O EXECRÁVEL

Meu nome é Edgar Assis. Sou um homem reservado de poucos amigos. Gosto dessa vida pacata que criei para mim mesmo. Gosto de acordar cedo e ir regar as plantas. Gosto de ver o por do sol, mas tudo isso faço sozinho. Não tenho esposa nem filhos, nunca tive paciência para ambos. Não gosto dos meus parentes e eles menos ainda de mim. Sou um homem rico com vastas propriedades. Ando pelas ruas e as pessoas acenam para mim. Os homens tiram seus chapéus quando me vêem e as mulheres sorriem e me devoram com olhares salientes. Os homens querem ser meus amigos e as mulheres querem ser minhas esposas ou minhas mates,mas não procuro nem um nem outro. Gosto de ser só. Eu me basto não preciso de mais ninguém. Eu janto no maior e melhor restante da cidade, peço a maior mesa e a tenho só para mim. Eu não gosto de crianças, gosto de pensar que já nasci adulto. Não gosto de pensar que eu fui um monstrinho. Não gosto de festas, não gosto de pessoas se encostando a mim. Não tenho tempo nem assunto para pessoas bêbadas. As musicas agitadas fazem meus ouvidos doerem e quando os homens se juntam para falar de negócios enquanto fumam... Isso me da nos nervosos! Fui forçado a ir a uma festa dada pelo meu não amigo e tão pouco colega Machado Colle. Nós estudamos juntos, mas isso não quer dizer que somos amigos, mas ele insiste que sim. Certa vez estávamos a estudar na biblioteca da faculdade, já era tarde da noite e tínhamos sono, mas tínhamos que estudar, pois tínhamos prova no dia seguinte. Então eu com minha mente jovial propus uma aposta idiota e absurda ‘’ se você roubar a prova de amanhã eu ficarei lhe devendo uma para o resto de minha vida. E você pode me cobrar e eu vou lhe pagar essa divida’’. Ele aceitou de imediato e eu achei que ele estava blefando assim como ele sempre fazia nos nossos jogos de poker, mas ele não estava. Eu me lembro como se fosse hoje, ele se levantou e girou nos calhares e saiu. Eu o vi passando pelo arco da porta e sumir na escuridão da noite. Eu voltei a enterrar minha cara nos livros e acabei adormecendo, minutos ou segundos se passaram e Machado estava sentado de frente para mim tomando uma taça de conhaque. Em cima da mesa havia um papel que não estava ali minutos atrás. Era a maldita prova. Eu gelei, soei frio, sorrir e fiquei com medo tudo isso em questão de segundos.

Eu quis saber como ele tinha feito para obter uma copia da prova, mas ele sorria e tomava o conhaque. Eu passei a noite toda me perguntando como ele teria feito para entrar na secretaria se tudo estava trancando? Ele não me contou, ele apena sorria e bebia. Voltamos a estudar agora com aprova em mãos. No dia seguinte fomos fazer a prova à sala estava cheia e dava para ver na cara dos alunos o desespero, mas minha cara e a do Machado eram feições falsas fingíamos está preocupados, mas por dentro estávamos felizes. Acabamos a prova em questão de segundos, mas propositalmente ficamos em sala de aula por duas horas. Esse foi o tempo que usei para pensar com ele havia entrado na secretaria e roubado a prova. ‘’ será que ele tem uma copia da chave?’’ ‘’ será que ele comprou essa prova do professor?’’ ‘’quem ele subornou para obter essa prova?’’... Nas férias fui para casa dos meus pais eu parei de pensar no roubo da prova comecei a pensar no meu futuro o que eu iria fazer dali em diante. Eu assumir os negócios dos meus pais e tripliquei minha herança. Hoje cedo recebi uma carta do Machado me convidando para um baile. Eu já estava pronto para dizer não quando li as letras minúsculas ‘’ você me deve. Hoje eu contarei como eu fiz para obter uma copia da prova ‘’ Meu coração acelerou eu pulei de alegria ate dancei sozinho, mas o tempo não passava eu queria que desse logo 19h30min. Era à hora prevista para o baile começar. Separei a melhor roupa o melhor sapato a melhor cartola e comprei uma bengala com cabeça de dragão. A noite veio como um ladrão. Olhei para o meu relógio de bolso marcava 19 horas, eu chamei uma charrete. O local da festa seria em uma mansão fora da cidade, metade da cidade fora chamada. A outra metade estava trabalhando na festa. O salão estava arrumado e as mesas cheias de bebidas e comidas. Fui ate o jardim a fim de arejar a mente. O jardim era belo e imenso. Havia uma estufa com vários tipos de rosas e outras plantas, mas o que mais me chamou atenção foi o a fonte que jorrava vinho. Havia casais com taças bebendo e rindo a toa. Um homem ousou enfiar a cabeça dentro da fonte, mas seus amigos rindo foram ao seu socorro. Um homem alto veio ao meu encontro, ele me disse que Machado estava a minha espera no escritório eu o seguir pelo salão ate o escritório. Eu entrei e Machado estava tomando conhaque, ele sorriu para mim como no tempo de faculdade ‘’ meu velho amigo’’ ele apertou minha mão. Ele se sentou na poltrona atrás da mesa e eu me sentei de frente para ele:

- Edgar, você ficou mais velho os fios do seu cabelo estão ficando branco como plantação de algodão.

- você também, mas seus cabelos estão negros como sua alma... Que dizer como a noite.

- como você esta meu velho amigo? Como você tem passado?

- eu estou bem... E estou passando bem obrigado por perguntar. E você?

- bem também...

Eu tava agoniado, mas por fora eu estava com uma aparecia lúcida, mas o louco dentro de mim queria sai e estrangular o Machado, mas ele percebeu a minha inquietude apesar deu não demonstrá-la. Ele tirou de dentro da gaveta três envelopes pardos e selados e os colocou sobre a mesa:

- dentro de um desses envelopes esta a historia de como eu roubei aquela prova

- eu posso ver?

- sim você pode meu amigo, mas você quer pagar quanto?

- desculpa-me eu não entendi sua pergunta, como assim pagar quanto?

- você me entendeu muito bem. Você esta disposto a pagar quanto pelo envelope? Dê seu preço meu amigo, mas o valor tem que ser a cima de dez mil.

- você esta bêbado homem? Ou enlouqueceu? Eu não vou pagar por isso eu não vou pagar!

Machado sorriu, ele gargalhou ate ficar vermelho e logo em seguida ele se levantou e saiu do meu campo de visão deixando os envelopes ainda sobre a mesa. Ele foi ate um armário e o abriu e tirou de dentro uma caixa de charutos. Ele, pois a caixa sobre a mesa e a abriu tirando um charuto de dentro e me ofereceu outro, mas declinei educadamente fazendo um gesto com minha mão. Então ele acendeu o charuto e tragou a fumaça, logo em seguida ele deu uma baforada a fumaça saiu por sua boca e por seu nariz e bailou pela sala e logo desapareceu:

- não quero te ofender meu amigo Edgar, mas eu não posso te contar essa historia você terá que pagar por ela. Assim que você pagar você vai saber o porquê.

- eu já disse homem eu não vou pagar nada! Se não quiser me contar não me conte, mas eu não irei pagar por isso. Eu não sou tolo... Confesso que por anos eu tentei descobrir como você tinha conseguido roubar uma copia da prova, mas isso já faz muito tempo. Eu tenho outras coisas para fazer.

- curiosidade... Eu sei que você quer saber com eu fiz para conseguir a copia. Sua mente está aí matutando. Seus olhos estão pregados em meus três envelopes. Sua mão coça não é mesmo? Isso é sua mente lhe perturbando.

- pare com isso agora!

Eu bati a bengala no chão e me levantei bravo, meus olhos estavam lacrimejando de raiva eu o encarei, mas ele não estava assustado, ele continuou a fumar. Então eu... Minha maldita curiosidade me fez abrir a boca:

- porque três envelopes?

- só uma delas tem a verdadeira historia, a outra não tem nada alem de uma folha em branco.

- eu posso comprar as três?

- não, apenas uma. Escolha agora

Eu me aproximei dos envelopes pardos e os toquei sentindo suas texturas ásperas. A curiosidade estava a minha porta assim como a maldade estava diante de Caim. Eu dei as costa e sair do escritório e fui embora da festa, mas estava arquitetando um plano eu pretendia roubar as três cartas. No dia seguinte eu contratei dois ladrões que viviam a roubar nas docas, paguei a cada um cinco moedas de prata, mas eles sumiram e nunca mais voltaram. Eu paguei a uma prostituta sete moedas de ouro para seduzir o Machado e quando eu a vi, ela já estava com outro cliente. Eu fui lhe tirar satisfação, mas o homem que lhe acompanhava me bateu e ela roubou minha carteira. Eu já não dormia e nem comia direito eu já não era mais o mesmo. Eu já não queria regar o jardim não sentia mais animo em ver o por do sol. Eu queria saber como ele havia conseguido roubar aquela prova. Eu tinha que ter aquelas cartas. Eu votei a faculdade e fui falar com o professor que nos havia aplicado à prova, mas ele já era um velho e não fala coisa com coisa, ele riu de mim todos na faculdade riram de mim. Meu Deus eu não era mais o mesmo, eu não sabia mais quem eu era... Eu me sentia como o capitão Ahab e Machado Colle era minha Moby Dick. Assim como o capitão fora vencido pela baleia eu fora vencido por Colle. Os homens nas ruas não tiravam mais seus chapéus quando me viam, eles riam e as mulheres debochavam de minha pessoa. Então eu fiz uma loucura... Eu tinha que saber como ele havia conseguido a prova. Eu me lembrei do que meu pai sempre dizia ‘’ se quer um trabalho bem feito faça você mesmo’’. E eu fiz, eu me hospedei no mesmo hotel em que Machado estava, mas fiz de tudo para ele não me ver. Eu aluguei um quarto ao lado do quarto dele. Eu sabia que horas ele chegava que horas ele saia que horas ele jantava ou recebia visitas. Eu paguei dez moedas pela copia da chave o gerente do hotel disse que não queria saber de problemas. Eu disse que iria pregar uma peça em meu velho amigo. Entrei em seu quarto mexi em suas coisas, mas nada das cartas. Ouço barulho da porta se abrindo, então eu entrei no guarda roupa. As luzes se acendem. Segundos depois ouço vozes vindas da sala:

- abaixe essa arma seu velho maluco – disse Machado

- eu paguei, eu paguei! Então me explique como você fez para roubar aquela prova – a voz era de um idoso bastante nervoso.

- você tirou o envelope errado.

- eu quero saber como você fez isso. Como você entrou?

Eu vi pela fresta da porta Machado e nosso antigo professor. O nosso antigo professor apontando uma arma em direção a Machado.

- eu já disse você perdeu sua vez!

- eu perdi tudo! Todo meu dinheiro... 35 anos se passaram e eu não sei como você fez isso!

- e não vai saber

O professor gritou antes de atirar. O tiro acertou o peito de Machado que caiu agonizando, o velho se aproximou e disparou mais dois. Eu sair de dentro do guarda roupa... Era pra eu te ficado. O velho me olhou e disse – não tem resposta filho não tem resposta – ele enfiou a arma na boca e me olhou, e eu apenas dei as costas e fui embora e assim que eu cheguei ao final do corredor eu ouvir o disparado e tudo escureceu.

sparrow
Enviado por sparrow em 27/04/2020
Código do texto: T6930540
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