O 21º Degrau- CLTS 07
“Existem verdades
que só podem ser ditas
através da Arte...”
Passava das 15:30 e Luzia já dava sinais de uma contida ansiedade. O café, servido com um pouco de chantilly, estava frio e quase intocado. Alguns homens a olham de uma mesa próxima, ela pensa que talvez seja o vestido, ou não, os homens a olham desde sempre. Ela sabe que nenhum deles acreditaria em sua virgindade se soubessem sua idade, e nenhum deles faz seu tipo. Em sua bolsa, um livro pesado, de capa escura, está guardado. Sua Bíblia de estudos está em cima da mesa, devidamente marcada em vários pontos, pontos esses que ela esperava serem talvez esclarecidos quando quem ela esperava chegasse... ela não conseguia acreditar... esse contato entre eles parecia algo até impossível...
Luzia, antes de sair de casa, certificara-se de ter tomado os comprimidos na ordem certa. A ordem, faria toda a diferença... o tempo era fator determinante. Tarjas pretas sempre a confundiram. O último, não fora bem um remédio, não como almejou Albert Hoffman, porém o selo colorido e amargo que tantas vezes repousou abaixo de sua língua, tornara-se essencial para sua cura... afastaria as sombras em definitivo... um pouco de bem-estar antes que...
A cafeteria, na orla de Maceió, está iniciando seu momento de pico, nas mesas, casais de jovens, famílias, sorriem deleitando-se com a beleza da praia de Jatiúca. Luzia, aguarda... mesmo sendo tarde, a Lua brilha como se fosse noite...
Mas ele, a pessoa a quem ela esperava, havia dito que estaria às 13 em ponto no local marcado através de um amigo, e Luzia achava que seria uma indiscrição liga-lo, apesar de o número de celular que tinha sempre dar desligado. Ele era um homem reservado, certamente tinha uma agenda a ser respeitada, além da idade avançada, o que o tornava ainda mais respeitável. Só o fato de ele estar recebendo-a, com a ajuda imprescindível do Bispo Jeremias, era prova de que sua fé estava sempre trabalhando para que ela encontrasse a cura de todo o sofrimento que a seguia, as imagens nunca deixaram de persegui-la... aquela sombra se esgueirando quando ela entrou no quarto naquele dia... sangue... muito sangue... lembranças ressecadas... o livro a salvou... salvou sua alma imortal...“De repente... ele precisou de qualquer coisa... mas se tiver de ser, meu Deus, será...”, ela pensava, mas ainda assim passava-lhe pela cabeça que o Mal também tinha seus métodos de intercepção... tentando desvia-la... torna-la impura... bastava ver os olhares lascivos que vinham do lado...
Um navio cruza o horizonte...
Próximo dali, no píer que se encerrava na barraca incendiada, algumas crianças de rua estão brincando de se esconder. Eles veem uma mulher sentada numa das cadeiras queimadas... estão curiosos.
- Será que é aquela mendiga de novo?
Luzia também vê as crianças ao longe, sente falta de filhos que não teve... um clarão surge do fundo do mar... a luz, se aproxima... salta da água...
- Com licença... mil desculpas... - um homem alto e magro, de bermuda e regata, se aproxima apressado, na mão, uma cerveja em lata - É você a Luzia, não é? Que bom... segui a instrução sobre a cor do vestido... me desculpe mesmo... não costumo me atrasar... que cartão de visitas, heim? - seu olhar é sério, embora esteja tentando ser simpático.
- Imagina... pra mim foi uma honra espera-lo... é uma enorme satisfação poder ter esse privilégio... senhor Mohamed... sou grande admiradora de seu trabalho... tô muito feliz que tenha aceitado o convite... - Luzia, com o coração aos pulos, respondeu com um sorriso e um aperto de mãos, e ambos se sentaram em cordial hierarquia. Ela está impressionada com o choque de suas impressões, talvez tivesse subestimado suas expectativas. Mesmo grisalho, o escritor não aparenta ter os setenta anos que sua biografia dizia...
Os homens da mesa ao lado continuam a olhá-la, dessa vez parecem ainda mais interessados. Um deles chega a apontar para ela. Outros riem como se achassem algo de estranho no que veem.
A estudante de Psicologia e fervorosa cristã, realmente falara a sério com o homem, Mohamed Calisto, descendente de árabes, escritor um dia reconhecido, agora, esquecido por todos, e que diante dela, parecia alguém precisando de ajuda. O rosto abatido, a barba por fazer, olheiras profundas e dentes estragados. Ela consegue sentir o odor forte de suas axilas. Só que homens ordinários não escreviam o que ele havia escrito... seu último livro, de 50 anos atrás, publicado sob o pseudônimo de Osíris II, “O 21º Degrau”, continha fortes elementos relacionados a ritos ocultistas secretos, e causou certo choque de início na crítica literária nacional da época após ser lançado por uma editora de selo independente que declarou falência pouco depois. Sua carreira meteórica tornou-se como uma lenda cult entre estudantes de Literatura e interessados em misticismo. A mãe de Luzia, que fora assassinada por seu pai (que logo após suicidou-se) quando ela ainda era criança, conhecera o trabalho do autor ainda na faculdade, e guardara em segredo sua última obra, junto a um diário, encontrado anos depois pela filha órfã por acaso durante uma mudança, e o livro virou o enigma de sua vida desde então. Ele estava repleto de anotações da mãe. Luzia o havia lido e relido durante anos, e agora almejava concluir seu curso com uma tese inusitada sobre a influência da Literatura na psique humana. Poder encontrar o autor era algo impensado, como um sonho, o capítulo final, a conclusão de seu estudo. Mas além disso, encontra-lo seria sua cura...
O livro, que tinha 379 páginas, fora considerado desconcertante, impróprio para pessoas em “formação”, e o autor acusado de ser tendencioso e apologista em sua construção e tese por diversos grupos religiosos que procuraram os meios de comunicação à época do seu lançamento chamando a atenção para a obra, que logo virou assunto entre círculos literários dada a densidade da trama, intrincada e articulada com o propósito de fazer o leitor tomar a decisão de abdicar de sua existência terrena espontaneamente ao término da leitura... uma proposta perturbadora.
À parte o mérito criativo do autor, ex-professor de Teologia, o que se percebia no livro era uma forte carga emocional, passível de diversas interpretações. Havia anos uma obra de arte não recebia tamanha enxurrada de processos e acusações vindas de milhares de leitores indignados com o que se ensinava na trama, dizendo se tratar de rituais de magia, obscenidades, encantamentos proibidos, sugestões que estimulavam a juventude aos maus hábitos e todo tipo de desvirtuação e perversão de sua inteligência. Sua temática envolvia diversos estudos, desde pontos de vista sobre política, antropologia, cabala, esoterismo, seitas, sacrifícios infantis, orgias, técnicas de expansão da consciência, até a afirmação categórica sobre estarmos vivendo a maior de todas as ilusões por não subirmos os “20 Degraus”, propostos em forma de exercícios diários de autoanálise, meditação, respiração, concentração, dieta, postura moral, espiritual e que se bem assimilados e realmente vividos, segundo o narrador, um ser místico chamado “Manhdoru” (que contava sua última experiência na Terra) trariam a percepção real da verdade e consequentemente a constatação assombrosa sobre o que somos sem termos consciência disso. O narrador afirmava, como conclusão de sua longa abordagem, que o “21º Degrau”, o derradeiro na busca da verdade das verdades, surgiria naturalmente diante dos olhos dos praticantes atentos ao livro e sua mensagem oculta... e os libertaria... mas nem todos o entenderiam.
Só que após sua publicação, em Fevereiro de 1969, foram registrados dezenas de suicídios de leitores em diversos estados do Brasil, que deixaram cartas para suas famílias onde diziam ter encontrado a “verdade” pelas palavras de “Manhdoru”, fato que repercutiu na mídia estrangeira como mais um caso de “seita new age”, o que acelerou o processo de censura da obra após um rápido trâmite, algo comum quando se referia a “liberdade de expressão”, mas a questão adentrara em outras esferas. Seus dois livros anteriores, um de contos e uma novela experimental, também foram retirados de circulação e o autor ficou conhecido apenas num pequeno círculo de admiradores, não sofrendo nenhum tipo de pena, exceto a segregação de seu trabalho. O autor decidiu exilar-se em sua fazenda no norte de Alagoas durante anos, tornando-se com o tempo apenas uma sombra, chegando ao total anonimato. A questão era: até onde ia a Arte e surgia a mais profunda verdade ou injúria em seus escritos? Por que tamanha perseguição? Ela conseguiria saber? O que esse livro tinha de especial oculto em suas linhas?
Luzia achava que já sabia... a chance da prova estava ali.
- Privilégio? Sério? Estou encantado... muita bondade sua... as últimas pessoas que conversaram comigo sobre minha obra queriam me linchar... Acho que temos ainda algum tempo pra perguntas, não temos? - o homem olha a hora - Fique à vontade, moça. Conheço Jeremias há muitos anos... devo-lhe muitos favores... do tempo que ele ainda não era nem pastor dos pobres... se é que não se ofende... vocês são da mesma Igreja, não são? Jeremias hoje dirige uma BMW... uau... isso é que é fé... Ele me falou muito bem de você... então tô aqui por ele e por você... gosto de pessoas esforçadas... ele disse que já está quase concluindo seu curso, não é? Disse que você é muito dedicada... ajuda muita gente. É Letras ou o quê que cê faz? Só não me diga que é Jornalismo...
- Sr. Jeremias é como um pai pra mim... um homem bom... santo... eu diria... eu tô terminando Psicologia, senhor, com fé em Deus... ele e eu sempre conversamos muito e foi então que soube que vocês se conheciam... e isso pra mim foi como um sinal... desde que li seu livro, presente de minha mãe, dediquei à sua obra a tese do meu TCC... vi em seus escritos algo de um apelo psicológico único e sem precedentes na Literatura... acredito que até além da arte... chega a ser metafísico... suas palavras podem curar... e creio que o senhor foi vítima de uma certa tirania... - Luzia consegue perceber algo como um desconforto no homem um tanto tímido em suas expressões.
- Mas o que é ser santo? - o escritor põe a mão no queixo e a olha interrogativo, parece não ter ouvido as últimas palavras de Luzia - E Deus, pra você, é o quê? Que tal começarmos por aí? Psicologia, não? Acho que você ainda é muito nova, não sabe de muita coisa. Não estou lhe desafiando ou subestimando, moça, tenha certeza, é que sou bem direto, até que percebo que talvez não valha à pena, entende. Serei direto, então. Se quiser conversar sobre o meu livro, conversamos, mas de antemão vejo que sua fala demonstrou uma postura que me leva a crer que ao longe uma leve inclinação ao “domínio” pode pautar suas perguntas sobre o que quer saber sobre “O 21º Degrau”... ele é um livro pra quem quer se libertar... não para ovelhas... Você o leu, não leu? O sentiu? Menos mal... vi que você não o trouxe... seria bom revê-lo... acredite, não possuo nenhum exemplar desse trabalho. Isso soa um pouco confuso, eu concordo, mas me lembro pouco dele... Quer que fale sobre ele, pelo que entendi, não é? Só que a verdade é que... já não posso mais falar... entende... escrevê-lo já foi o suficiente... não pedi os créditos nem as ofensas, nem que acreditassem em minha ficção... ou que me esquecessem... entende, mas... posso ser objetivo se você me ajudar... e breve, o que é mais importante pra mim, ainda tenho algumas coisas a fazer hoje. Bem, se não for assim, talvez meu tempo seja ainda mais curto com você... com todo respeito, é claro... não costumo conceder entrevistas e tenho falado pouco com psicólogos... tenho medo de voltar a escrever... e tudo voltar... - o homem olha para os lados enquanto acena e pede um café à garçonete.
- Desculpe meu mau humor... - o escritor fala e tenta um sorriso - é que ultimamente não tenho saído muito. Nem bebido... nem me preocupado com livros... ultimamente, não tenho feito nada... então me dano a falar... falo como se não estivesse aqui... esperando os ouvidos certos...
Luzia sente algo como um medo de que o que acredita seja verdade, ou coisa da sua cabeça. “Por que ele finge? Está tentando saber o que penso... não posso emitir essa onda... o segredo é minha vibração...”
- Não sei como responde-lo, senhor... talvez com sua ajuda eu consiga... Podemos começar, então, Sr. Mohamed? Se importa se eu gravar nossa conversa? - Luzia abre a Bíblia de estudos e põe o celular ao lado. Ela sabe que não pode perder mais tempo, o efeito da mistura toma seu corpo... calafrios eletrizantes... no peito, um calor dourado... mas ela sabe que ele pode querer fugir...
- Gravar a conversa? Por quê? - o escritor parece incomodado - É claro que não me importo! (ele ri) Mas... por que não começamos falando logo de seu problema com o que seu papai fez? Pode começar a gravação... gata... Mas agora lembrei que deixei alguma coisa escondida nesse meu livro... é.. isso mesmo... Mas... sim... seu papai perdeu a cabeça, não foi? Jeremias me contou tudo... você não leu o livro... fale a verdade... diga logo o que quer de mim... achou o que deixei ou não? - o homem fala e toma um longo gole do café.
Não havia mais tempo... tinha que ser rápido... as pupilas de Luzia se dilatam... as mesas do café agora são mesas de uma taverna antiga... a esfera do sonho finalmente chegara em definitivo... benditas sejam as tarjas pretas...
- Algumas letras... em seu livro... estão grafadas com uma fonte um pouco maior... - Luzia parte decisiva, o tempo está se encerrando - só percebi isso após a sétima leitura... então, marquei e juntei todas... e tudo ficou claro...eu encontrei sua mensagem... senhor... e agora, quero a verdade...
O homem parece petrificado. Seu olhar denuncia uma expectativa sombria. Um ricto soturno desponta mostrando dentes cariados.
- O que ficou claro, ovelha?
Uma respiração profunda e tudo ao redor pareceu silencioso, não mais se ouviam as conversas animadas, nem o soprar do vento que balançava os coqueiros. Luzia havia se preparado para aquele momento com a fé de um mártir...
- “Cognitionem meam current... Adadon nomen tuum et notum totam... Ut serpens ad initium... Potestatem Ego habeo tibi..."* - e o encantamento foi lançado como uma seta certeira. A mensagem em latim, dava poder ao pronunciante...
O escritor está de olhos arregalados. A lata em sua mão é amassada enquanto com a outra mão, ele aperta o próprio pescoço. Os homens da mesa ao lado se interrogam com a cena, o escritor agora se bate em espasmos, parece vítima de um ataque epilético. Com as duas mãos na nuca, ele dá um forte golpe com a cabeça na madeira maciça da mesa. E outro. Outro. As xícaras e a Bíblia de Luzia caem no chão. As pessoas ao redor estão assustadas. Um sangue viscoso, escorre por sua testa. Em seus olhos, um brilho diferente surge... por entre os dentes manchados e apodrecidos, uma língua fina e alongada sai de sua boca como se de uma toca...
- Apenas fale... rastejante... o que por direito preciso saber... - Luzia retira o livro que antes estava na bolsa e o ergue para o homem, que já não é mais um homem... sua pele agora reluz e listras escuras contornam seus braços. Ao redor, o silêncio da taverna é absoluto. No lugar de um homem, uma selvagem serpente de olhos vermelhos a fita com malícia...
- O que você quer... o que você precisa, ou o que eu quiser? Os que chegaram até aqui antes de você, ao longo das eras... sempre quiseram saber a mesma coisa... você é igual a todos? Existe um último passo pra cada um de nós... - a serpente fala. Onde antes uma praia ensolarada se estendia sob olhares maravilhados, há um deserto vermelho e causticante... o céu azulado deu lugar a um cinzento crepúsculo, feixes alaranjados emanam das dunas que circulam a mesa, que agora é um altar...
O mundo de Luzia se descortina... a dimensão onde só ela existe...
- Segui todos os passos... subi os vinte degraus... agora, preciso dar o último passo... guie-me, Serpente... até o 21º degrau... - Luzia já não consegue sentir o corpo, ela sente como se a energia que a sustenta desejasse sair... uma atração irresistível em direção do ser mítico a consome... um desejo diferente... uma sensação que vinha de baixo...
- Essa Criação perecerá... e já está escrito... eu vi Tudo... o Início... estive lá quando o Pai se sentiu só... e fomos deixados por vocês... crianças imperfeitas... perdidas em meio ao não-saber... criando infinitas formas de se explicar... conduzidos pela falta de uma direção... confiando que tudo que acreditam é real... aprendendo desde sempre a anular a dádiva de serem filhos do Único... desconhecendo o próprio corpo e suas leis... a natureza e seu ritmo... destruindo a si e aos outros como processo natural de sua evolução utópica... dependentes do ouro... do prazer... sujeitos à paixões... e nós sempre estivemos entre vocês... e vocês não veem... tolos... amontoados de ossos fadados a virarem comida para vermes... e nós... rebaixados ao ponto de apenas servirmos para servir aos propósitos Dele... Ele que Sabe de Tudo... - a serpente se locomove e em um piscar já está enrolada no pescoço de Luzia.
-Tradições foram escritas ao longo das eras... pra guardar a “Uma Verdade”... o limite criado para delimitar seu entendimento é tão somente o inevitável retorno à Origem... vocês não sabem quem são... iludidos com o que conseguem tocar e ansiando por conquistas materiais... guardam em si a Chave do Bem... e do Mal... e a semente da Eternidade... mas serão para sempre condenados à cegueira... enquanto não olharem para dentro... desde o pecado original... até que se cumpra o Tempo... Deus sempre vê tudo porque ele está em seu próprio olhar... e tua condenação nada mais é do que teu próprio julgamento... o Fim é o Início... a verdade, não pode ser dita... apenas vivida... Essa, é a Única Lei... Viva a Verdade... - e a serpente deslizou sobre o ventre de Luzia, que de olhos fechados, despiu-se diante das palavras proferidas... seus seios descobertos, simbolizavam a entrega necessária... para uma outra vida... o sexo exposto e intocado, é um portal para o Eterno...
Por entre suas pernas, a Serpente penetra... a barreira flexível que revestia o vestíbulo, é rompida em sua pureza...
***
As crianças que brincavam no píer deram o aviso a um policial que passava. Logo, o IML foi acionado, e alguns curiosos se aglomeraram querendo saber do que se tratava.
O que ficaram sabendo foi que o corpo de uma mulher fora encontrado com manchas de sangue entre as pernas na barraca incendiada, ao lado do cadáver, um cachimbo e diversas cartelas de remédios estavam espalhadas próximos a uma Bíblia e um estranho livro de capa escura. Ninguém conhecia ela da região, estava sem documentos, mas fora achado em um de seus bolsos receitas emitidas por psiquiatras de vários Estados. Suspeitava-se que ela tivesse morrido após uma tentativa de aborto, mas a saliva grossa que escorria por seus lábios também levava a crer numa possível overdose, o lugar era conhecido ponto de consumo de drogas. O policial, Cabo Fernandes, antes de a perícia chegar, sentiu-se compelido a abrir o estranho livro que vira, e quando o fez, ficou intrigado com a introdução da obra.
- “O 21º Degrau é Deus... uma decisão... viver, ou não... pra viver... Decida.” - o policial lê em voz baixa - Bem... vejo que estava fazendo uma ótima leitura moça... mas... um livro com todas as páginas em branco? Como ler algo assim? Seja lá o que tiverem feito a você, que Deus o perdoe... às vezes nos encontramos com demônios nessa vida... você era muito linda... - e ele fecha os olhos dela.
E embora houvesse sangue em seu corpo, foi constatado que ele não era seu, e que sua virgindade permanecia intocada... Cinco dias depois, o corpo da mulher não identificada, fora enterrado como indigente... e do livro que ela trazia, nada foi mencionado...
Sabe-se apenas que o Cabo Fernandes se suicidou em sua residência um mês depois...
FIM
* “Meu conhecimento é tua corrente... sei teu nome Adadon... e agora quero toda a verdade... Serpente me leve ao inicio... tenho poder sobre você agora...”
Obrigado por vir até aqui....
TEMAS:DIMENSÕES PARALELAS/SEGREDOS RELIGIOSOS