós, ignorando a celeuma que se fez à sua volta e dirigiu-se à escada para descer para nossa casa. Mas, nós o impedimos de prosseguir e o convencemos de que realmente vimos “algo” ou “alguém” que se fez passar por ele.
Final da história: Ele também acabou ficando com medo de descer e ficamos todos na rua até a minha mãe chegar. Quando ela chegou, relatamos mais uma vez o ocorrido, mas ela não acreditou.
Descemos, com a minha mãe à frente e vimos logo na passagem pela vidraça da janela, que a réstia de luz do banheiro ainda permanecia acesa e ao entrarmos nada encontramos. De quebra, nossas mãe ainda ralhou conosco por deixarmos a luz do banheiro acesa desnecessariamente.
Bem, minha história pode não ser aterrorizante, mas naquela hora nossos cabelos ficaram de pé e até hoje, quando contamos essa história para alguém, ficamos arrepiadas.
Fantasma de pessoas mortas pode até ser um relato corriqueiro, mas de quem está vivo e testemunhado por 05 pessoas, foi inédito!
Quando completei 15 anos, após a morte do meu pai, tive uma nova experiência de arrepiar, mas..... isso é uma outra história.....!!!
Licínia Carvalho