Ligação de Sangue
Estávamos sozinhos em nossa casa, apenas eu e meu irmão.
Estranhamente, eu me encontrei dispersa no corredor de nossa casa.
Quando me dei por si e virei-me, vi meu irmão cercado por pessoas. Elas utilizavam mantos negros que iam de seu rosto até o pé e proferiam palavras que eram inaudíveis para mim.
Aquilo me deixou apreensiva.
Chamei pelo nome de meu irmão. Ele parecia preocupado, mas minha voz fazia-se tão imperceptível que nem eu mesma conseguia ouvi-la.
Meu peito se apertou quando percebi o sangue que estava em derredor de meu irmão e daquelas pessoas. Eles estavam dentro de um círculo de sangue que era delimitado no chão. Levei minha mão até a boca, eu estava confusa e espantada.
Tentando entender o que se passava ali, percebi que o círculo de sangue estendia-se até onde eu estava, fazendo outro círculo.
Quando percebi que eu estava inclusa nisso, minha mente balbuciou:
“Você será a próxima”.
Minha mente paralisou, eu não sabia o que fazer.
O que estavam fazendo com meu irmão?
A cada momento que a apreensão crescia, meus dedos tremiam.
Ele não me ouviria; ele estava totalmente disperso como se estivesse em transe.
Optei por uma fuga, mas eu me recusava a aceitar essa opção como única escolha.
Pensei e pensei, mas nenhuma solução parecia-me apropriada o bastante.
Quando por fim, os lábios daquelas pessoas pararam de se mexer, percebi que era a minha hora.
Ao perceber isso, minhas pernas, instintivamente, começaram a se mexer.
Saí daquela casa num pulo. Minha mente rodopiava.
Em frente a minha casa tentei processar o que ocorrera, mas era difícil.
Um sentimento de culpa dilacerante pousou em meu ser.
“Eu abandonei meu irmão”.
A culpa era tanta que decidi voltar para ajudá-lo, mas mudei de ideia ao ouvir um grito.
O grito era alto o bastante para ser ouvido pela vizinhança inteira; um grito tão alto que fazia-se perceptível de quem era.
Meu irmão…
Recuei, por medo, ao ouvi-lo.
Lágrimas pousaram em meus olhos.
Eu fugi, por fim.
O que me esperava a partir de agora, nem eu mesma sabia.