DO OUTRO LADO DA RUA

DO OUTRO LADO DA RUA

Onde ou como tudo teve início não sei dizer, a única coisa que circundava meu ser, era a certeza de estar confuso. Creio que minha combalida memória deve estar a me pregar uma peça, esse foi meu pensamento de imediato.

Nunca fui de fazer distinção entre as pessoas, credo, condição sócia econômica, idade, religião, posição política, preferência futebolística, esportes, cor da pele ou qualquer outra mesquinharia cultivada pela humanidade, sempre procurei me cercar das pessoas pelo seu caráter. No entanto não posso negar que carrego como um expressivo fardo desde petiz a imensa dificuldade que tenho em memorizar o nome das pessoas de pouco convívio, juntar o nome com o rosto, dificuldade ampliada, lembrar de pormenores ocorridos piorou.

Encontrei-me mesclado a uma multidão, de pessoas algumas de rosto familiar, mas a maioria não, multidão essa composta por todas as idades, poucas crianças, homens e mulheres, jovens outros de meia idade, os velhos predominavam. Estávamos todos de um lado da rua, frente a um portal muito bonito do outro lado, nele não havia nenhuma inscrição. A fragrância que inundava essa rua nunca havia invadido minhas narinas, a beleza ao redor era indescritível, em minha memória talvez um tanto em devaneio, não conseguia buscar lá no fundo por mais que me esforçasse lembrar que meus olhos haviam pousado em um local tão encantador. Apesar do grande numero de pessoas, não havia musica, mas, tão pouco alarido inerente e peculiar em multidão, barulho algum parecia incomodar a mim e aos demais..

Intrigante foi me aperceber de que após o umbral, nada podia ser visto com definição precisa, parecia que tudo se desvanecia após a entrada desprovida de portão. Ao lado junto ao pilar esquerdo estava um senhor de boa aparência, rosto bondoso, levemente sorridente, com muita gentileza e boas maneiras indicava a entrada aos que pelo umbral adentrava, dizendo apenas seja bem vindo. Postada em pé do lado direito havia uma senhora, com finos gestos, muito delicada e amável, apontava para um dentre a multidão, a pessoa atravessava a rua, recebia um caloroso abraço e entrava portal adentro.

Em dado momento essa senhora olhou-me de forma carinhosa, apontou para mim, fazendo sinal para que eu me aproximasse. Com passos firmes e seguros, sem demonstrar minha ansiedade, atravessei a rua. Estando junto dela recebi um abraço tão reconfortante que quase me fez levitar, com um leve e doce sorriso ela me disse, pode entrar, chegou sua vez, você está sendo aguardado... Intrigado sem nada entender questionei a gentil dama...... quem é a Sra.? Ela me respondeu. Sou a pessoa encarregada pelo Nosso Criador de receber os que já cumpriram seu papel terreno....

nestorfelini
Enviado por nestorfelini em 26/04/2019
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