O TEMPO É QUEM MANDA cap 4
Capítulo 4
_Andamos muito e além da família da Rafinha e a mãe do Bentinho não encontramos viva alma nas ruas. Nas casas era só silêncio. O único que a gente viu zanzando por aí foi o guarda de trânsito. Ele apitava de cinco em cinco minutos e a gente não tinha como saber se tava preso ou não. Mas ele não falou com a gente então seguimos adiante sem olhar pra ele.
O Basto não tinha seguido ninguém. Estava no banheiro quando a turma saiu por isso ficou ajudando a mama na cozinha. Mas disse
_Gente, acho que vocês precisam saber uma coisa. Quando eu vi a turma, saí correndo e subi a escada. Quase cai porque vi uma coisa no alto do morro. Refletia muito e apagava. Achei que era o observatório que o Tonhão tava construindo.
_Sim nós também vimos o laboratório aceso. Algo brilhava la dentro. A gente acha que o Tonhão é meio maluco por isso achei prudente passar longe de lá.
_Fez bem, Joel. Mas alguma coisa mais te chamou a tenção lá?
_não, acho que não.
_Epa, a mim chamou sim.
_O que foi Alex?
_O laboratório do Tonhão balançava como se fosse levantar voo.
_É eu percebi isso também.
_Porque não falaram isso naquele dia Roger e Miguel?
_Pô cara, A gente tava junto e eu tive medo.
_Eu também. Se o Miguel que é mais corajoso teve medo...
_Vou mais além. Naquela hora eu vi uma geringonça que o Tonhão tava construindo girar bem veloz. E depois parar. Nem perdi tempo em explicar para o Alex, o Miguel e o Roger porque não entendo lhufas do que o Tonhão faz.
_Mas eu sim, falou o Basto. Ajudo o Tonhão nas horas vagas e ele sempre me dá alguma coisa gostosa pra eu comer.
_O que exatamente o Tonhão ta fazendo la em cima, Basto?
_Olha próf, exatamente eu não sei. Só sei que o cara cismou que quer sumir daqui se o mundo entrar em guerra, se o planeta entrar em crise por causa do efeito estufa. Vive falando em guerra, calor, enchentes, calotas polares derretendo e sempre fala que não quer ta aqui pra ver. É maluco, mas me da coisas gostosas só isso.
_Aposto que ele ta inventando uma máquina de reconstruir o mundo.
_Que nada Joel! Ele diz que não quer estar aqui!
_Isso mesmo Basto. Também acho que não é isto.
_Ta então é o que inteligência rara?
_Ei não precisa apelar com o joão Lucas, Eleô, que ele não é Expert em ciências mas ninguém aqui também é.
_Desculpa próf.
_Tudo bem Eleô. Palpites são bem vindo de toda a sorte. Quem sabe algum destes palpites nos leva a resolver esse mistério.
_Verdade Marcelly, foi um comentário inocente do Joca que nos levou a saber que o tempo andou uma hora.
Foi aí que todos se assustaram comum grito vindo do corredor. Era o Resma.
_Euréca!
_Cáspita bambino! Quer fazer parar o meu cuore?
_Desculpe Papa Leopoldo, acho que descobri o mistério. Mas acho melhor conversar a sós com o próf, a Marcelly e o Basto.
_Porque, Resma?
_É queremos saber o que você descobriu.
_Joca e Rick, perdoem esse chapa aqui. É que as ideias ainda estão confusas e preciso que eles me ajudem a colocar no papel. Depois a gente explica melhor.
Todos ficaram bastante agitados. Uns achavam que era injusto e que eles deveriam saber também e outros compreendiam porém ficaram curiosos e debatiam qual seria a descoberta do menino. Papa Leopoldo precisou agir com eles. Separou os grupos e os mandou pra cidade atrás de crianças e adultos livres pra resgatar. Uma parte atrás de recursos para a cozinha da mama Natalina.
Quando a escola ficou em silêncio, os 4 se recolheram ao laboratório de informática e puseram se a conversar de portas fechadas.
_Bom estamos a sós agora, pode falar Ricardo.
_Gente é o seguinte. No meu jogo há uma quadrinho que é uma espécie de máquina do tempo. Quando o boneco entra nele desaparece e recomeça o jogo do início. Isso me fez pensar que talvez o Tonhão esteja tentando construir uma máquina do tempo. Porque ele não quer ficar aqui pra ver as catástrofes que segundo ele estão por vir. E se ele voltasse no tempo cada vez que uma catástrofe estivesse por acontecer ganharia tempo. Não é isso ou estou maluco?
_Fantástico!
_Show de bolas menino, matou acharada.
_Eureca mesmo cara!
_Que cara maluco! Será que ele conseguiu construir a máquina então?
_Parece que sim, Murylo. Só que pelo jeito o tiro saiu pela culatra. Das duas uma. Ou ele fez alguma coisa errada que o prendeu e a máquina ta retornando sozinha ao ponto de partida a cada cinco minutos ou ele ta tentando corrigir e por isso ta acontecendo essas andadas pequenas do sol.
_Sou pela segunda opção Marcelly.
_Eu também, Basto. Se é assim precisamos ir até la para ajudá-lo ou mesmo tentar libertá-lo. Será que você consegue lembrar de alguma coisa do trabalho dele que nos ajude a consertar a máquina?
_Duvido. Eu apenas conseguia as coisas pra ele e carregava ferramentas. Ele falava sozinho o tempo todo mas eu não entendia lhufas do que dizia. Termos técnos né próf?
_Técnicos! Sim são isso mesmo as coisas que ele falava. Pode apostar nisso.
_Próf e se a gente fosse agora mesmo pra lá?
_Melhor não. As crianças podem nos seguir e será difícil conter muitas crianças e pensar ao mesmo tempo. Fiquemos aqui tentando saber como construir uma máquina do tempo. Será que a internet ta funcionando?
_Duvido.
_Estaca zero?
_Não é bem assim...
_Porque Ricardo?
_Próf eu sempre fui um curioso dessas coisas. Salvei umas coisas aqui no PC sobre esse assunto. Deixa eu procurar.
Mas Resma demorou umas duas horas pesquisando e nada de encontrar o que procurava.
_E então Ricardo?
_Não ta aqui. Ou alguém apagou ou eu pesquisei em casa.
_É melhor ir pra sua casa então.
_Não. Acho que posso ir até la por acesso remoto.
_O que é isso Resma?
_É uma maneira de a gente invadir o computador que quizer querida.
_Você é um hacker?
_Não. Mas sei fazer isso direitinho. Aprendi com o prof de informática. Você faltou as aulas da tarde?
_Não posso vir a tarde. To ocupada com minha pesquisa sobre folclore.
_Bom deixa eu fazer isso. Vou vistoriar meu pc. Espero que ele esteja ligado.
Passou uns dez minutos e ele chegou a conclusão de que o pc estava desligado. E resolveu ir em casa. Pra não ir sozinho levaria o Basto.
_Leva meu pendrive que este assunto me interessa. Assim passamos pro pc da escola outra vez. Vão com Deus meus filhos.
_Valou Próf.
_E nós Murylo?
_Nós temos um certo assunto a tratar.
Sorriram um para o outro. Agora tinham esperança. Murylo nunca deixara Marcelly ter certeza de seus sentimentos porque não queria ser acusado de pedofilia. Mas sabia dos sentimentos dela e resolveu conversar sobre isso com ela. Tinham que esperar se quisessem ficar juntos. A conversa seria longa e dolorosa, mas se houvesse amor verdadeiro da parte dos dois o futuro seria maravilhoso. Precisava deixar as coisas claras para ela. Estava disposto a esperar. Queria saber se ela estava disposta a esperar também.
continua...