A banheira
A banheira já estava quase cheia quando ela começou tirar seu roupão. Espreguiçou-se e começou pensar na vida. Seus filhos, seu trabalho que perdera, seu marido. Seu marido!! Que ela acabara de saber que a traíra. Que ódio sentiu! Entrou na banheira e afundou o corpo e a cabeça. Que renovador!! Quão relaxante era! Levantou-se e pegou um secador, que estava próximo. Ligou-o pra testar pois depois o usaria. Recostou-se na borda da bandeira já cheia e começou a pensar. Ainda bem que tinha os dois filhos que a faziam companhia. Pois o marido agora já seria uma questão de conversar seriamente. De repente começou sentir-se péssima. Seria ela quem tinha errado em algo com o marido? Não! Ela sempre fora fiel a ele e ele apronta isso com ela. Então uma dor de cabeça começou tomar conta dela. Uma raiva. Ela perdera o emprego há poucas semanas e agora isso. Que raiva! Olhou para o secador e pensou em jogá-lo na banheira e pronto! Tudo estaria acabado. Aquela vida sofrida. De repente lembrou-se dos filhos. Ficariam órfãos. Não! Por eles ela não desistiria da vida. Eram sua paixão. Depois do banho os levaria pra passear, tomar sorvete, comer algodão doce... Mas o seu marido iria pagar caro pelo que fizera a ela. Será que ele a estava traindo há muito tempo? Seria recente? Não importa. Resolveria isso com ele mais tarde. Afundou na banheira novamente. O secador de cabelos estava perto. Escorregou pra dentro da banheira.
O disjuntor não desligou.