152 - Cento e Cinquenta e Dois
Arriscou e entrou no barco que metia água. Pouca, dizia o homem que detinha os remos. - Deixo-a juntar e quando se faz preciso normalizo tudo retirando-a com aquela lata. O passageiro olhou enfastiado a lata, sentou-se à proa e decidiu que não era problema seu tirar a água que entrasse no barco. O lago estava manso, o tempo bom, a outra margem não se via. Quando a água lhe tocou os pés, o remador suado indicou-lhe, com o queixo, a lata. Fez vista grossa e subiu os pés para o banco. A lata já boiava na água acumulada quando aventou a hipótese de ser também um problema seu o rombo do barco longe que estavam de tudo. - Se deixo de remar não chegamos, disse o barqueiro. Pegou então na lata e começou a retirar a água que era abundante agora. Acelerou o ritmo, praguejou, tirou a camisa, arregaçou as calças e não parou até que, extenuados, chegaram a nado ao cais onde era suposto que o barco atracasse.