A MISTERIOSA VILA 26 - 0 RESGATE DE ISABELLE
Estávamos diante dos aposentos de Isabelle, apenas a grande porta nos separava dela. Jamais conseguiria entrar na fortaleza se não fosse o conhecimento de Asgard e seus guerreiros. Era praticamente impossível alguém entrar por aquele lado, a morte ficava a cargo das íngremes escarpas dos paredões da encosta, só os próprios habitantes conheciam e acessavam e Asgard foi um deles.
- Apenas duas damas se encarregam da sua segurança. Disse Asgard.
- Não conseguiremos abrir esta porta, teremos que entrar pela clareira, usarei a corda para descermos ao aposento e resgatar Isabelle, talvez, precise matar as damas de companhia, mas isso você deixa comigo Aros.
- Você se encarrega de amarrar Isabelle a corda, e o Dragon irá içá-la até o teto, de onde fugiremos.
Como um bando de caçadores subimos por degraus de madeira até a laje de pedra. Olhei em volta e vi o abismo da encosta que se precipita até as águas escuras do oceano.
Asgard diz a Soren.
- Soren você vigia as redondezas, caso sejamos notados teremos uma batalha desigual e sangrenta.
Meu coração agora bate tão forte, que é possível escutar seu eco nos corredor. Era chegada a hora, não haverá retorno nem prisioneiros.
Da abertura da clareira olhei o interior do quarto, e observei que havia duas moças, uma delas sentada num móvel que parecia uma penteadeira, a outra cuidava de um guarda roupas. Suas aparências, eram normais, exceto, pela palidez das suas peles.
Isabelle, estava deitada na cama encoberta de cortinados meio transparentes. Asgard lançou a corda até um canto do quarto, e como um felino se lançou para dentro. Em seguida eu desci, assim que toquei no chão, uma das moças me olhou como se esperasse por aquele momento. Eu fiquei incrédulo com a sua atitude, ela simplesmente baixou a cabeça e agiu como não tivesse me visto, mas, a outra correu em direção a porta, Asgard a conteve. Ele não a machucou, apenas a conduziu de volta ao gurda-roupas, ela ficou nos olhando, e no seu olhar senti um certo ar de sorriso, certamente ela também nos reconheceu.
Nesse momento corri até a cama onde estava Isabelle. Puxei com vigor as telas que a encobriam, e quase me joguei sobre ela. Quase sem me controlar, coloquei minha mão sobre seus angelicais lábios, não queria causar-lhe um susto, ela poderia gritar. Lentamente ela abriu os olhos, e como se estivesse sonhando, me envolveu num abraço. Tremi de felicidade, meu coração transbordou, como uma cachoeira inundada pela enchente. Sem perder tempo, passei a corda por baixo dos seus ombros a amarrei, e lhe disse:
- Estaremos livres desse inferno em pouco tempo, segure-se firme não olhe para baixo. Fiz sinal para Dragon erguê-la. Ele a puxou em direção ao teto com facilidade.
Apos subirmos ao teto da grande clareira, iniciamos uma alucinante descida pelas escarpas, eu conduzia Isabelle com cuidado, Asgard mais a frente com o sabre na mão, atrás, Sorem e Dragon, o cão já estava bem adiantado farejando qualquer coisa em nosso caminho. De repente ouvimos um estrondo. Um corpo se precipitou no vazio do despenhadeiro, enquanto caia no abismo, batia nas pontas do penhasco, e produzia estalidos quebradiços, desaparecendo entre as rachaduras da encosta. Seu grito invadiu nossas almas, uma dor lancinante invadiu nossos o corações. Sorem, além de guerreiro valoroso, era um amigo fiel. Asgard fixou o olhar para a fresta onde seu corpo fora sepultado, as lagrimas inundaram seus olhos, banhando seu rosto marmorizado, pelo tempo. Silencio e estagnação. A voz grave e tremula de Dragon, nos trouxe de volta a realidade.
- Precisamos seguir, a perda é insubstituível mas, não ha tempo para lamentos, ainda há luz do sol, e isso nos dá a vantagem.
Tínhamos que chegar até o sopé do grande despenhadeiro sem sermos vistos, caso isso acontecesse, seria muito difícil escapar das criaturas que habitavam aquele inferno maldito. Ademais, agora somos três, as chances em confronto sem o bravo Sorem, podem significar a derrota, a morte, o fim de tudo. Desolados, continuamos descendo por entre as frestas da pedra da encosta, enquanto o vento uivava chorando desesperadamente a perda do guerreiro. Chegamos ao sopé, nosso barco não estava muito longe, mas, para alcança-lo, temos que flutuar nas águas perigosas. Bestas famintas, espreitam nas profundezas.