A MISTERIOSA VILA 21 - EMBOSCADA NA ILHA DO URSO

A caminho da fortaleza quase em meio a imensa baía, grandes ondas passavam nos elevando até seu topo, depois nos tragavam em seu cavado. Assim navegávamos em meio aos vagalhões que se precipitavam e explodiam contra os traiçoeiros rochedos do paredão, causando o estrondo dos trovões. A espuma se elevava a dezenas de metros alcançando os arbustos retorcidos que brotam das entranhas da montanha.

Asgard então diz:

- Não podemos enfrentá-los no desfiladeiro de Kalli, lá é seu elemento, eles conhecem cada canto da fortaleza, eu vivi lá dentro e sei que será muito difícil derrotá-los em seu ambiente.

Iremos para a Ilha do Urso, em Norueguês (Bjørnøya). Urso é uma formação rochosa que pertencente ao território de soberania norueguesa Svalbard. Completamente desabitada, a ilha já fora visitada pelos Vikings. Diz a lenda, que o seu nome provém de um urso-polar, ali visto a nadar e andar sobre ela. Bjørnøya é apenas uma pedra em meio ao oceano que emana solidão.

A noite polar dura de 8 de Novembro, a 13 de Fevereiro e o período de visibilidade do Sol da meia-noite vai de 2 de Maio, a 11 de Agosto. Como estávamos no mês de julho, Isso nos serviria de grande aliado, pois as criaturas são noturnas.

Asgard continuou:

- Temos que atraí-los para esta ilha, pois aqui é um labirinto de tuneis sob a rocha.

Continuou:

- Vamos mostrar a eles o verdadeiro inferno.

Chegamos a remota enseada pedregosa, um local ermo e assustador, atracamos com muita dificuldade. Em seguida pegamos os sacos de comida, caixotes com artefatos de batalha, entramos nos dois pequenos botes de madeira, e desembarcamos na praia de conchas. Fomos direto a uma grande abertura na rocha e adentramos na caverna, essa entrada fica de frente para a enseada, com vista para o mar aberto. Descarregamos as caixas com o material no interior do grande salão, sobre seu piso de areia. Todos exaustos buscamos algum descanso deitados no chão, alguns se sentaram sobre as pedras. Sob os clarões insistentes dos relâmpagos, e urros dos trovões ecoando dentro da caverna, esperamos o dia amanhecer.

Quando dia clareou, o cocheiro acendeu uma fogueira e começou a preparar nosso desjejum. Após uma caneca de café quente, Asgard nos invocou atenção, e começou a falar sobre o plano na prática.

- Ficaremos aqui pôr o tempo que for necessário, vamos conhecer cada recanto dessa ilha, cada encosta, e cada buraco dessas paredes.

- Todos prontos? perguntou Asgard.

- Sim respondemos quase que ao mesmo tempo.

- Vamos preparar-lhes as boas-vindas.

Então, saímos em direção ao labirinto de tuneis, salões escuros e úmidos. Somente o velho cocheiro ficou cuidando do local e dos viveres. No início da caminhada houve alguma dificuldade de locomoção devido a escuridão, mas, depois de um tempo, nossos olhos se acostumaram, e andamos com mais firmeza e rapidez. Enquanto andávamos Asgard indicava os locais onde ficariam as mortais armadilhas. Uma vez dentro da caverna aniquilaremos todos, mas, para isso, o mais difícil ainda estava por vir, sequestrar sequestrar Isabelle.

A batalha uma vez iniciada, não terá retorno, será a vitória ou a morte.

Eu perguntei a Asgard.

- Como ele faremos isso? - ele me respondeu apenas o seguinte:

- Faremos isso juntos.

Em cada buraco malcheiroso, em cada passagem do submundo úmido daquela caverna, instalamos armadilhas letais. Era quase impossível andar naqueles corredores sem se ferir. Mas, o nosso objetivo era sangra-lhos e aniquilar a todos. Depois que as armadilhas foram devidamente instaladas e armadas, cada guerreiro tinha em si apenas uma vontade...matar.

Mas, Asgard ainda tinha uma carta na manga, ninguém sabia até aquele momento. Ele se dirigiu ao homem que parecia ser o mais velho do grupo e disse:

- Soren, me acompanhe, o resto de vocês aguarda aqui. Vou até o barco buscar os cães.