Varanda 2
No conto “Varanda” há citação de um personagem, Sinval. O Seu Sinval. Fora assassinado ao retornar para casa.
Na esquina, próximo de onde morava, havia uma mercearia, uma venda. Nas sextas-feiras lá se reuniam alguns bebedores, conhecidos – e estranhos.
Iam conversar, descontrair. Um espaço democrático, informal. Sinval tinha amigos lá.
Quando estamos em bar, ou outro ambiente, bebendo uma, o tempo voa, passa sem a gente perceber.
Lá pela meia-noite, Sinval foi embora, para casa. Morava perto, uns 100 metros dali. Havia recebido o salário, era motorista de uma funerária.
Tirou a carteira do bolso, ali estava seu salário. Retirou uma nota de R$ 50. Pagou a despesa.
Havia dois homens na mercearia, bebiam. Viram que ele estava “cascalhado” (com dinheiro).
Sinval saiu, ia para casa descansar. Naquele horário a rua estava deserta, sem nenhum movimento.
Os dois desconhecidos o seguiram, discretamente. À porta da casa (de Sinval) os estranhos o abordaram.
Um deles com uma faca. Queriam seu dinheiro. Sinval reagiu, partindo para agredir um deles. O que estava armado lhe desferiu um golpe, no peito. E mais um. Fugiram – e nada levaram dele.
Sua mulher, Helena, ouvira o grito do marido. Foi à porta – encontrou o marido no chão, sangrando.
Começou a gritar. Os vizinhos socorreram a vítima.
Chamaram a ambulância. Mas foi constatada a morte.
Era pessoa querida, calma. Os conhecidos gostavam dele. Bem, sua mulher vendeu a casa, devido ao trauma que teve.
Quem a comprou foi um cidadão de nome Rômulo – esse que viu as sombras de, digamos, um fantasma na parede da varanda (pátio) da casa.
Sim, tudo como narrado no conto “Varanda”. O casal (Rômulo e Betânia) viu um homem caminhando, próximo da esquina, a esquina onde havia a mercearia, a venda – e onde Sinval costumava beber cerveja.
O estranho rapidamente dobrou a esquina, desparecendo, sumindo, sob a pavorosa e medonha escuridão.
Provavelmente era a alma dele, Sinval, vagando pela rua, sem rumo.