EU... UM FANTASMA

Eu me senti estranho naquela noite enluarada quando voltava de um baile, estava sozinho, tinha ingerido bebida alcoólica e caminhava a passos lentos como se não tivesse pressa de voltar para casa. Olhei o relógio, passava de uma da madrugada, instintivamente me escondi atrás de uma parede de um imóvel antigo e às escuras. Senti um impulso de assustar alguém, mas naquela hora com a rua deserta era impossível satisfazer essa minha estranha vontade. Fiquei ali parado no aguardo de uma viv'alma para que pudesse concretizar o meu intento. Alguns minutos se passaram e para meu consolo um transeunte apontou no início da rua, abri um sorriso de satisfação e comecei a caminhar em direção a ele. Não pronunciei uma única palavra, apenas parei na frente do homem que não parecia estar com medo. Fiz gestos de tentar agarrá-lo, emiti um som esquisito usando todas as forças das minhas cordas vocais, porém nada fez com que ele se apavorasse. Não acreditei! Será que não me viu com toda aquela barulheira que fiz? O sujeito continuou seu trajeto como se nada tivesse acontecido enquanto eu fiquei com cara de tacho. Perdi a vontade de assustar quem quer que fosse, segui direto para casa enquanto a pessoa que eu esperava assustar dobrou numa esquina.

Chegando em casa procurei as chaves no bolso e não encontrei, mas quando dei fé já estava no interior dela sem precisar abrir a porta. Meu único recurso foi deitar e curtir a cachaça que devo ter tomado além da conta.

Moacir Rodrigues
Enviado por Moacir Rodrigues em 17/02/2020
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