Ela, a ansiedade
E mais uma vez ela sentia o ar escapar de seus pulmões.
Não entendia o que acontecia: simplesmente se perdia no meio de um turbilhão de pensamentos que saiam de seu controle.
Por que ela precisava passar por isso? Algumas pessoas se escondiam atrás de coisas mas ela não. Não havia tido uma infância ruim ou passado por graves problemas familiares. Não havia tanto motivo pra tantos sentimentos tão confusos.
Ansiedade. Descobrira por acaso que esse era seu problema. Uma palavra tão usada para coisas triviais, como se isso fosse somente uma grande vontade de algo que acontecesse ou o sentimento de esperar algum evento.
Mas era mais que isso. Era um turbilhão de pensamentos seguidos por gigantescos hiatos em que não conseguia pensar em nada e se sentia completamente sozinha. Vazia. Era uma solidão dolorida. Todo seu corpo respondia a ela. Se sentia em uma caixa que ia se enchendo de água aos poucos. Era assim que começava.
Os olhos pareciam não ter foco e piscar era algo automaticamente rápido. Então as mãos se tornavam pegajosas e frias. A boca seca acompanhava tudo, mas a ardência dos lábios rachados não era nada comparada com o fogo que ardia em suas vias aéreas quando o ar passava. E os pulmões? Pareciam inundados por água salgada, como se ela estivesse se afogando em um mar revolto na escuridão da noite. E ela nem conhecia o mar..
Ela queria se libertar disso. Precisava se libertar de todos os sentimentos que não faziam com que a vida dela ficasse tão complicada.
O marido era sua base. O filho era o ar que mantinha suas crises amenas. Mas tinha dias em que não adiantava. Sentia o corpo pulsando e o sangue correndo quente e rápido nas veias.
Parecia que o coração ia explodir.
Mas ela passava. A ansiedade sempre ia embora.
E voltava.