A MISTERIOSA VILA 23 - INVASÃO A FORTALEZA

Duas noites se passaram no oceano frio e implacável. Quando finalmente na segunda manhã, nos aproximamos do nosso destino. Não demorou e avistamos a encosta do paredão de Kalle, ali estava a fortaleza do maligno.

Durante o dia, as feras estão se recuperando e não ousam sair com a luz do sol, apesar de serem meio humanos sua atividade é noturna. Corríamos perigo maior a noite, por isso era necessário permanecermos invisíveis em nosso disfarce.

O local é ermo e solitário, o silencio era quebrado, pelas ondas que batem no contraforte da montanha, o vento empurra assombrosa quantidade de água de encontro as pedras, provocando um estrondo parecido com trovões. Nenhum sinal de vida, uma mortalha de medo, se estende sobre aquelas encostas, nem mesmo as aves marinhas sobrevoam aquele local.

Contudo, naquele momento a letargia advinda do cansaço da atividade noturna, mantinha os olhos das criaturas semifechados. Isso nos dava alguma vantagem.

As inóspitas águas profundas da Bahia, emanam um cheiro de morte e desolação, ali pode-se desaparecer para sempre, sem deixar vestígios.

Asgard fala:

- Preparem-se nadaremos até da montanha, será perigoso, temos que ficar juntos até chegar ao sopé das rochas.

Sem fazer nenhuma marola, desembarcamos, a água estava cálida, e cada um de nós levava um pedaço de madeira, para ajudar na flutuação, exceto o grande cão. As armas pesavam, penduradas aos nossos corpos.

Os dois guerreiros, eram homens bastante grandes. Dragon deveria ter mais de dois metros, e mais de cem quilos, Soren era muito alto e magro, seus movimentos eram como os de um felino.

Flutuamos em direção a montanha, um sempre bem próximos uns dos outros, Asgard conduzia o cão na nossa frente, eu, logo atrás dele, e os outros dois atrás de mim. Flutuamos por mais de vinte minutos, em direção ao grande rochedo.

A uma certa altura Asgard murmurou:

- Fiquem imóveis nem respirem, aí vem o guardião.

Paramos de nadar e ficamos flutuando como troncos de madeira petrificados, mal respirávamos, então uma grande sombra, mais escura do que a própria noite, passou planado sobre nossas cabeças, como um fantasma. Alguns segundos depois ela retornou, desta vez, voou tão baixo que o sopro do bater das suas asas, agitaram a superfície da água e deixaram o cheiro de cravo, aquilo me era familiar, era uma espécie de identidade daquelas criaturas. O guardião era uma espécie de morcego gigante, que o capitão mantinha sob seu poder. Enquanto os zumbis dormiam, ele vigiava os arredores, na verdade eram os olhos da fortaleza.

Depois de passar sobre nós três ou quatro vezes, desapareceu entre as fendas do paredão. Mas, algo abaixo de nós me preocupou, sou pescador e conheço as criaturas do mar. Percebi que estávamos sendo observados por tubarões Tigres, estávamos em sua área de caça.

Agora o perigo estava sob nossos pés, poucas eram nossas opções. Assim, optamos por mergulhar na direção da montanha, o mergulho nos oferece uma certa proteção. O cão corria o maior risco, pois se mantinha nadando na superfície, entretanto seu tamanho intimidador o colocavam com alguma vantagem contra os tubarões, sem falar na rapidez que empreendia em seu nado. Mais uma ameaça nos confrontava, agora vinda das profundezas do Mar. Boca seca, coração acelerado, estávamos entre garras e presas, mais uma vez sentia o cheiro de sangue.