ELISABETH, A MULHER DIABÓLICA

Richard estava prestes a sair quando de repente o telefone toca. De início pensou em não atender, pois era frequente os trotes, mas acabou cedendo. Repetiu “alô" três vezes e ninguém respondeu. Bastante irritado, pegou sua pasta de documentos e saiu batendo a porta com força.

O dia estava chuvoso e quase na metade do caminho Richard decidiu parar e esperar a chuva cessar. Ficou debaixo de um trailer e logo ao seu lado havia um homem. Vestia um terno e chapéu preto. Olhava fixadamente para Richard, deixando-o assim, mais irritado. O homem aparentava ter em torno de 50 anos. Seu olhar era profundo e intrigante. Richard respirou fundo, olhou para o seu lado direito e percebeu que a chuva já estava dando uma trégua. Não pensou duas vezes e saiu de onde estava e da presença daquele homem misterioso. Andou cerca de três quadras até chegar no ponto de ônibus. Richard tinha uma audiência no Centro da cidade. O dia tinha tudo para ser o mais estressante do ano (já estava sendo), já que a audiência se tratava de um processo contra ele.

Foi no dia 14 de Julho de 2017. Richard estava voltando de uma festa familiar em seu carro. A estrada naquela noite estava escura, pois tinha faltado energia pelas redondezas. Havia uma curva complicada durante o trajeto que necessitava de uma atenção redobrada dos motoristas. E foi exatamente quase chegando nessa curva que Richard recebeu uma ligação. Sem pensar no perigo, Richard se virou para o banco do carona e pegou o celular, não vendo que logo na sua frente, a poucos metros, havia uma mulher parada próximo ao acostamento. Richard se enrolou e acabou atropelando-a. Ele prestou os socorros, mas uma semana depois do ocorrido, devido ao impacto bruto da batida, recebeu a notícia de que a mulher havia ficado com algumas sequelas. Andaria ela pelo resto de sua vida com dificuldades. E não foi diferente, Elisabeth, de 30 anos, hoje caminha com suas muletas, gerando para Richard uma intensa “dor de cabeça”.

Elisabeth sempre fora uma mulher ambiciosa, atraente e de caráter duvidoso. Ninguém sabia muito sobre sua vida, era um tanto misteriosa. Era viúva e só tinha uma filha (Elisandra). O marido havia morrido em casa depois de ter sofrido uma convulsão. Depois disso, Elisabeth se mudou para o Centro da cidade com sua filha, vendendo a casa que era avaliada em torno de R$ 300 mil reais. O marido era empresário e lhe proporcionava uma boa vida.

Em 2017, o ano do ocorrido, houve uma audiência meses depois. O juiz na época havia determinado que Richard pagasse um valor de R$ 1.500 reais por mês para Elisabeth. Esse valor seria para suprir os gastos com remédios e fisioterapia que Elisabeth necessita até hoje. Mas não satisfeita com o valor e tomada pelo ódio de em plena a sua juventude ter que andar com muletas, Elisabeth, sem que Richard soubesse, abriu um processo contra ele alegando que o valor recebido já não estava suprindo suas necessidades e que depois de ter ficado viúva sua vida já não era a mesma, o que era mentira.

A audiência estava marcada para 13:00 H da tarde, Richard chegou às 12:30 H. Sentou no banco junto com seu advogado e era nítido que estava furioso. Ele conhecia bem o caráter de Elisabeth. Então, seu advogado percebendo seu estado emocional, pediu para que ele se acalmasse, pois tinha uma grande surpresa para revelar ao juiz. Richard olhou curioso, mas logo a audiência começava.

Elisabeth foi a primeira a depor e como de esperado, começou a chorar antes da fala. Parecia comover somente o juiz (era o que queria). Ela olhava e gesticulava com dificuldade dizendo que não estava mais aguentando a vida que levava. Dizia que os gastos estavam sendo exorbitantes e que sua vida foi perdida depois do atropelamento. Richard não se conteve e levantou, mas logo foi contido por seu advogado. O juiz deu uma pausa de 20 minutos e logo chamou Richard para depor.

Ele alegou que durante os dois anos, desde o atropelamento, tem ajudado a vítima no que foi decretado e muito mais além. Nunca deixou de pagar a quantia estipulada na época (o que não era mentira, pois tudo foi comprovado). Alegou também que não tinha condições de pagar mais, pois seu salário não era tão alto e ainda tinha uma filha para sustentar, o que também não era mentira. Tudo foi provado por seu advogado no ato do depoimento. Enquanto Richard falava, o advogado de Elisabeth se levantou e alterado quis interromper o depoimento, pois percebia que estava perdendo a causa, mas tudo foi em vão, Richard continuou seu depoimento sobre olhares diabólicos de Elisabeth.

E passando mais o menos uma hora depois do depoimento de Richard, o juiz deu novamente uma pausa de 20 minutos. Durante o intervalo, o advogado de Richard pegou algumas folhas de sua pasta e parecia que estava colocando todas em ordem. Richard perguntava o que era a tal surpresa, mas o advogado manteve-se em silêncio até a retomada da audiência.

E chegando nos momentos finais da audiência, o advogado de Richard pegou os papéis que havia separado e entregou nas mãos do juiz. Aqueles papéis nada mais eram que extratos bancários da conta de Elisabeth. Neles comprovavam que ela recebia por mês uma quantia de R$ 20.000 mil reais. Esse valor nada mais era do que do seguro de vida deixado pelo marido falecido.

Perplexo e diante dos fatos, o juiz deu o caso como encerrado e decretou que o valor que Richard pagava fosse reduzido, passando para R$ 400 reais mensais, afinal, Richard de certa forma foi imprudente enquanto dirigia e deveria dar sim uma assistência a vítima apesar de tudo. Elisabeth havia sido desmascarada naquele momento. E em meio a uma crise de fúria, sobre gritos de vingança saiu do tribunal. Richard voltou para casa com um sorriso largo no rosto, afinal, sua despesa foi reduzida.

Passou uma semana e tudo parecia estar em paz, mas quando Richard decidiu sair de casa numa quarta-feira para visitar alguns familiares e contar sobre a decisão final, aquele homem misterioso apareceu novamente. Dessa vez, quando ele estava parado em uma lanchonete. O homem sentou em um banco de frente para Richard e começou a observá-lo. Furioso com aquilo, Richard decidiu tomar satisfação, mas sem sucesso, pois o homem não deu a mínima. Foi então que Richard pegou seu carro e partiu rumo a casa de seus familiares.

No trajeto, o carro começou a dar alguns problemas. Richard parou próximo a uma esquina e abriu a parte da frente do carro. Passaram-se 10 minutos quando Richard foi surpreendido com 3 facadas nas costas. Ficou caído no chão, sangrando, quando um rapaz que estava próximo chamou a ambulância. Testemunhas que estavam no local disseram que foi um homem todo de preto.

No hospital, Richard estava lúcido, apesar das fortes dores que estava sentindo. Recebeu a visita de seus familiares e uma notícia intrigante de seu advogado, que também era muito seu amigo. Richard soube que Elisabeth foi presa por homicídio. A história de que o marido havia morrido por uma convulsão foi invenção. Elisabeth havia matado seu marido e enterrou o corpo próxima a uma ribanceira de uma estrada. Richard se perguntava a todo instante como isso só foi descoberto depois de tanto tempo, já que o marido havia falecido a 2 anos atrás.

O advogado explicou que na verdade Elisabeth já era suspeita, mas não tinham provas o suficientes para prendê-la, então o caso havia sido arquivado. A descoberta foi feita por um investigador que retomou o caso, que era muito amigo de Daniel Salazar (advogado de Richard).

Foi exatamente no dia 14 de Julho de 2017. Elisabeth motivada pela sua ambição, matou o marido dentro de casa com a ajuda de seu tio. Sem saber o que fazer com o corpo, decidiu enterrar o mais longe possível. Com a ajuda de seu tio, enrolou o corpo em uma lona grande e colocou no porta malas do carro. Elisabeth cavou um buraco fundo no meio da estrada, próximo a curva em que foi atropelada por Richard, jogando o corpo lá. Depois de alguns minutos, exausta, parou próximo ao acostamento.

Richard ainda perplexo com a notícia, disse que sempre desconfiou daquela mulher àquela hora da noite no meio da estrada, não era nada comum naquelas redondezas pessoas trafegando, na verdade, nem existia faixa para pedestres. Richard ainda contou que no dia do atropelamento viu uma pá e um homem todo vestido de preto, que na verdade, era Vladimir (tio de Elisabeth). O ajudante do crime e o responsável por atentar contra a vida de Richard a mando de Elisabeth por pura ira e vingança.

Richard se recuperou em 3 meses e foi intimidado para testemunhar no julgamento de Elisabeth, que foi sentenciada a prisão perpétua junto com Vladimir.

- Francielly Fernandes
- 18/07/2019
Francielly Fernandes
Enviado por Francielly Fernandes em 18/07/2019
Reeditado em 20/07/2019
Código do texto: T6698959
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