VALE DAS FLORES - CARTA V
Carta V
Tailândia, 27 de maio de 1958
“Juan,
Temos boas notícias. Encontramos nossa filha! Os deuses sejam louvados! Ela estava na floresta como quem vai no caminho em direção a Rua dos Fogos. Não consigo descrever a alegria que estou sentindo! Essa carta eu estou te escrevendo do Vale das Flores. Ao chegarmos aqui todos os refugiados ja tinham chegado antes cada um com sua barraca.
A harmonia voltou. Posso abraçar minha pequena e ver seus dentinhos sorrindo outra vez. Que abraço apertado eu dei nessa menina quando achei. Como eu e seu pai choramos ao ve-la naquela floresta. Ela só está meio caladinha, mas seu sorriso me diz que o pior já passou e que tudo vai ficar bem. Sim, tudo vai ficar bem. Estamos juntos novamente.
Já consigo vislumbrar um futuro melhor. Nosso único problema são as feras que, pelos rumores, ainda podem querer devorar algumas pessoas que entrarem na floresta para caçar. Mas estamos seguros aqui até segunda ordem do exército para nos levar para outro lugar. Tem um soldado aqui chamado Kamin Bhotfar que trabalha somente nessa área.
Fora isso, ouvi dizer que vocês estão ganhando a guerra e que já estão voltando. Ah, como isso acendeu a chama da esperança em meu coração. Seu pai foi te encontrar no porto de Laem Chabang. Enquanto isso eu ficarei te esperando com nossa pequena Eleonora e todos os demais refugiados.
Estamos no Vale das Flores. Fica na entrada da cidade de Bágvata.
Estranho que não achamos o supermercado aqui. Mas seu pai irá caçar em paz agora.
Sempre existe esperança de restauração, meu Juan. Sempre. Vamos recomeçar nossa história.
Com amor,
Sua mãe Jadhina.”
Continua...